Organismo inaugurado oficialmente a 3 de Maio de1843, com o fim de «promover por todos os meios ao seu alcance o melhoramento da Agricultura da Ilha de S. Miguel», de acordo com os Estatutos publicados em 1847. A ela aderiram os terratenentes micaelenses, ficando como seu primeiro presidente José Jácome *Correia. No discurso inaugural apontou os males que deviam ser extirpados pela associação: «o pouco método com que as terras são amanhadas; o nenhum conhecimento que existe dos convenientes afolhamentos; a falta total de prados artificiais; a situação dos gados, continuamente expostos às intempéries; e a falta de plantios florestais». No mesmo ano, publicou O *Agricultor Micaelense, que passou a ter como redactor principal, A. Feliciano de Castilho, acabado de chegar a São Miguel. O periódico contém informações úteis aos lavradores, mas de uma forma muito teórica. Posteriormente foi substituído por O *Cultivador, este sim mais virado para aspectos práticos. A Sociedade Promotora da Agricultura Micaelense (SPAM) foi a primeira organização do género no país, e foi nela que o governo se inspirou para elaborar legislação (1844) que criava sociedades agrícolas em todas as capitais do distrito. A SPAM, para além das publicações referidas, promoveu palestras, exposições agrícolas e pecuárias. A actividade da sociedade sofreu algumas quebras ao longo dos anos, ficando quase paralisada nos anos 50. Em 1871, sofreu uma reestruturação que lhe deu novo fôlego, para voltar a decair na década seguinte. No início do século XX, a sua existência era apenas teórica. Todavia, saliente-se a importância da SPAM na introdução de novas culturas na ilha de São Miguel, nomeadamente o *tabaco, numa proposta de José do Canto, em 1848, o *chá, com a vinda de dois chineses em 1878, e outras culturas com menor significado económico, mas importantes para superar a crise do ciclo da *laranja. Para além das obras concretas, a existência da SPAM foi reveladora dum novo espírito científico e cultural que se espalhou pela ilha. Carlos Enes
Bibl. Miranda, S. (1989), O Ciclo da Laranja e os ?gentlemen farmers? da Ilha de S. Miguel ? 1780-1880. Ponta Delgada, Instituto Cultural de Ponta Delgada: 36 e segs. Supico, F. M. (1995), As ?Escavações?. Ponta Delgada, Instituto Cultural de Ponta Delgada, II: 630-632; 779-781.