Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Castro, João Paulino de Azevedo e (D.)

 [N. Lages, ilha do Pico, 4.2.1852 ? m. Macau, 17.2.1918] Bispo de Macau (1902-1918). Filho de Amaro Adriano de Azevedo e Castro e de Maria Balbina Carlota de Bettencourt, fez os estudos preparatórios no Liceu da Horta, ingressou no Seminário de Coimbra e na Universidade desta cidade, em 1879, formou-se em Teologia. Foi ordenado sacerdote por D. João Maria Pereira do Amaral e Pimentel, em Angra, a 31.8.1879, celebrando a primeira Missa na Matriz da sua vila natal (14.9.1879). Professor no Seminário Episcopal de Angra, empossado no cargo de vice-reitor em 1888, criou o Museu de História Natural. Leccionou disciplinas tão diversas como teologia dogmática, direito canónico, geografia, história (eclesiástica e geral), filosofia e francês. Desempenhou ainda outras funções nesta diocese: Presidente da Comissão Administrativa do Asilo de Mendicidade e director do Boletim Eclesiástico dos Açores. Elevado à dignidade de tesoureiro-mor (1890) e de arcediago (1891), não chegaria a tomar posse desta última por ter sido designado para a Mitra de Macau. Confirmado bispo por Leão XIII, pela bula de 9.6.1902, foi sagrado na igreja do antigo convento de S. Francisco (Angra), a 27.12.1902, por D. José Manuel de Carvalho. Tomou posse da cadeira episcopal a 4.6.1903. Fundou, neste mesmo ano, o Boletim Eclesiástico da Diocese de Macau e, em 1906, o Orfanato da Imaculada Conceição, que entregou à direcção dos Salesianos. Em Singapura, abençoou a primeira pedra da Igreja de S. José (5.6.1904). Assumiu a tarefa de reorganizar as Missões em Timor e presidiu ao processo que delimitou o território entre a sua diocese e a Prefeitura Apostólica de Kuangtung (Cantão). Foi por sua acção que a Prefeitura de Shiu-Hing, permutada com a ilha de Hainan, que ficou no domínio do prefeito apostólico de Cantão, voltou, em 1908, para a jurisdição do bispo de Macau. No plano de reformas que empreendeu, entregou a província de Heung-Shan à administração espiritual dos Salesianos (1911) e repartiu a Prefeitura de Shiu-Hing pelos jesuítas, a norte, e pelos sacerdotes diocesanos, a sul (1913). Viveu intensamente o problema jurídico e espiritual que envolvia o Padroado Português do Oriente, nesse sentido redigindo e publicando Os Bens das Missões Portuguezas na China (1917). Não chegou a realizar o sonho do regresso aos Açores, mas os seus restos mortais seriam trasladados para as Lages do Pico em 1923. Manuel Cândido Pimentel (2001)

Obras (1996), Textos de D. João Paulino. Macau, Fundação de Macau. (1997a), N. S. de Lourdes: Aparições, Milagres e Culto. Macau, Fundação de Macau. (1997b), Provisões e Outros Escritos. Macau, Fundação de Macau, I. (1997c), Provisões e Outros Escritos. Macau, Fundação de Macau, II.

 

Bibl. Boletim Eclesiástico da Diocese de Macau (1903-1918), Macau, Câmara Eclesiástica da Diocese de Macau.

Pereira, J. A. (1939), Padres Açoreanos: Bispos, Publicistas, Religiosos. Angra do Heroísmo, União Gráfica Angrense: 15. Id. (1963), O Seminário de Angra: Esboço Histórico. Angra do Heroísmo, União Gráfica Angrense. (1981), Lourenço, J. M. (1981), Açorianos em Macau, Angra do Heroísmo: 27-28.