Os três elementos mais antigos da Mala Voadora nasceram em Moçambique. Um é o Jorge Andrade. Apesar de ter vindo para Portugal com 4 anos, em Moçambique (o espetáculo) ele propõe-se construir uma autobiografia como se tivesse vivido em Moçambique toda a sua vida. E para que a sua história se torne credível, vai ter de impô-la à História do país. Como o teatro documental só tem interesse se contar mentiras, Moçambique traz imagens efetivamente documentais para o contexto ficcional do teatro, ficcionando-as de um modo que não visa a verdade. Visa antes, como um romance histórico, inventar uma história cujo contexto advém da História. Jorge Andrade fará parte da História de Moçambique.
A mala voadora foi fundada em 2003 por Jorge Andrade e José Capela, ambos responsáveis pela direção artística da companhia. Divide a sua atividade entre a criação de espetáculos, a programação de um conjunto de atividades centrado na mala voadora.porto e ainda outras atividades, como a publicação ou a pedagogia. Para além de Portugal, a mala voadora apresentou espetáculos na Alemanha, Bélgica, Bósnia Herzegovina, Brasil, Cabo Verde, Escócia, Estados Unidos da América, Finlândia, França, Grécia, Inglaterra, Líbano e Polónia. A mala voadora continua fascinada com o artifício – a contranaturalidade que define aquilo que é especificamente humano e que pode atingir a condição daquilo a que, artificiosamente, se chama “arte”.