Leve-leve é um termo utilizado em São Tomé e Príncipe que traduz a filosofia de vida dos seus habitantes. É uma forma de olhar a vida, de a viver a um ritmo próprio, na sua plenitude e sem pressa.
Com este ensaio fotográfico, Luís Godinho faz um retrato contemporâneo de São Tomé e Príncipe, registando o quotidiano das suas gentes e o espírito descontraído com que os santomenses vão levando a vida, numa cadência relaxada, com espaço ao improviso e à casualidade.
Esta viagem imagética revela estórias que habitam os mercados repletos de frutos exóticos como o cacau, a fruta-pão e as bananas, atravessam as casas de madeira com portas e janelas cobertas a panos coloridos e contemplam as suas vidas de sustento artesanal, como os barcos de pesca feitos de troncos escavados, fornos de produção de carvão improvisados na mata, a extração da palmeira dendém que sorve diretamente o vinho de palma, néctar do leve-leve. Sorrisos de gente feliz, com pouco.
O património arquitetónico é um reflexo da persistente memória de outros tempos, um imponente e antigo hospital abandonado cujas enfermarias se tornaram campos de futebol improvisados ou lugar de brincadeira, roças desativadas em ruínas e suas casas principais perdidas entre a erva alta e a terra baldia, vestígios históricos do outrora império colonial português.
Leve-leve é tudo isso.
E Luís Godinho consegue transportar-nos para esses lugares, tornando-nos observadores de uma realidade retratada tão genuinamente que quase conseguimos sentir a humidade na pele e os cheiros que impregnam os espaços.