Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Domingos Mendes de Faria

(?- 1900)

Era natural do Porto, em Portugal continental, e chegou à cidade da Horta, ilha do Faial, por volta de 1863-65, como membro de uma companhia de teatro. Exerceu a advocacia, foi escrivão de direito, administrador do concelho, presidente do Grémio Literário Faialense, redactor e proprietário da Gazeta Judicial, autor de pequenas peças de teatro e correspondente do jornal Portugal, Madeira e Açores, publicado em Lisboa. Esteve ligado a várias associações culturais e foi obreiro da loja maçónica “Amor da Pátria”. Em 1875, dirigia a Photographia Nacional, na Alameda da Glória, nº 35 A, numa casa de madeira construída para o efeito. No cartão de apresentação, referia tirar retratos por vários sistemas e ensinava também a qualquer pessoa o “systema de chromo a cores”.

Mariano José Machado

Natural da ilha e São Jorge, radicou-se em Ponta Delgada, ilha de São Miguel, e ter-se-á dedicado à fotografia no início dos anos ´60, do século XIX. Foi discípulo de Miller e, em conjunto com Nesbitt, adquiriu todo o material que pertencia ao primeiro, abrindo estúdio na Rua da Cadeia, 34. O atelier foi montado, posteriormente, na Rua do Garcia, onde trabalhou durante vários anos. Para 1867, há notícia de uma viagem que fez à sua ilha natal, onde tirou muitas fotos. No ano seguinte adquiriu todos os preparos e sortimentos a Manuel Ignácio Rodrigues, bem como os clichés de retratos e vistas. Por sua iniciativa foi publicado o Almanaque das Bellas Artes, em 1868, que tem a particularidade de ter sido, provavelmente, a primeira publicação nos Açores com fotografias coladas: uma vista panorâmica das Furnas, ilha de São Miguel, e outra da doca de Ponta Delgada. Em 1870 publicou um pequeno livro no qual descreve uma visita à ilha de Santa Maria. Neste livro também colou dois retratos: um do próprio autor e uma vista de Vila do Porto, na ilha de Santa Maria.

Nestor Ferreira Borralho

(1826-1902)

Deve ser um dos primeiros fotógrafos açorianos a instalar-se na Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, por volta de 1861, na Rua de Santo Espírito, 30, e nos anos seguintes na rua do Galo, nº 4, tirando retratos de vários tamanhos e bilhetes de visita. Trabalhou em daguerreótipo, sem horário estabelecido, porque dedicava uma boa parte do seu tempo a fazer experiências. Mas como o ofício de fotógrafo era insuficiente para o seu sustento, em 1875 vendia máquinas de costura e faleceu como intérprete reformado da Estação de Saúde.

José Pacheco Toste

(1850-?)

Natural da ilha Terceira, foi viver para São Miguel, onde aprendeu a fotografar com Mariano José Machado. Em 1875 é referenciado como fotógrafo ambulante, altura em que estabeleceu o seu atelier na Rua do Valverde, 48 , com o nome de Photographia Central, conhecida posteriormente por Foto Toste. Mudou-se por volta de 1879 para o número 58 da mesma rua, mudança esta anunciada em jornais dos vários concelhos da ilha. Os anúncios na imprensa revelam uma constante actualização com a aquisição dos mais diversos tipos de máquinas. Realizou uma viagem aos Estados Unidos da América, em 1900, na companhia da filha Maria das Dores, com o objectivo de aperfeiçoar o método de trabalho. Após a sua morte, a filha, casada com Jacinto Óscar Dias Rego, prosseguiu a actividade.

Francisco Afonso Chaves

(1857-1926)

Nasceu em Lisboa, mas residiu em Ponta Delgada, ilha de São Miguel, desde jovem, onde viveu até ao fim da vida. Seguiu a carreira militar tendo atingido o posto de coronel. Como autodidacta, interessou-se pela meteorologia e astronomia. Dirigiu e fundou vários observatórios no arquipélago, tendo representado Portugal em eventos no estrangeiro. Na área da biologia, relacionou-se com naturalistas nacionais e estrangeiros, com destaque para o Rei D. Carlos de Portugal e o Príncipe Albert do Mónaco. O seu espírito curioso e científico levou-o a dedicar-se à fotografia como amador. O seu vasto espólio, existente no Museu de Ponta Delgada, é uma fonte preciosa para o estudo dos mais variados temas da vida em São Miguel.

José Goulart

(1870-1955)

Natural da ilha do Faial, começou a fotografar ainda muito jovem, por influência do irmão, Manuel. No ano de 1895, Manuel Goulart, depois de uma permanência nos Estados Unidos da América, empreendeu uma viagem pelos Açores, Madeira e Continente português, da qual resultou um álbum fotográfico. José Goulart acompanhou o irmão, Manuel, pelo arquipélago dos Açores e rumou também ele aos Estados Unidos, onde permaneceu até 1900. Voltou, então, ao Faial, onde abriu estúdio, que passou a denominar-se Galeria Photographica (1906), em sociedade com José Luís Lemos. Para além do retrato, dedicou-se a trabalho de propaganda comercial e industrial e foi um dos pioneiros da fotografia a cores em Portugal. O acervo dos irmãos Goulart foi preservado pela família.

Jacinto Óscar Dias Rego

(1871-1950)

Nascido na ilha de São Miguel, foi casado com Maria das Dores Amorim Toste, filha de José Pacheco Toste, um dos mais antigos fotógrafos em Ponta Delgada. Jacinto Óscar era funcionário da companhia de cabos submarinos Europe and Azores Telegraph, reformando-se em 1929. Amante da fotografia, geriu a Foto Toste, continuadora da Photographia Central, que nos anos 30, estava sedeada na rua Manuel Inácio Correia (antiga Rua do Valverde). Coube a Jacinto Óscar a realização do primeiro filme realizado em São Miguel (1930), a que se seguiram outras experiências nesse domínio: filmes culturais com os mais variados aspectos da ilha e que foram exibidos também nos Estados Unidos da América.

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Abraham Aboboht

(1871-1959)

Nasceu em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira. Um artista que se dedicou à fotografia, embora fosse, essencialmente, um desenhador e pintor que executava retratos a crayon, desenhos de modelos para móveis para além de outros trabalhos existentes em Angra, como por exemplo, o pano de boca do Teatro Angrense, os vitrais dos Paços do Concelho e retratos a óleo de várias personalidades. Nos finais do século XIX, começou por montar um atelier numa quinta, na Canada dos Folhadais, nos arredores da cidade de Angra do Heroísmo, e dirigiu outro na cidade, a Galeria Photographica do Clube União Ginástica, na rua Duque de Palmela. Abriu posteriormente um estabelecimento com a designação de Photographia Angrense. Ficou conhecido por ter fotografado o rei africano Gungunhana, deportado para os Açores, quando da sua chegada a Angra do Heroísmo em 1896, mas acabou por se tornar funcionário público a partir de 1919.

António José Leite

(1872-1943)

Nascido no Porto, em Portugal continental, deslocou-se ainda jovem para a ilha Terceira como empregado de balcão de um comerciante também natural do norte de Portugal. Ali casou e se estabeleceu como comerciante de fazendas e ourivesaria. Fotógrafo amador, recorreu à objectiva nos tempos difíceis para compensar dificuldades financeiras. Em 1901 participou na exposição em Ponta Delgada, ilha de São Miguel, com vários postais, os localmente famosos postais da Loja do Buraco, nome do seu estabelecimento comercial, que tiveram grande divulgação. Pela qualidade do seu trabalho fototgráfico, teve a mercê para usar o título de fotógrafo da Casa Real. Nos anos 20, trespassou a Loja do Buraco e montou a Foto-Bazar, na rua de São João, em Angra do Heroísmo, vendendo material fotográfico e fazendo acabamentos em trabalhos de amadores. Após a sua morte, o filho, João Leite, ainda manteve o estabelecimento comercial em funcionamento até meados dos anos ´50.

António Luiz Lourenço da Costa

(1883-1939)

Nascido em Angra do Heroísmo, ilha Terceira, acabou por emigrar para o Brasil em busca de melhor sorte. No Rio de Janeiro, trabalhou no atelier de Elias da Silva que, conhecendo-lhe a aptidão, o mandou frequentar o curso de Belas Artes. Em 1904 já estava de volta a Angra do Heroísmo, onde abriu um estabelecimento, a Photographia Lourenço, na rua do Galo. Fez também uma viagem a Paris, onde aperfeiçoou os seus conhecimentos. Em 1911, fundiu o seu estabelecimento com o de Jayme Franco, que havia aberto no início do século a Photographia Franco. Esta junção deu origem à Photographia Lourenço e Franco, onde realizavam fotografia a cores. A sociedade desfez-se pouco tempo depois, tendo constituído uma outra por quotas com Fernando Carvão, em 1925, com a designação de Fotografia Lourenço Limitada. Pelas fotos conhecidas, o estabelecimento, com sala de toillette e escritório, estava profusamente decorado e mobilado. Ampliou fotografias de várias individualidades locais, que eram expostas nas suas montras. Em 1927 coube ao fotógrafo Lourenço a proeza de realizar o primeiro filme açoriano. Para o efeito, havia sido constituída a Empresa Foto-Cinema Açores que custeou a realização do Documentário Terceirense. Em 1934 circularam notícias de que o fotógrafo Lourenço havia sido premiado numa exposição internacional, em Paris. Contudo, soube-se de imediato que a notícia havia sido forjada pelo próprio. Uns anos depois, foi preso. Embora tivesse estado ligado à Esquerda Democrática e não fosse afecto ao regime de Salazar, o motivo da prisão relacionou-se com umas montagens fotográficas pouco convenientes. Acabou por morrer no chamado Depósito de Presos, em 1939.

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Thiago Romão de Souza

(1884-1946)

Nascido na ilha do Faial, fundou a Fotografia Popular na Rua da Conceição, nº 29, cidade da Horta, no ano de 1908. Exerceu a actividade de fotógrafo até 1946, ano em que morreu, tendo como ajudante na última fase da vida a sua afilhada de baptismo, Elvira dos Anjos Silva (nascida em 1917) e que deu continuidade à Fotografia Popular até à década de 60 do século passado. Uma pequena barraca em madeira serviu de estúdio fotográfico durante muitos anos. Uma parte significativa do espólio que sobreviveu - negativos de vidro de colódio - foi adquirida por Duarte Cota Moniz, e ainda alguns objectos da actividade da casa comercial, como uma câmara fotográfica, ampliador ou caixas originais em cartão para negativos de vidro.

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Ellmo Brancla

(1902-1973)

Pseudónimo de Caetano Velho de Melo Cabral, nasceu na ilha de São Miguel, em 1902. Fotógrafo amador desde 1925, foi director da alfândega da cidade de Ponta Delgada, um exercício profissional que provavelmente lhe terá facultado contactos com o exterior e contribuído para uma perspectiva mais cosmopolita da prática criativa no domínio da fotografia. Movido por critérios de natureza estética e não documental, cruzou técnicas de expressão criativa como a pintura e a fotografia, e nas décadas de trinta e quarenta do Século XX concorreu por diversas vezes aos Salões Nacionais e Internacionais de arte fotográfica promovidos pelo Grémio Português de Fotografia, tendo participado em exposições colectivas realizadas em Lisboa.

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António Borges de Quadros

(1906-1961)

Foi o mais conhecido fotógrafo da Vila da Praia da Vitória, na ilha Terceira, da primeira metade do século XX. Juntamente com outros afazeres, dedicou-se à fotografia, entre os anos 20 e 40. O trabalho de revelação era feito em casa pela esposa, Maria Graciomilde (1905-1984), num pequeno quarto preparado para o efeito. Os seus serviços foram muito requisitados com a chegada à ilha dos militares ingleses durante a II Guerra Mundial, embora o trabalho de revelação fosse fiscalizado por um militar, para evitar a divulgação de alvos estratégicos.

Arnaldo Bettencourt

(1915-1971)

e Manuel Bettencourt

(1913-1996)

Estes dois irmãos, oriundos da ilha Graciosa, fixaram-se na ilha Terceira desde jovens e acabaram por abrir a Foto Lilaz, no início da década de ´40 do século XX, em Angra do Heroísmo, na Rua de Lisboa, 109. Para além da fotografia artística, o estabelecimento evidenciou-se pelos trabalhos de reportagem dos mais variados eventos e a edição de postais turísticos. Foi na sua época uma das casas fotográficas da ilha com mais dinâmica. Por volta de 1968, Manuel Bettencourt fundou o seu próprio estabelecimento, a Mini-Foto, na então Rua Rio de Janeiro. As duas casas acabaram por encerrar nos anos ´70 .

José Ernesto

(1915-1989)

Natural da ilha de São Jorge, começou a fotografar por volta dos anos ´40, percorrendo a ilha de bicicleta para obter fotos das festas do Espírito Santo, matanças de porco e outros trabalhos da vida do campo. Residia na freguesia da Ribeira Seca e era conhecido por Anacleto. Como os ganhos com a prática da fotografia eram escassos, esteve emigrado nos Estados Unidos da América entre as décadas de ´60 e ´80.

Gilberto Nóbrega

(1919-2003)

Natural da ilha da Madeira, fixou-se na ilha de São Miguel, em 1942, abrindo um estabelecimento na Rua Machado dos Santos, 74, em Ponta Delgada. Revelou-se um dos mais importantes fotógrafos contemporâneos nos Açores. Pela sua objectiva passaram os momentos mais significativos da vida na ilha de São Miguel da última metade do século XX. No seu estúdio vários aprendizes deram os primeiros passos seguindo depois o seu próprio caminho. Para além de numerosas exposições, editou postais coloridos do Natal e de paisagens da ilha. Fazia reportagens fotográficas, sendo requisitado para outras ilhas do arquipélago, e fotografia publicitária para empresas da ilha. Realizou viagens à Alemanha, Paris e Londres para aperfeiçoamento. Foi o primeiro, em São Miguel, a montar estúdio para a fotografia a cores. O próprio concebeu a iluminação do estúdio com a intensidade desejada e concebeu um aparelho para adaptar a passagem de fotografia a slide. Chegou a ter 30 a 40 funcionários. Comprou a Foto Toste nos anos ´50 .

Erneste Jacinto da Silveira

(1934-2004)

Nasceu na vila da Calheta, ilha de São Jorge. Iniciou a actividade de fotógrafo profissional em 1964, com término 2001. Executava trabalhos muito variados: retratos, fotos de cerimónias religiosas, eventos desportivos, políticos e sociais, festas do Espírito Santo, Carnaval e Natal. Em Julho de 1974 acumulou o trabalho de fotógrafo com o de taxista, que exerceu até alguns anos antes de falecer. Amante da música, tocava vários instrumentos e esteve ligado a filarmónicas. Esteve também emigrado no Canadá durante alguns anos, onde tocou numa banda que ajudou a fundar – a Lira do Bom Jesus, em Oakville.

Júlio Vitorino da Silveira

Natural da ilha do Faial, fundou em 1940 a Foto Jovial e revelou-se um fotógrafo dinâmico, com numerosas reportagens sobre a paisagem e a vida social, cultural e política da ilha até 1952, altura em que emigrou para os Estados Unidos da América. Uma boa parte das fotos hoje conhecidas sobre o período da II Guerra Mundial, na cidade Horta, são da sua autoria. Os novos proprietários da casa comercial que fundou, mantém a actividade no domínio da fotografia e preservaram o espólio fotográfico herdado de Júlio Silveira, que reproduziram em formato digital. Para além da fotografia, Júlio Vitorino destacou-se como cineasta amador, tendo realizado reportagens sobre as ilhas do antigo distrito da Horta e produzido um filme (1949) a partir de um texto da autoria de Florêncio Terra intitulado “Margarida, Amor Fiel”, com actores amadores da ilha e filmado na freguesia dos Flamengos. Estes filmes foram na altura projectados em várias ilhas do arquipélago e reapreciados em 1967, na cidade Horta, numa visita que o fotógrafo fez à terra natal.