[N. ? ? m. Ponta Delgada, 1835] Descendente de um austríaco, médico da rainha D. Mariana de Áustria, mulher de D. João V, entrou para o serviço da corte de D. Maria I, como moço guarda roupa, em 1793 e depois no mesmo cargo de D. João VI. Foi moço fidalgo da Casa Real, tenente da Guarda Real, comendador da Ordem de Cristo. Escrivão da Câmara e Justiças da Repartição da Beira, Minho e Trás-os-Montes. Acompanhou a Família Real ao Brasil sendo aí Escrivão dos Órfãos da Vila de Caite, em Minas Gerais. Foi, ainda, servidor da Casa de Bragança e Secretário da Assembleia de Malta.
Em 1814 pediu e obteve do rei, em paga dos seus serviços, a mercê do aforamento, por três vidas, dos bens do duque de Aveiro, último donatário das Flores e Corvo, que haviam sido incorporados na coroa. Esse aforamento rendia 100$000 reis pagos na Junta da Fazenda dos Açores e era composto por foros na ilha das Flores e, essencialmente, na do Corvo, cuja população pagava a exuberância de 40 moios de trigo e 80 mil reis. Desde logo, suscitaram-se dúvidas sobre o alcance da mercê, que foram desfeitas a favor dos Caupers por novo alvará de 1816.
Contudo, as autoridades locais, nomeadamente o Juiz de Fora de Santa Cruz das Flores, sempre alertou para a miséria que viviam, principalmente os corvinos, devido a estas excessivas cargas fiscais de nada valendo, contudo, as tentativas de minorar as causas dessa situação. Só em 1832, com a acção de Mouzinho da Silveira, então ministro da Fazenda, é que a situação veio a ter remédio, mandando aquele estudar profundamente o que se passava e decidindo por decreto de 16 de Maio de 1832, reduzir a 20 moios de trigo o foro do Corvo e abolir os 80 000 reis, sendo Pedro José Caupers indemnizado em 360$000 reis pagos pela Fazenda Pública.
Isto valeu a Mouzinho a gratidão dos corvinos, que lhe vieram agradecer, e a estes, a simpatia do ministro, que deixou em testamento a vontade de vir a ser enterrado no Corvo. J. G. Reis Leite (2002)
Bibl. (1991), Resenha das Famílias Titulares do Reino de Portugal. 2ª ed., Braga, Ed. Carvalhos de Basto: 211. Gomes, F. A. N. P. (1997), A Ilha das Flores: Da redescoberta à actualidade. Lajes das Flores, Câmara Municipal: 426-428. Silveira, M. (1989), Obras II, Manuscritos e Impressos, VII Ilhas dos Açores. Lisboa, Fundação C. Gulbenkian: 1235-1243.