A Direção Regional da Cultura, através da Biblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça, expõe o “Documento Histórico” e a “Raridade” do Mês, que estarão patentes ao público na vitrine da Sala de Leitura durante o mês de fevereiro de 2025.
O documento selecionado é um relato manuscrito de autoria de António José de Ávila, futuro conde, depois marquês de Ávila e, finalmente duque de Ávila e Bolama, Ávila, de uma viagem à ilha do Faial em 1834.
O autor, faialense de nascimento, estudante de Filosofia Natural em Coimbra, foi um destacado político conservador à época da Monarquia Constitucional no país. Entre outras funções, foi ministro das Finanças e, por três vezes, Presidente do Conselho de Ministros (1868, 1870 – 1871 e 1877 –1878). Faleceu em Lisboa, em 1881.
A raridade selecionada é uma edição de "Viagens na Minha Terra" (Lisboa, 1904).
De autoria de Almeida Garrett, é o relato de uma viagem fictícia, de Lisboa a Santarém. Publicada originalmente em 1846 a obra aborda a jornada em diferentes planos e, por isso, Garrett chamou-lhe “Viagens” e não “Viagem”. Para além do percurso, apresenta a história de quatro personagens que retratam o próprio país, dividido por uma guerra civil:
- Carlos estuda em Coimbra, parte para Inglaterra e regressa a Portugal para se juntar a um dos exércitos em confronto numa guerra fratricida;
- Joaninha, prima de Carlos, senhora de uma beleza suave, é o símbolo da pureza e uma bandeira de paz entre os combatentes;
- Francisca, a avó de ambos, simboliza o país envelhecido, que ama os seus filhos, mas é incapaz de fazer alguma coisa por eles a não ser sofrer; e
- Frei Dinis, personagem entre o bem e o mal, e que, no auge do drama, se descobre ser pai de Carlos.
Nesta obra, em que juntou narrativa de viagens, manifesto político, crónica jornalística e romance, sintetizou, a propósito de um percurso físico, uma reflexão sobre a história de Portugal. Mais do que uma crónica de viagem é, sobretudo, uma reflexão sobre Portugal do século XIX e um marco na literatura portuguesa. Com o recurso a uma linguagem inovadora e a uma narrativa desconexa, esta obra marca o princípio da literatura moderna portuguesa.
Garrett nasceu em 4 de fevereiro de 1799, no Porto. Estudante de Direito em Coimbra, para fugir ao absolutismo exilou-se em Inglaterra. Publicou, em Paris, os poemas seminais do romantismo português: “Camões” (1825) e “D. Branca ou a Conquista do Algarve” (1826).
De regresso a Portugal, fundou jornais contra o poder político, bateu-se por várias causas, tornando a literatura um espaço de afirmação social. Foi um dos políticos portugueses mais decisivos do século XIX. Faleceu em Lisboa, em 1854.
A Direção Regional da Cultura informa que este e outros eventos estão disponíveis para consulta na Agenda Cultural do Portal CulturAçores, no seguinte endereço eletrónico: www.culturacores.azores.gov.pt