A Direção Regional da Cultura, através da Biblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça, expõe o “Documento Histórico” e a “Raridade” do Mês, que estarão patentes ao público na vitrine da Sala de Leitura durante o mês de março de 2025.
Tendo em vista as comemorações do Dia Mundial do Teatro, a 27 de março, o documento selecionado é o "Relatorio apresentado pela Comissão nomeada por alvará de 20 de Janeiro de 1882 para o exame dos theatros e casas de espectaculo n'esta cidade da Horta", depositado no arquivo do Governo Civil. Além do seu valor histórico-documental, a título de curiosidade, um dos elementos da comissão era João José da Graça.
A raridade selecionada é um exemplar da peça de João da Câmara, “D. AFFONSO VI: DRAMA EM CINCO ACTOS / representado pela primeira vez no theatro D. Maria II em 12 de Março de 1890” (Lisboa, Livraria A. Ferin, 1890).
João Maria Evangelista Gonçalves Zarco da Câmara (1852-1908), mais conhecido como D. João da Câmara, foi um dramaturgo e o primeiro português a ser nomeado para o Prémio Nobel da Literatura, em 1901.
Era filho dos 1.ºs marqueses da Ribeira Grande, D. Francisco de Sales Gonçalves Zarco da Câmara (1819-1872) e de sua esposa, D.ª Ana da Piedade Brígida Senhorinha Francisca Máxima Gonzaga de Bragança Mello e Ligne Sousa Tavares Mascarenhas da Silva (1822-1856).
Estudou no Colégio de Campolide, em Lisboa, e em Lovaina, na Bélgica, regressando a Portugal com a morte do pai. De seguida, estudou na Escola Politécnica e no Instituto Industrial. Desposou, em 1874, D.ª Eugénia de Mello Breyner (1852-1944).
Desenvolveu a sua carreira profissional nas Obras Públicas: a construção do ramal de Cáceres e das linhas de Sintra e Cascais e chefiou a Administração Central de Caminhos de Ferro.
Começou a escrever pequenas peças de um ato ainda no colégio. Seria, contudo, o drama histórico (corrente que fez renascer) D. Afonso VI, com os melhores atores de seu tempo, que lhe traria o êxito. O drama descreve a luta pelo trono em torno daquele soberano.
A obra-prima de D. João da Câmara é, inegavelmente a comédia Os Velhos, estreada a 11 de março de 1893, no mesmo teatro. Não tendo sido bem recebida pelo público e pela crítica, só mais tarde teve o reconhecimento merecido. Trata-se um texto de cariz realista, cuja ação decorre no Alto Alentejo, quando se aproximam as obras do caminho-de-ferro.
Raúl Brandão afirmou, em 1903, que D. João da Câmara era um dos maiores dramaturgos portugueses.
Faleceu aos 55 anos de idade, e foi sepultado no Cemitério do Alto de São João.
Foi pai de Tomás da Câmara, de José Paulo da Câmara, avô de João da Câmara (locutor da Emissora Nacional) e bisavô do fadista Vicente da Câmara.
A Direção Regional da Cultura informa que este e outros eventos estão disponíveis para consulta na Agenda Cultural do Portal CulturAçores, no seguinte endereço eletrónico: www.culturacores.azores.gov.pt