12 meses, 12 peças: junho
Chavões
Objeto esculpido manualmente em madeira, com a função de carimbo de duas faces, utilizado para marcar bolos de véspera. Estes bolos sovados à mão até se obter uma massa macia e lisa (chamada “flor perfeita”), depois de lêvedos, são decorados com as marcas esculpidas nos chavões e cozidos em fornos de lenha. Posteriormente, são distribuídos à população nos arraiais das festividades em louvor do Divino Espírito Santo.
Contexto histórico: Desconhece-se a data de início da utilização de chavões no arquipélago. Sabemos, contudo, que existiram em diferentes regiões de Portugal continental. No Alentejo, eram designados por "pintadeiras" e "chavões" e tinham como função principal imprimir uma marca no pão e nos bolos festivos, cozidos em fornos coletivos.
A iconografia botânica é a que mais se destaca na decoração dos chavões, com uma grande variedade de elementos florais e vegetais. Seguem-se os símbolos religiosos, representados por cruzes, cálices e coroas.
Alguns destes símbolos correspondem à iconografia simbólica do Espírito Santo, como a coroa, insígnia e símbolo de reconhecimento, e a pomba, representação do Divino Espírito Santo, da Terceira pessoa da Santíssima Trindade. Estes e outros elementos, encontrados nos chavões, remetem-nos para um imaginário primordial da celebração do Divino Espírito Santo – a entrada num novo ciclo, ligado à terra, ao culto do ressurgimento e da fecundidade.