Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Dias, Urbano de Mendonça

[N. Vila Franca do Campo, 27.6.1878 ? m. Ibidem, 4.2.1951] Era filho de Urbano José Dias e de Maria da Glória de Mendonça Dias. Fez a instrução primária em Vila Franca do Campo, prosseguindo os seus estudos liceais no Colégio Fisher em Ponta Delgada. No ano de 1903 licenciou-se em Direito na Universidade de Coimbra. Ainda como estudante em Coimbra, juntamente com o Padre Ernesto Ferreira, fundou em 1902 a revista A Phenix. Casou com Berta Alcântara de Mendonça Dias de quem teve dois filhos: António e Hermano. De regresso a S. Miguel, com o mesmo amigo, liderou o jornal A Vila. Colaborou também no jornal O Autonómico. Começou a sua vida profissional como ajudante privativo do conservador da Comarca. Abriu ainda banca de advogado. Com um Humanismo social ligado à terra que procurava corresponder às enormes carências e miséria que grassavam entre as gentes das ilhas (Melo, [2005?]) fundou, em 1904, juntamente com César Rodrigues e Cortes Rodrigues O Externato de Vila Franca do Campo, vulgarmente chamado O Colégio, e que foi fundamental para a educação e desenvolvimento da Vila em todo o século XX. Assumiu alguns cargos políticos como Procurador à Junta Geral do Distrito de Ponta Delgada, Administrador do Concelho de Vila Franca do Campo, Governador Civil do Distrito de Ponta Delgada (1935/1936), Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Vila Franca desde 1914 até à sua morte. Monárquico e de cunho nitidamente municipalista integrou-se no segundo movimento autonómico escrevendo em 1921, a brochura: Peço a Palavra e, em 1944, As Ilhas do Atlântico ? a que chamam adjacentes. A sua actividade literária prossegue com obras de ficção como: o Solar da Castanheira, O Tio Francisco, Mr. Jó, O meu Amor, A Senhora Doutora; as peças de teatro: O meu primeiro Amor, Loucos de Amor e Alvores da Mocidade entre outros. Todavia é na sua obra histórica que o seu trabalho e o amor pela Terra mais se revelam. Surgem assim várias monografias que, segundo o historiador Joaquim Romero de Magalhães: mostram grande atenção e cuidado no tratamento das fontes, sendo fundamentais para a história local e regional (Magalhães, 1994), como: A Assistência Pública no Distrito de Ponta Delgada; Baldios e logradouro comum e de particulares na ilha de S. Miguel; História da Instrução nos Açores; História das Igrejas, Conventos e Ermidas Micaelenses (3 vols.); História do Vale das Furnas; História dos Açores (2 vols.); Instituições vinculares: os morgados das ilhas; Madre Teresa d?Anunciada: a freira do S. S. Cristo dos Milagres; Ponta Delgada: de quando foi lugar e vila e de cidade: escorço histórico; A Vila (6 vols.); A Vida de Nossos Avós (9 vols.); Literatos dos Açores, entre outros.

Foi agraciado com as insígnias da Ordem de Benemerência em Fevereiro de 1943. Margarida Vaz do Rego (Dez.2007)

Obras principais. (s.d.), A Vila (6 vols.). Vila Franca do Campo, s.e.. (1907), Loucos de Amor. S.l., Tipografia Central. (1921), Peço a Palavra. Ponta Delgada, Tipografia, Artes Gráficas [2.ª edição, Jornal da Cultura, Ponta Delgada, 1994]. (1922), Alvores da Mocidade. S.l., Empresa Tipográfica. (1923), O meu primeiro Amor. S.l., Empresa Tipográfica. (1924), História dos Açores (2 vols.). S. Miguel, Agência de Obras Literarias de António Silveiro de Medeiros. (1928), História da Instrução nos Açores. Vila Franca do Campo, Emp. Tipográfica. (1931), O Solar da Castanheira. Vila Franca do Campo, Emp. Tipográfica. (1931),Literatos dos Açores. Vila Franca do Campo, Emp. Tip. (1936), História do Vale das Furnas. Vila Franca do Campo, s.e.. (1938), Baldios e logradouro comum e de particulares na ilha de S. Miguel. Ponta Delgada, Tip. Insular. (1940), A Assistência Pública no Distrito de Ponta Delgada. Vila Franca do Campo, Emp. Tip. E Litográfica. (1940), A Senhora Doutora. Ponta Delgada, Tip. Insular. (1941), Instituições vinculares: os morgados das ilhas. Vila Franca do Campo, Tip. De A Crença. (1942), O meu Amor. Vila Franca do Campo, Tip. De A Crença. (1943), Mr. Jó. Vila Franca do Campo, Tip. De A Crença. (1944), As Ilhas do Atlântico ? a que chamam adjacentes. Vila Franca do Campo, Tipografia a Crença. [2.ª edição: Jornal da Cultura, Ponta Delgada, 1994]. (1946), Ponta Delgada: descrição de quando foi lugar e vila e de cidade: escorço histórico. Ponta Delgada, Tip. A Crença. (1947), Madre Teresa d?Anunciada: a freira do S. S. Cristo dos Milagres. Vila Franca do Campo, Tip. De A Crença. (1948), A Vida de Nossos Avós (9 vols.). Vila Franca do Campo, Tip. De A Crença. (1948), O Tio Francisco. Vila Franca do Campo, Tip. De A Crença. (1950), História das Igrejas, Conventos e Ermidas Micaelenses (3 vols.). Vila Franca do Campo, Tip. De A Crença.

 

Bibl. Magalhães, J. R. (1994), Prefácio in Margarida Machado, Produções agrícolas, Abastecimento. Conflitos de Poder. Ponta Delgada, Jornal da Cultura. Melo, L. C. (1996), Subsídios para a Vida e obra do Padre Ernesto Ferreira. S.l., Editorial a Ilha Nova. Idem (2005), Prefácio à segunda Edição dos Literatos dos Açores. S.l., Editorial Ilha Nova Medeiros, J. L. (2001), Conferência: Urbano de Mendonça Dias ? Breves notas sobre a sua vida e obra, Vila Franca do Campo [inédito].