(M. C. Coelho Lopes) [N. Angra do Heroísmo, 28.8.1952] Tendo completado os estudos secundários na sua cidade natal, revelou-se como poeta, ainda estudante liceal, em páginas académicas e na «Glacial», suplemento literário de A União, vindo a publicar Por ter escrito Amor (1971), conjunto de poemas que, na época, causou sensação junto dos mais jovens e alguma celeuma junto dos mais velhos; participou então em diversas actividades culturais, tendo sido sócio da Cooperativa Sextante, estando muito próximo da acção cultural então liderada por José Orlando *Bretão, ao qual se ligou por fortes laços de amizade. Cumpriu serviço militar em Angola, durante o período conturbado da descolonização, como alferes miliciano de Artilharia, após o que iniciou estudos superiores na Universidade de Coimbra. Nesta universidade obteve o bacharelato em Filologia Românica e, em seguida, a licenciatura em Línguas e Literaturas Modernas, com distinção. Professor estagiário do ensino secundário, foi assistente de Linguística na Universidade dos Açores e na Universidade de Coimbra. Publicou Na distância deste tempo (1984). O seu percurso profissional passa pelo Canadá, onde foi professor convidado (leitor) de Língua, Literatura e Culturas Portuguesa e Brasileira no Département d?Études Anciennes et Modernes da Universidade de Montreal, Quebeque, tendo sido também chefe da Secção de Estudos Portugueses e Brasileiros do mesmo departamento; no âmbito da sua actividade docente, participou em vários congressos e proferiu diversas conferências e palestras, designadamente na Maison Internationale de la Culture, em Brossard e na Societé des Écrivains Canadiens, em Montreal. Permaneceu naquele país onze anos, tempo durante o qual teve a oportunidade de presenciar atentamente o desenrolar de diversos episódios da história dos anos 80 e 90 do nacionalismo quebequense, designadamente a preparação, desenvolvimento e desaire do Acordo de Lac Meech e a realização do Referendo de 1996, que derrotou por uma margem estreita os anseios independentistas. Ainda em Montreal, esteve ligado à imprensa comunitária de língua portuguesa. Entretanto, desempenhou as funções de assessor e secretário executivo do conselho de administração da Caisse d?Économie des Portugais de Montréal, cooperativa de poupança e crédito fundada por emigrantes portugueses, filiada na poderosa rede de caixas populares do Mouvement Desjardins. Regressado aos Açores, foi director da Casa da Cultura da Juventude de Angra do Heroísmo, cargo que ocupou de forma relevante até ser nomeado Director Regional da Cultura no último ano de mandato do VII Governo Regional e, em seguida, do VIII Governo. Marcolino Candeias é considerado uma das vozes mais importantes do grupo a que pertenceu e a que se convencionou chamar Geração Glacial, fundamentalmente preocupado com os valores mais profundos relacionados com a sociedade, a liberdade, a democracia e o papel do homem neste contexto e que trouxe um contributo considerável à actividade literária nos Açores. Sem dúvida, um dos maiores poetas do arquipélago, tem colaboração dispersa por jornais e revistas nacionais e estrangeiras, bem como alguns poemas traduzidos para inglês e eslovaco. É também autor de estórias orais, de que existem registos videográficos, que relatam a visão de um antigo emigrante terceirense de origem rural na Califórnia (Joe Canoa), sobre os valores e comportamentos do mundo envolvente. Está representado em numerosas antologias poéticas. E. Félix (Mar.2001)
Obras. (1971), Por ter escrito Amor. Angra do Heroísmo, Ed. do autor. (1984), Na distância deste tempo. Angra do Heroísmo, Secretaria Regional de Educação e Cultura.
Bibl. Afonso, J. (1985), Bibliografia Geral dos Açores. Angra do Heroísmo, Secretaria Regional da Educação e Cultura. Almeida, O. T. (1985), Aqui à distância, Na distância deste tempo, de Marcolino Candeias. Quarto Crescente, suplemento literário de A União, 120, 20 de Setembro. Id. (1989), Açores, Açorianos, Açorianidade. Ponta Delgada, Signo. Id., The New Outlook in Azorean Literature In Vieira, N. H. (ed.), Roads to Todays Portugal. Gávea-Brown, EUA. Bretão, J. N. (1984) Na distância deste tempo, Marcolino Candeias. Pequena nota de leitura. Quarto Crescente, suplemento literário de A União, 93, 27 de Julho. Dores, V. R. (1990), Marcolino Candeias, In De Algumas Breves Impressões Sobre Alguns Escritores Açorianos, Angra do Heroísmo, sep. de Quarto Crescente. Id. (1988-90), Marcolino Candeias, A Poet of the Diaspora. New Canadian Review, Montréal, 2, 1. Duarte, L. F., Conversas por acabar. Jornal de Letras, IV, 125. Id., 1984 em Revista, Ibid., IV, 132. The International Who?s Who In Poetry and Poets Enciclopaedia (1997), 8ª ed., Cambridge, International Biographical Centre. Leroux, P. (1995), Marcolino Candeias: le cercle des poètes disparus. Journal de Montréal, Montréal, 1 de Julho. Lisboa, E. (1999), Vamos conhecer os Açores. Ler, Lisboa, 44. Martins, B. (1984) Marcolino Candeias: A dimensão da sua vivência social e humana. Directo, Angra do Heroísmo, II, 45. Oliveira, A. (1984), Angra por Marcolino Candeias em Na distância deste tempo. Quarto Crescente, suplemento literário de A União, 102, 28 de Dezembro. Reis, C. (1986), Marcolino Candeias: Na distância deste tempo. Colóquio-Letras, 92. Santos, N. C. (2000), Novas Correntes do Atlântico. Ler, Lisboa, 48. ?trpka I. e Zsoldos, P. (2000), Zakresl?ovanie do Mapy-Azory a ich Básnici. Bratislava, Kalligram.
Adenda
Faleceu no dia 1 de maio de 2016, em Angra do Heroísmo. DRaC (Jun. 2016)