Rede de pontos
O ALEAç, como parte constitutiva do ALEPG, abrange um número de localidades – 17 – proporcional ao que foi determinado para o resto do país:
Corvo: Corvo (1);
Flores: Fajãzinha (2) e Ponta Ruiva (3);
Faial: Castelo Branco (4) e Cedros (5);
Pico: S. Roque (6) e Terras (7);
São Jorge: Calheta (8) e Rosais (9);
Graciosa: Carapacho (10);
Terceira: Altares (11) e Fontinhas (12);
São Miguel: Mosteiros (13), Rabo de Peixe (14), Ponta Garça (15) e Nordeste (16);
Santa Maria: Santo Espírito (17).
No estabelecimento da rede de pontos de inquérito foram tidos em conta os seguintes factores: a diversidade linguística revelada pelas primeiras recolhas efectuadas e pela bibliografia existente; a dimensão e a configuração de cada ilha; a distribuição da população não urbana.
Pela sua especificidade, a rede de pontos de inquérito para o tema A FAUNA E A FLORA MARINHAS consta de 12 localidades, situadas em pequenas localidades piscatórias relevantes na perspectiva de cada ilha:
Corvo: Corvo (1);
Flores: Santa Cruz das Flores (2);
Faial: Angústias (3);
Pico: Cais do Pico (4);
São Jorge: Fajã de São João (5);
Graciosa: Folga (6);
Terceira: Biscoitos (7) e São Mateus (8);
São Miguel: Mosteiros (9), Rabo de Peixe (10) e Ribeira Quente (11);
Santa Maria: Vila do Porto (12).
Em geral, a localidade representada no mapa sintetiza o contributo dado por informantes da própria localidade ou de lugares vizinhos onde existiam actividades específicas, como tecelagem, olaria, moagem artesanal, ...
Convém ainda notar que o facto de uma determinada informação, constante dos mapas ou das notas, ser atribuída a um determinado ponto e não a outros não significa que não exista nestes últimos, mas apenas que foi no ponto referido (e não noutros) que a informação foi fornecida.
Questionário linguístico e material de apoio
O Questionário Linguístico utilizado nas recolhas do ALEAç é o do ALEPG, publicado em 1974 pelo então Instituto de Linguística (actual CLUL). Tratava-se, inicialmente, de um questionário com cerca de 4000 perguntas de base lexical, abrangendo alguns aspectos fonéticos e morfofonológicos. Dada a morosidade verificada na realização de inquéritos dessa envergadura, a partir de 1990 optou-se por encarar duas etapas de recolhas, reduzindo-se o Questionário, numa primeira fase, para cerca de metade das perguntas, contemplando os campos semânticos que correspondem aos temas atrás apresentados. Paralelamente, verificou-se que os dados fornecidos pelos informantes englobavam um léxico muito mais abundante do que aquele que constava do Questionário. Por esse motivo, as noções que ao longo dos inquéritos apareceram de modo espontâneo e recorrente vieram a ser incluídas como adendas, eventualmente cartografáveis. A cada adenda foi dado o número da noção que lhe é semanticamente mais próxima, seguido de uma letra (a, b, c…). Outras informações, esporádicas, surgidas a respeito de qualquer assunto, foram anotadas nos cadernos de inquérito como conceitos relacionados, podendo ser incluídas posteriormente nas notas aos mapas. Estas alterações justificam a não coincidência que hoje se verifica entre o Questionário de 1974 e aquele que finalmente deu origem a esta publicação. Por essa razão, inclui-se o índice das perguntas correspondentes ao questionário actual, com a indicação dos mapas a que deram origem.
Os materiais relativos ao tema A FAUNA E A FLORA MARINHAS, foram recolhidos pela aplicação do Questionário do Atlas Linguístico do Litoral Português (ALLP).
Como material auxiliar dos questionários foram utilizados álbuns de fotografias, sobretudo para os capítulos relativos a animais e plantas, e um álbum de desenhos que permite identificar alguns objectos e as suas partes constitutivas.
Algumas perguntas do questionário original não foram produtivas nos Açores, razão pela qual não deram origem a mapas; no caso de ter sido obtida alguma informação a esse respeito, ela é fornecida nas notas do mapa dedicado ao conceito semanticamente mais próximo.
Recolha dos dados
Na recolha de dados são utilizados dois procedimentos essenciais: o da pergunta-resposta segundo o questionário e o da descrição de trabalhos, em conversa livre. De modo a não influenciar as respostas, as perguntas são feitas, geralmente, de forma indirecta, através de uma frase que define o conceito ou a coisa perguntada – definição que, em certos casos, pode ser acompanhada ou mesmo substituída por uma fotografia ou desenho. O discurso livre antecede, em alguns capítulos, a aplicação detalhada do questionário e é introduzido por uma pergunta de carácter geral. Esse tipo de discurso, não só permite aos investigadores terem uma primeira visão geral do assunto em foco, como constitui uma amostragem de fala continuada que possibilita outros tipos de análise linguística, tais como estudos de sintaxe e de aspectos morfofonológicos que o questionário não previu.
Os inquéritos foram integralmente gravados em suporte magnético analógico. O registo total de materiais açorianos atinge cerca de 440 horas de gravação.
A primeira deslocação do Grupo de Estudos de Dialectologia aos Açores ocorreu em 1979. Nessa altura efectuaram-se recolhas de prospecção na totalidade das ilhas. A campanha seguinte realizou-se em 1981 e, devido a restrições orçamentais, apenas em 1995 e 1996 foram retomados e concluídos os inquéritos nos Açores.