Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Angra do Heroísmo, concelho de

GEOGRAFIA FÍSICA O concelho de Angra do Heroísmo ocupa os sectores meridional e ocidental da ilha Terceira, com um limite quase diagonal, entre a foz da ribeira do Pamplona, na costa norte, e o Porto de S. Fernando, já na costa oriental.

Do relevo, acidentado, destacam-se os dois principais maciços vulcânicos da ilha, o da serra de Santa Bárbara, que atinge 1021 m de altitude na serra de Santa Bárbara, e o da serra do Morião e da caldeira de Guilherme Moniz, na parte central da ilha, que culmina a 603 m de altitude na serra do Morião. Aqui se encontra, ainda, a parte ocidental do aparelho vulcânico da serra do Cume - caldeira dos Cinco Picos -, serra da Ribeirinha, desmantelado pela erosão.

O primeiro é formado por um grande cone de escórias vulcânicas (pedra-pomes) alternantes com escoadas de lavas andesíticas e traquíticas, encimado por uma cratera circular com uma caldeira larga (cerca de 2 km de diâmetro maior) e pouco profunda, de cujas cumeeiras se elevam o pico Rachado, a norte (827 m), a serra Alta das Doze (961 m), a poente, e a serra de Santa Bárbara, a sul e sudeste. Nas vertentes, ao longo de fracturas, surgem pequenos cones, posteriores à grande erupção, que originaram derrames de traquitos (pico da Lomba) e de andesitos e basaltos (picos da Cancela, do Gaspar, das Faias, do Teles, Negro e outros). No interior da caldeira existem pequenas lagoas, sendo a lagoa Negra a mais importante, e pequenos cones secundários, destacando-se o pico da lagoa Negra (836 m). As vertentes do maciço, muito declivosas, encontram-se entalhadas por profundos barrancos que constituem as nascentes das principais ribeiras que drenam para a parte ocidental da ilha. Os leitos profundos encaixam-se nas escórias e atingem as lavas que cortam em garganta. As principais bacias hidrográficas que se estendem pelas vertentes deste maciço são as da ribeira da Lapa, da Luz, de S. Roque, dos Gatos, dos Folhadais, do Trancão, de Figueiredo Vieira, desaguando na costa norte; do Borges, do Veiga, das Lapas, de Além, do Gato, das Catorze, da Ribeirinha, Ribeira Grande, das Dez, Das Nove, Das Oito, Das Sete, da Praia, Das Cinco, da Moura, Duas Ribeiras e da Ponte, com foz na costa ocidental.

O maciço da serra do Morião e caldeira de Guilherme Moniz corresponde a um complexo vulcânico mais vasto e complexo. É formado pela serra do Morião (632 m em Rosto, 603 em Morião), no cimo da qual se formou, por abatimento, a caldeira de Pedro Moniz, de margens altas e escarpadas (de 80 a 100 m de altura) e de fundo plano, sem cones no interior. Encostada à escarpa setentrional da caldeira corre a ribeira da Areia (a mais extensa da ilha), entre a base dos picos de Gualpanar (588 m), a ocidente, e do Arieiro (533 m), a oriente. Também é formado por escórias vulcânicas e escoadas de lavas traquíticas, andesíticas e basálticas (Zbyszewski et al., 1971).

A oriente da serra do Morião estende-se o planalto dos cinco Picos, que corresponde ao fundo de uma antiga caldeira limitada pela serra da Ribeirinha (110 m) a sudoeste e pela serra do Cume a nordeste (já no concelho de Praia da Vitória). Tal como os anteriores, estes relevos são constituídos por escórias vulcânicas e lavas traquíticas e andesíticas. Sobre ela se levantou, posteriormente, a serra do Morião. É uma região aplainada, com pequenos charcos e lagoas (lagoa do Ginjal), salpicada de pequenos cones de escórias vulcânicas donde saíram derrames essencialmente basálticos, orientados por alinhamentos tectónicos de NW-SE. São os chamados Cinco Picos, dos quais se salientam o pico do Malhão ou do Ginjal (482 m) e o pico do Vime (429 m). No rebordo sul do planalto, sobre a vertente costeira, erguem-se outros pequenos cones de escórias e lavas basálticas, como os picos de Dona Joana (331 m), das Cruzes (214 m), dos Cornos (121 m), das Contendas e do Refugo (47 m). O monte Brasil e o cone que forma os ilhéus das Cabras são cones vulcânicos secundários associados a este complexo.

Este sector meridional da ilha é mais seco; as maiores ribeiras são as que nascem na vertente sul da serra do Morião - ribeiras da Silveira e do Calrinho. Para oriente da cidade de Angra do Heroísmo, apenas pequenas grotas correm quando chove (grotas dos Calrinhos, do Vale, do Mestre João, do Tapete, drenando para a costa sul, e ainda a ribeira Seca, que corre para a costa oriental).

O litoral é dominado por arribas, altas e muito escarpadas em toda a costa norte, oeste e sudoeste, a mais batida pelos ventos mais frequentes e mais fortes e, portanto, a mais varrida pelas ondas mais altas. É o sector em que a linha de costa é menos sinuosa, com pequenas pontas largamente arqueadas (pontas do Calvo, da Baleia, das Cinco), e duas grandes saliências que entram pelo mar dentro, como fajãs, e que correspondem a línguas de escoadas lávicas (pontas do Queimado e do Raminho).

O restante litoral, sul e sudeste, apresenta arribas mais baixas, com numerosas baías e enseadas, onde se acumulam praias grosseiras, compostas por calhaus e blocos, nos Açores designadas de calhaus. As pontas de S. Mateus, do Castelinho, Ruiva, da Cruz, das Cavalas, das Contendas e da Mina são as mais importantes. Porém, a saliência mais notável é a da península do monte Brasil, que abriga a cidade e a baía (ou angra) de Angra do Heroísmo das tempestades de sudoeste. Anexos a esta costa meridional, os ilhéus das Cabras, em frente ao aglomerado da Feteira, testemunham restos de um cone vulcânico.

Em todo o concelho a diversidade climática é notável, dadas a variação brusca da altitude, entre o nível do mar e os 1000 m, e a variedade de exposições, a todos os quadrantes. Na costa sul, o clima é temperado, ameno e relativamente seco no verão, mas sempre confortável. Em Angra do Heroísmo, a temperatura média anual é de 17,2°C, sendo 13,9°C a temperatura média do mês mais frio - Fevereiro - e 22°C a do mês mais quente - Agosto; a precipitação média anual é de 1131 mm, distribuídos por todos os meses do ano, definindo uma estação pluviosa entre Setembro e Março (SMN, 1970). Na costa norte é temperado, mas sempre húmido; nos verões torna-se muito confortável, mas nos invernos mais frios é desconfortável devido à elevada humidade relativa do ar. Pelos 700 m de altitude o ar torna-se muito húmido e o tempo sempre nevoento, o que permite a vida de espécies vegetais típicas da floresta macaronésica (laurissilva), nas vertentes íngremes e fundos dos barrancos. Pelos 1000 m o clima é fresco no verão e frio no inverno, em regra desconfortável; mais não permite que a sobrevivência de prados atlânticos, usados como pastagens naturais. M. Eugénia S. Albergaria Moreira (Jun.1997)

GEOGRAFIA HUMANA O concelho de Angra do Heroísmo, que abrange uma área de 237,52 km2, contava, em 1991, 35 270 habitantes (148,5 hab./km2), dos quais cerca de 1/3 residia na cidade. Aquele valor representa um ligeiro acréscimo relativamente aos 32 808 habitantes recenseados em 1981. Todavia, o máximo demográfico do concelho foi atingido em 1960: 43 374, o que correspondeu à elevada densidade de 182,6 habitantes por km2.

Terá sido a introdução do milho grosso, que se difundiu rapidamente ao longo do século xvii, e, em menor grau, a de outras plantas provenientes dos territórios ultramarinos, que permitiram um surto demográfico em toda a ilha e em particular no concelho de Angra do Heroísmo. À data do primeiro recenseamento (1864) da população feito segundo os modernos conceitos estatísticos, o concelho registava 31 300 habitantes, valor muito próximo do actual. Entretanto, desde o século xviii que o concelho de Angra do Heroísmo é dos principais focos emigratórios dos Açores, primeiro para o Brasil - no sul deste país ainda são assinaláveis os vestígios da diáspora angrense -, mais tarde, a partir do último quartel do século xix, predominantemente para os Estados Unidos da América.

O concelho encontra-se dividido nas seguintes dezanove freguesias: Altares (891 habitantes, em 1991); Angra (N.ª Sr.ª da Conceição) (4754); Angra (S. Pedro) (3182); Angra-Sé (4034); Angra-Santa Luzia (1276); Cinco Ribeiras (650); Doze Ribeiras (610); Feteira (909); Porto Judeu (2307); Corpo Santo (884); Raminho (601); Ribeirinha (2596); Santa Bárbara (1333); S. Bartolomeu (1504); S. Bento (1866); S. Mateus da Calheta (2936); S. Sebastião (2004); Serreta (421); Terra Chã (2512).

Apesar da queda acentuada da taxa de natalidade (de 17,5 ? em 1981 para 13,9 ? em 1991), a população ainda é relativamente jovem (24 % da população tem menos de 15 anos). A melhoria das condições económicas tem-se traduzido também em alterações dos comportamentos societais, que se reflectem na evolução de alguns indicadores. Assim, a taxa de mortalidade infantil tem vindo a diminuir (14,2 ? em 1991), assim como a taxa de analfabetismo (8 % no mesmo ano). A dimensão média familiar, apesar da tendência para a redução, ainda se mantém elevada - 3,5 pessoas.

A economia e a ocupação do território concelhio são determinadas pelo dinamismo da cidade de Angra, que abrange, nas suas quatro freguesias, cerca de 37 % da população. Todavia, a população com actividades urbanas e integrada no dia-a-dia da capital dispersa-se para lá dos limites da cidade, ao longo das rodovias, formando, por vezes, pequenos núcleos com características suburbanas. Este facto traduz-se na estrutura da população activa, 64,6 % da qual pertence ao sector terciário, equilibradamente distribuídos entre funções de natureza social (4380 activos, em 1991) e de apoio às actividades económicas (4031 activos, em 1991). Tanto o sector primário como o secundário regrediram na década de 80, como reflexo do processo de terciarização, ocupando, em 1991, respectivamente, 14,1 % e 21,3 % dos 13 010 activos do concelho.

A população activa, em 1991, representava 38,2 % da população total, taxa que nos homens subia para 53,2 %, descendo nas mulheres para 23,8 %. O desemprego tem um nível baixo - 3,5 % (2,4 % nos homens e 5,8 % nas mulheres).

Apesar da acentuada terciarização, associada à urbanização, o concelho de Angra do Heroísmo tem uma economia bastante diversificada, a que corresponde um grande número de muito pequenas, pequenas e médias empresas, em todos os ramos de actividade, além de um elevado número de trabalhadores por conta própria (14,3 % da população activa recenseada).

Assim, no primário, tem considerável expressão a agricultura (6,4 % dos activos, em 1991), a pecuária (5,2 %) e a pesca (1,8 %). No secundário, destacam-se, além da construção civil (12,7 % dos activos), as indústrias de lacticínios (2,1 %), têxteis e confecções (1,1 %), madeiras e mobiliário (1 %) e edição e artes gráficas (0,6 %).

No terciário, além da repartição apresentada anteriormente, podemos destacar o comércio (14 % dos activos), mas o principal empregador é o sector público, que só na administração propriamente dita ocupa 11,2 % dos activos; o ensino (7,9 %) e as actividades de saúde (5,6 %) são outros domínios com forte expressão empregadora. A hotelaria e restauração emprega 2,6 % dos activos e os serviços financeiros 1,8 %.

No capítulo das infra-estruturas básicas (abastecimento de água, saneamento, electrificação e estradas) e dos equipamentos sociais, nomeadamente de ensino e saúde, verificaram-se sensíveis melhorias a partir dos anos 60, que desde então começaram a estender-se às freguesias rurais. Mas foi, sobretudo, a partir da criação da Região Autónoma dos Açores (em 1976), que as condições infra-estruturais do bem-estar social começaram a atingir os padrões dos territórios mais desenvolvidos do País. A adesão de Portugal à Comunidade Europeia (em 1986) constitui outro marco no desenvolvimento dos Açores, em geral, e do concelho de Angra do Heroísmo, em particular. A transferência expressiva de fundos comunitários tem permitido, por um lado, a consolidação da base económica local e a melhoria da competitividade, tanto pela adequação das infra-estruturas como pela capacitação dos recursos humanos, e, por outro lado, tem proporcionado significativos progressos na satisfação das necessidades básicas da população, através da provisão de infra-estruturas e de equipamentos sociais.

A população do concelho está praticamente (97 %) toda servida pela electrificação e 92 % dispõe de água canalizada no alojamento. O progresso material, nomeadamente os melhoramentos no capítulo das infra-estruturas, tem sido conseguido de forma sensata, permitindo a continuidade do bom nível ambiental e respeitando o património cultural, tanto na cidade como no campo. Este desempenho traduz-se no reforço da identidade, proporcionando ainda um recurso, explorado através da actividade turística. Jorge Gaspar (Out.1997)

ACTIVIDADES CULTURAIS Primeira cidade dos Açores (verdadeiramente «última do Velho Mundo e primeira do Novo Mundo»), sede do bispado, do corregedor das Ilhas e Alfândega principal das restantes, verdadeira capital político-administrativa do arquipélago, o engrandecimento de Angra permitiu (pela qualidade dos seus moradores e pelo enorme afluxo de muitas e variadas gentes, costumes e culturas) que nela desde cedo se promovessem as principais actividades de cariz cultural dos Açores.

Notáveis foram as festas, com danças, cortejos, prémios aos poetas que «com poesias latinas, portuguesas e castelhanas, melhor louvassem aos Santos, ou com mais erudição descrevessem alguns dos passos principais da sua vida», como se lê na Relação Geral das Festas que fez a Religião da Companhia de Jesus na Província de Portugal, na canonização dos gloriosos Santos Inácio de Loiola, seu fundador, e S. Francisco Xavier, Apóstolo da Índia Oriental, no ano de 1622, atribuída ao P.e Jorge Cabral.

Nessa época já em Angra/cidade foi possível assistir durante vários dias a uma variedade incontável de acontecimentos festivos e culturais protagonizados por estudantes, militares e uma multidão de figurantes em «chacotas, danças e folias» com a cidade iluminada com tochas e velas nas suas janelas, foguetes, rodas, buscapés, e «uma grande árvore de fogo, com bombas e foguetes voadores». E, também touros no terreiro da praça e de corda pela cidade, «vários em número».

E nos séculos seguintes, sendo Angra centro importante de governação político-administrativa e sede do bispado, não só em épocas marcantes mas também ao longo dos anos se realizaram eventos (em salões, particulares das suas casas nobres ou até públicos) de cariz cultural.

A 17 de Abril de 1830 saiu o primeiro jornal publicado em Angra, a Crónica da Terceira. E nos anos seguintes podem ler-se nos jornais sucessivamente publicados nesta cidade - A Crónica, Crónica dos Açores, O Liberal, o Observador, o Angrense, O Íris da Terceira, O Insulano e tantos, tantos outros (quase duzentos títulos) - notícias (bandos) com desenvolvida apresentação de eventos culturais celebrando datas das «Epochas mais gloriosas na História da Ilha Terceira» (O Angrense de 21.7.1838).

Ao contrário do que se verificou em numerosas regiões de Portugal, o aparecimento de associações culturais, ou recreativo-culturais (as «sociedades» como vulgarmente, nos Açores, se diz), no concelho de Angra (e na Terceira, de resto) não corresponde necessariamente a períodos imediatamente pós-«revolucionários» (v.g. implantação da República em 1910 ou, até, 25 de Abril de 1974).

De 1900 a 1920 não foi (tanto quanto é possível saber-se) criada qualquer associação deste género no concelho de Angra.

Após 25 de Abril de 1974 e com o apoio do FAOJ (Fundo de Apoio aos Organismos Juvenis) foram criados em quase todas as freguesias rurais da ilha Terceira «Grupos de Acção Cultural» predominantemente constituídos por jovens de ambos os sexos. Iniciou-se, então e aí, uma intensa actividade (grupos de teatro, salas de leitura, conjuntos musicais, etc.) nos meios não urbanos, abrupta e violentamente (nalguns casos) interrompida no Verão de 1975 com a extinção desses grupos e suas actividades.

Os seus membros foram, então, integrar associações já existentes constituindo, ainda hoje, importantes núcleos de animação sociocultural nessas instituições.

As primeiras associações constituídas no concelho datam do século xix e foram, na sua maioria, Sociedades Recreativas e Filarmónicas, a mais antiga das quais, ainda em plena actividade, foi a Sociedade Filarmónica Recreio Serretense (4.12.1873). Mas fundaram-se algumas outras que desempenharam um papel cultural importante na cidade, tais como: a Sociedade 22 de Junho de 1828, fundada em 1835, vocacionada para o teatro; um gabinete de leitura, no mesmo ano, que antecedeu a criação das bibliotecas municipais; em 1865, a Sociedade Promotora das Letras e das Artes e o Grémio Literário, no ano seguinte; em 1868, o Club Popular Angrense proporcionou aulas nocturnas e abriu uma biblioteca uns anos depois; em 1874, foi inaugurada a biblioteca do município e, em 1879, um museu terceirense. A cidade de Angra foi a primeira do arquipélago a assistir à projecção de cinema, em Agosto de 1898, no Teatro Angrense, actividade que se tornou regular a partir da Primeira Guerra Mundial.

Nos anos 20/30 constituíram-se as principais associações predominantemente desportivas. Mas a actividade musical e teatral, nas freguesias rurais, também se incrementou em torno da Acção Católica, nas décadas de 30 e 40. Também a partir destas décadas foram promovidas com regularidade, no liceu, conferências e festas de finalistas com actividade teatral.

Os anos 40 e 50 são os do aparecimento de agremiações viradas para uma exclusiva actividade cultural: o Instituto Histórico da Ilha Terceira, fundado em 1942, promotor de conferências públicas e colóquios científicos, editor de Boletim anual e de grande número de obras com interesse histórico e etnográfico e impulsionador do processo de classificação de Angra (sua zona central) na lista do Património Mundial da UNESCO e o Instituto Açoriano de Cultura (fundado em Maio de 1955, no Seminário Maior de Angra) que, tendo na sua génese um grupo de jovens professores do meio eclesiástico, quase todos formados em universidades estrangeiras, teve como objectivos «fomentar a cultura geral das classes mais responsáveis da sociedade açoriana», como escreveu Cunha de Oliveira. O IAC publica a revista Atlântida (com as variantes Atlântida - Ciências Sociais e Atlântida - Médica) e organizou dezenas de Semanas de Estudo, conferências, colóquios, exposições, inventários do acervo artístico e arquitectónico dos Açores, etc. A Academia Musical da Ilha Terceira (AMIT), com o seu quinteto de cordas e o Coro Padre Tomaz de Borba, vocacionada para a divulgação da música, foi, nos seus primeiros anos, praticamente a única escola de iniciação musical de Angra, verdadeira precursora do actual Conservatório. À AMIT, como promotora de concertos, se devem alguns dos maiores momentos musicais vividos na Terceira.

No Seminário Maior de Angra, surgiu também a Academia S. Tomaz de Aquino (constituída por alunos do referido Seminário) com grande actividade no meio local: colóquios, teatro, grupo coral e tuna.

Nos finais da década de 50, e nos anos 60, Angra (com o seu Rádio Clube de Angra, fundado nos anos 40, os seus dois jornais diários, A União e o Diário Insular e um quinzenário ergoterápico, O Irresponsável) é, seguramente, a cidade do arquipélago com vida cultural mais intensa e, até, mais rica.

É a época das páginas literárias «das Artes e das Letras», do poeta e jornalista João Afonso no Diário Insular, e do chamado movimento Gávea-Glacial com a revista Gávea (Emanuel Félix e Rogério Silva) e a página Glacial em A União com Carlos Faria, Emanuel Félix e outros. São também dessa época as primeiras Semanas de Estudo dos Açores, promovidas pelo IAC, e que constituíram factor de enorme relevância na transformação da mentalidade conservadora dominante na época.

Nos finais da década de 60, inícios de 70, surgem em Angra/cidade o Círculo de Iniciação Teatral da Fanfarra Operária (com José Orlando Bretão, Emanuel Félix, Leopoldino Tavares, Zeca Berbereia, Rui Neves, Manuel Ilídio e tantos outros). Tratou-se da primeira abordagem moderna nos Açores de «estudar teatro fazendo-o e de fazer teatro estudando-o».

Da mesma época é a Cooperativa Sextante (livreira e divulgação cultural) que, após ser encerrada pela polícia política (por actividades «subversivas»), se transformou na Galeria Degrau, com os mesmos sócios e objectivos: agir culturalmente sobre o meio terceirense e açoriano numa perspectiva de transformação da sociedade.

Notável, ainda, pelo seu pioneirismo a nível regional e, até, nacional, a acção desenvolvida no domínio da intervenção, pela cultura, em S. Mateus da Calheta, freguesia nos arredores de Angra, onde um grupo de professores e militantes cívicos fez operar, com assinaláveis êxitos, o método Paulo Freire no ensino de pescadores daquela localidade e na sua formação humanista e cultural.

Desta época são, ainda, os primeiros grupos etnográficos e de folclore criados no concelho.

Depois do 25 de Abril de 1974 criaram-se vários grupos corais, filarmónicos e de teatro.

Presentemente, o concelho de Angra conta com quatro grupos de teatro com actividade regular: o grupo de teatro *Alpendre, que é não só o mais antigo dos grupos em actividade nos Açores, como aquele que teve um papel fundamental no desenvolvimento e projecção do teatro nestas ilhas (com acções de formação e dezenas de encenações de grande qualidade); o grupo de teatro Pedra mó, dos Altares que, sob a orientação de Moisés Rocha, tem desenvolvido uma persistente e notável acção no meio onde se insere; o Teatro Experimental de Angra do Heroísmo - «O Outro Teatro», com encenações de grande criatividade e renovação no meio teatral dos Açores e, ainda, o Grupo de Teatro O Vila, da Vila de S. Sebastião, vocacionado para um teatro de pendor regionalista com apreciável aceitação popular.

Existem no concelho 19 sociedades filarmónicas (cf. quadro) com actividades regulares e, muitas delas, com escolas de iniciação musical, 8 grupos de recolha etnográfica e folclórica (danças e violas da terra), 5 associações culturais rurais (casas etnográficas, grupos de jovens e bibliotecas), 25 clubes desportivos (futebol, basquetebol, voleibol, hóquei em patins, ciclismo e atletismo) e ainda uma tertúlia tauromáquica, um cine-clube, uma sociedade columbófila e um prestimoso grupo espeleológico Os Montanheiros, com sede própria e responsável pela exploração das várias grutas e algares existentes nas ilhas.

Em Angra se iniciaram as jornadas do Festival Internacional de Música dos Açores e os dois importantes suplementos de Artes e Letras, ainda em publicação: no Diário Insular, o poeta Álamo de Oliveira dirige o «Vento Norte», e em A União, o Doutor Eduardo Ferraz da Rosa coordena o «Caderno de Cultura».

Angra tem duas estações particulares de rádio: o Rádio Clube de Angra e a Rádio Horizonte, bem como delegações da RTP e da RDP.

Sede da Secretaria Regional da Educação e Assuntos Sociais (com as respectivas Direcções de Educação, Cultura e Desporto) e de uma Casa da Cultura, Angra alberga ainda um importante museu, um centro de restauro de obras de arte, e um Conservatório para o ensino da Música.

Em 7 de Dezembro de 1983, Angra foi votada favoravelmente pelo Comité do Património Mundial para ser incluída na lista do Património Cultural da Humanidade.

Em 1984, o Governo Regional dos Açores classificou o centro de Angra do Heroísmo como Monumento Regional.

Em 1994, um grupo de artistas plásticos (José Nuno da Câmara Pereira, Renato Costa e Silva, José Guilherme Rocha e Silva, João Miguel Borba, José Orlando Bretão e António Azevedo) fundou a Associação Cultural Oficina d?Angra, que desde a sua constituição agregou um número crescente de artistas e desenvolveu grande actividade com a promoção de workshops, cursos, exposições, colóquios e, sobretudo, com a recuperação da «Casa do Sal», onde hoje tem instalada a sua sede, atelier e galeria que é, sem qualquer dúvida, um dos espaços mais bonitos e adequados para esse fim na cidade de Angra.

Todos os anos (na ilha Terceira e consequentemente no concelho de Angra) tem lugar, pelos 3 dias de Carnaval, um acontecimento hoje unanimemente reconhecido como o maior festival ou encontro de teatro popular que se faz no mundo da língua portuguesa: as Danças de Entrudo, que mobilizam milhares de participantes (actores, mestres, músicos) e que, cada ano, se apresentam através de dezenas de grupos (67 grupos em 1998) percorrendo toda a ilha e dando, em cada freguesia, espectáculos de teatro (dança ou bailinho) com «vidas de santos», casos da história, factos do dia-a-dia, para rir ou para chorar ou, até, para dissecar a vida política regional e nacional.

Toda esta pujança - sobretudo na sua vertente popular - torna a pequena ilha Terceira (e o seu concelho de Angra) num local de especial significado, ímpar nos Açores e até no próprio País. José Noronha Bretão (1999)

ACTIVIDADES ECONÓMICAS «Universal Escala do Mar Poente», como lhe chamou o cronista açoriano Gaspar Frutuoso, Angra foi porto de escala obrigatório, ao longo dos séculos xvi a xviii, ligando durante quase três séculos a Europa aos Novos Mundos. A prestação de serviços aos navios foi, neste período, um dos principais motores da economia. O aparecimento da navegação a vapor, a independência das colónias da América e a formidável concorrência das companhias holandesa e inglesa das Índias Orientais, cujo efeito se vinha acentuando desde 1600, determinaram, no primeiro quartel do século xix, o fim do papel de entreposto, o que provocou uma progressiva redução do protagonismo de Angra do Heroísmo no contexto dos Açores.

A agricultura tem sido desde o início do povoamento a actividade onde assenta grande parte da economia de todas as ilhas do arquipélago, tendo ocorrido uma sucessão de culturas ao longo do tempo, com os seus também sucessivos períodos de apogeu e declínio. E, associando a pecuária de início como seu complemento, mantém uma importância fundamental na estrutura económica do concelho, não só pela população que ocupa como pelo produto que gera. Na região, contribui com a maior fatia para o Produto Interno Bruto, embora com uma importância relativa em perda face aos restantes sectores. No entanto, o seu peso continua a ser grande face a uma indústria pouco desenvolvida e onde se destacam as indústrias agro-alimentares, especialmente as de transformação de lacticínios, mais um factor a contribuir para o desenvolvimento da produção agro-pecuária. O ordenamento da paisagem rural exige uma análise da ocupação do solo por classes de altitude. De facto, aqui, como em toda a região, o relevo e as suas implicações, nomeadamente no clima, é uma condicionante fundamental do uso do solo, essencialmente pelos valores crescentes de humidade relativa, factor favorável para o desenvolvimento de pastos de qualidade. São, assim, facilmente diferenciáveis áreas de ocupação agrícola e pecuária. Enquanto a área de culturas se estabelece até aos 350/400 m, predominando a policultura junto aos principais aglomerados e sendo nos últimos tempos crescente a área destinada a pastagens artificiais. Deste nível até aos 800 m encontramos, para além dos pastos naturais, uma ocupação florestal que pode descer a altitudes inferiores quando o solo não é propício à agricultura. Acima deste nível encontramos essencialmente matos espontâneos. As condições naturais são caracterizadas por um clima próprio, quer em resultado dos elevados e bem distribuídos valores de pluviosidade, que tornam desnecessária a rega, como pelas temperaturas moderadas, que variam entre limites favoráveis a muitos tipos de culturas. Estas condições permitem a existência de pastos permanentes e de uma produção muito rendível sem necessidade de grandes investimentos.

Os solos de origem vulcânica são predominantemente férteis, apesar das limitações impostas pelos declives acentuados e pelas correntes de lavas mais recentes, os chamados «mistérios», que ainda não sofreram uma evolução pedológica que permitisse o desenvolvimento da vegetação. Quando, por acção da água e de outros agentes de transformação da rocha, esta começa a desagregar-se e a permitir o crescimento de mais diversificadas formas vegetais, passa a chamar-se «biscoito». Das principais culturas praticadas, o trigo encontra-se desde há algum tempo em decréscimo em termos de área de cultivo e de produtividade. Tendo sido uma cultura com um papel fundamental no início do povoamento da ilha, satisfazendo as necessidades locais e abastecendo mesmo mercados externos, foi sendo substituído pelo milho, bem adaptado às condições edafoclimáticas, e que hoje é a cultura que ocupa a área mais extensa. Apesar disso e das progressivas melhorias nas técnicas de cultivo, a produção total não é suficiente para satisfazer as necessidades locais. A batata é também uma das principais culturas, com um aumento significativo da área ocupada e com um volume de produção importante. Dos pomares salienta-se a cultura dos citrinos, essencialmente laranja. Também longe de terem a importância do século passado, após a perda de competitividade nos mercados externos, onde assumia particular relevo a Inglaterra. Actualmente, viradas apenas para o consumo interno, viram a sua qualidade decair e foram, em alguns casos, substituídos pela banana, igualmente sem perspectivas de conquistar mercados externos. O tabaco, estando ligado às necessidades em matéria-prima das indústrias tabaqueiras da ilha, actualmente inactivas, ocupou uma área diminuta, em consequência da sua exclusiva ligação ao escasso mercado local.

Em relação à pecuária, as vantagens oferecidas pelas excepcionais condições naturais, fundamentais à actividade, como sejam a boa qualidade dos solos, a moderação da temperatura e os adequados valores de pluviosidade, favorecem principalmente, desde meados do século passado, um contínuo crescimento e, de algum modo, uma cada vez mais nítida especialização neste sub-sector que se tornou num dos mais importantes pilares económicos do concelho. Tal facto reflecte-se numa tendência para o abandono de áreas cultivadas em favor da pecuária. O clima da ilha permite que o gado possa ser deixado durante todo o ano sem abrigo, nas áreas de menor altitude, habitualmente preso a estacas colocadas de forma a que as pastagens sejam aproveitadas o mais organizada e completamente possível ou, nas altitudes maiores, condicionado por muros de pedra, sendo habitualmente transferido para áreas mais baixas nos períodos de pior estado de tempo. Os produtos resultantes da pecuária são dos poucos em que a ilha é excedentária, sendo mesmo um dos mais importantes pilares da economia. No entanto, por razões que têm a ver com a evolução dos preços (dos factores de produção e dos produtos) e da procura, nos últimos anos tem-se orientado cada vez mais o sub-sector para a produção de carne em detrimento do gado leiteiro. Tanto para as culturas agrícolas como para a pecuária, algumas características estruturais pesam negativamente no esforço para desenvolver o sector. Destas, destacamos a pequena dimensão e a extrema divisão e dispersão da propriedade, dificultando a mecanização e o transporte, aumentando os custos de produção e dos produtos, tornando a actividade pouco rendível e dificultando os investimentos. Apesar da existência de algumas estruturas ligadas ao sector, nomeadamente no campo do transporte e comercialização, registam-se ainda neste aspecto importantes carências que constituem, a jusante, limitações ao pleno desenvolvimento do sector.

A pesca, sendo uma actividade que ocupa apenas uma pequena parte da população activa, tem a apoiá-la os portos de Angra de Heroísmo, S. Mateus e Porto Judeu. Embora sejam desconhecidos ao certo os recursos existentes neste domínio, sabe-se que as potencialidades são elevadas. A débil estrutura que suporta esta actividade, em termos de meios para detecção, dimensão, qualidade e apetrechamento técnico dos barcos, e também a tradicional pouca importância do sector, leva a que se afigure difícil o desenvolvimento da actividade sem intervenções estruturais importantes. S. Mateus é a comunidade piscatória por excelência da ilha. Situada 3 km a oeste de Angra do Heroísmo, vê-se hoje investida nas funções de arrabalde dormitório da cidade. Possui um pequeno porto semiabrigado, com rampa para varagem de barcos. Porto Judeu é uma freguesia no leste da costa sul da ilha. A sua população é quase essencialmente de agricultores e a reduzida comunidade piscatória compõe-se mais por gente «safa» (hábil) nas lides do mar que por pescadores a tempo inteiro. Possui um pequeno porto desabrigado, com rampa de varagem. Para além dos portos referidos existem, dispersos pelo litoral, mais alguns pequenos portos desabrigados que, pelas dimensões e reduzido significado no conjunto da ilha, não merecem ser aqui referidos em termos de pormenor. Embora ainda hoje não haja conhecimento exacto das potencialidades piscatórias do mar dos Açores, são numerosas, e talvez relativamente abundantes, as espécies ictiológicas ao largo das costas.

A insipiente industrialização resulta essencialmente de factores limitativos para o seu desenvolvimento como o isolamento e suas consequências na difícil acessibilidade aos mercados, nos custos do transporte de matérias-primas e produtos e na fraca dinâmica empresarial. Predominam no concelho de Angra do Heroísmo as unidades agro-alimentares. Nestas, as de lacticínios têm grande importância, baseadas na matéria-prima local e com grande parte da produção destinada ao mercado exterior. Tendo tido importantes impulsos e apoios com incentivos e investimentos públicos e privados, sofre, no entanto, das dificuldades de uma rede de recolha com grandes obstáculos, resultantes da excessiva dispersão dos produtores de leite e das dificuldades de acessos. O ramo das indústrias de construção e obras públicas registou, após o sismo de 1980, um grande crescimento. Apesar de grande parte das obras, principalmente as de maiores dimensões, serem realizadas por empresas do Continente que, desta forma, poucos lucros trazem à economia local, efeitos multiplicativos através do incremento de outras indústrias, de actividades relacionadas com a construção, das actividades comerciais e até de uma nova mentalidade neste ramo da indústria constituem o lado positivo da situação criada.

Na ilha Terceira, os equipamentos turísticos concentram-se fortemente na zona classificada de Angra do Heroísmo. Da análise da evolução das dormidas e dos hóspedes na Terceira, podemos constatar dois períodos distintos. Antes da classificação da cidade em 1984, o número de hóspedes vai aumentando, o que pode ser explicado pela fase de descoberta dos Açores pelo turismo nacional, afastados dos destinos estrangeiros pela crise do escudo. Todavia, o que é porventura mais interessante é que o número de dormidas desce acentuadamente nesta cidade depois da destruição provocada pelo sismo de 1980, ou à existência de alojamentos alternativos para os agentes não residentes, encarregados desses trabalhos. Depois da classificação da cidade, o tempo médio de permanência de estrangeiros e de nacionais na Terceira aumenta progressivamente até atingir a média açoriana no ano de 1988. Todavia, em 1989 este indicador degrada-se de forma sensível tanto para a Terceira como para os Açores. Este tem sido agora o comportamento da procura. Relativamente ao desenvolvimento da oferta de camas e as respectivas taxas de ocupação, só existem dados disponíveis sobre o número de camas a partir de 1985, pelo que não é possível saber se o aumento do número de camas verificado em Angra do Heroísmo foi devido ao sismo ou se, de certa forma, se pode explicar por um aumento da oferta estimulada pelo crescimento da procura nos anos posteriores à classificação da cidade. Porventura ambos os acontecimentos terão sido responsáveis por este comportamento dos promotores privados, pois na Terceira, ao contrário do que aconteceu nas restantes ilhas, a oferta cresceu atomisticamente e não fruto de grandes hotéis ou de estalagens governamentais. É assim natural para esta ilha, tanto o aumento da oferta nos anos de 1985 a 1988, com a sua diminuição em 1989 e nos anos seguintes. Sem descurar mecanismos mais ao menos artificiais de sustentabilidade da oferta, a inversão desta tendência de diminuição das taxas de ocupação tem-se centrado na recuperação e desenvolvimento da imagem da cidade como Património Mundial, gozável activamente pelas pessoas que a visitam ao mesmo tempo que se tem procurado melhorar as disfunções da sazonalidade.

Na actualidade, e a partir da estrutura espacial da população activa por sector de actividade, para as freguesias do concelho, em 1991, é possível retirar três ideias mais marcantes. Em primeiro lugar, e como seria de esperar, regista-se a existência de três grandes áreas: o espaço do terciário, que inclui as freguesias tradicionais da cidade e ainda a Terra Chã e a Ribeirinha; o espaço do secundário, que se circunscreve às freguesias periurbanas de S. Mateus, Porto Judeu, S. Bartolomeu e, um pouco mais longe, Santa Bárbara; e o espaço do primário, que engloba as freguesias dos Altares, Raminho, Serreta, Doze Ribeiras, Cinco Ribeiras, S. Sebastião e Feteira. Em segundo lugar, e numa leitura um pouco mais aprofundada, verifica-se que, com excepção das duas freguesias mais remotas do Raminho e dos Altares, todas as outras apresentam valores consideráveis de população terciária e secundária. Esta situação pode ser explicada pelo facto de a área de influência dos movimentos residência-emprego, centrada em Angra, se estender até à Serreta mas, de alguma maneira, excluindo as duas freguesias mais remotas. Finalmente, são identificáveis algumas perturbações na estrutura previsível do comportamento espacial da população activa. Com efeito, é patente o empolamento do terciário na Terra Chã, motivado, certamente, pela localização da Universidade dos Açores nessa freguesia periférica. Igualmente se nota uma maior representatividade, relativamente ao esperado, da população activa no secundário na freguesia de S. Bento, a que não será alheia a concentração de algumas unidades industriais de razoável dimensão nessa freguesia.

O forte aumento do terciário tem expandido a área dos movimentos residência-emprego, ao mesmo tempo que tem estimulado a concentração das residências em torno dos locais de emprego terciário, mais próximo da cidade de Angra. No entanto, é interessante notar que a tendência para a terciarização, como se sabe fortemente dinamizada pela criação de emprego no sector público, tem vindo a diminuir, nomeadamente no início da década de 90. A ser assim, a quebra do emprego no sector primário, que se verificou com a integração progressiva no espaço comunitário, resultará não tanto na concentração da população em torno de Angra mas, muito provavelmente, na emigração e natural desertificação das áreas rurais da ilha. Édio Martins (Jul.1998)

Aspectos religiosos A partir da descoberta da ilha Terceira, a área geográfica correspondente ao concelho de Angra ficou desde logo submetida à Ordem de Cristo, situação esta confirmada por Calisto III, na bula Inter Caetera, de 13.3.1455. O governo espiritual era da responsabilidade do Prior ou Vigário Geral da Ordem, a quem competia nomear párocos que apoiassem os primeiros povoadores ilhenses, e enviar visitadores para o arquipélago, como sucedeu com D. João de Aranha, que terá estado em Angra no ano de 1487. O governo temporal era administrado pelo Grão-Mestre, responsável pela construção, conservação e provisão das igrejas insulares. Na altura da descoberta da Terceira, cabia ao Infante D. Henrique o grão-mestrado da Ordem de Tomar e terá sido no cumprimento desta função que o Infante ordenou a construção da igreja de Jesus Cristo em Angra, como faz questão de explicitar no seu testamento de 1460. Em 1495, com a subida ao trono do Grão-Mestre D. Manuel, a incorporação do grão-mestrado na Coroa não alterou a situação em vigor. Este regime particular das igrejas açorianas manteve-se em 1514, quando os Açores ficaram submetidos espiritualmente à recém-criada arquidiocese do Funchal, e em 3.11.1534, quando o papa Paulo III, pela bula Aequum reputamus, criou a diocese açoriana, dignificando a recente cidade de Angra como sede do novo bispado.

Cresceu a malha religiosa angrense, em resultado de uma mistura das vontades institucional e popular, pois tal como sucedeu em muitos outros aspectos, os primeiros habitantes reproduziram em Angra a vivência religiosa tardo-medieval que conheciam. Acompanhando o esforço evangelizador da Ordem de Cristo, foi a devoção dos novos povoadores que conduziu à edificação e ornamentação de muitas ermidas e altares que foram surgindo em diversas freguesias, como sucedeu com a ermida de Nª Sr.ª da Saúde, na Sé, erecta em 1560 por  António Pires do Canto; e a ermida de S. Ana, em S. Sebastião, edificada em 1568 pelo casal João Fernandes e Maria Fernandes. Ao escrever no final do século XVI, Gaspar Frutuoso indica que Angra já teria não só várias igrejas, como diversas ?ermidas muito bem fundadas e ornadas?.  Esta expressão devocional parece ter sobrevivido no decurso do tempo em determinados círculos sociais, pois ainda durante o século XIX foram edificados vários templos particulares, como foi o caso da ermida de S. João Baptista, em S. Mateus, construída em 1892 por João de Bettencourt Vasconcelos Correia e Silva, Fidalgo da Casa Real e 1º Visconde de Bettencourt.

Desde os inícios do povoamento que a espiritualidade angrense beneficiou, igualmente, da instalação do clero regular. Em primeiro lugar, destaque-se a presença dos franciscanos, que provavelmente terão desembarcado em Angra em 1456, durante a segunda viagem de Jácome de Bruges à Terceira. Aqui, edificaram um convento com a respectiva igreja, dedicada a Nª Sr.ª da Guia, local onde seria sepultado o irmão de Vasco da Gama, Paulo da Gama, no regresso da viagem marítima à Índia. Este mesmo edifício, em 1844, não só serviu para albergar o Liceu de Angra, como em 1862 serviu também para a instalação do Seminário então criado. Desde 1969, aí se encontra o Museu da cidade. Mas outros conventos rapidamente proliferaram na cidade de Angra, quer masculinos, quer femininos. É o caso do Convento de S. Gonçalo, cuja construção foi autorizada pelo Papa Paulo III em 1542, tendo como padroeiro Brás Pires do Canto, que serviu para nele se instalarem freiras clarissas, obedientes ao bispo de Angra desde 1585. Extinto em 1885, ano em que morreu a última religiosa, passou o edifício a servir para um recolhimento feminino. Em 1555, era criado em Angra um novo convento de clarissas, de invocação a Nª Sr.ª da Esperança, que teve uma fundação conturbada pela forte resistência que encontrou por parte do padroeiro do convento de S. Gonçalo e de outras entidades locais. Durante o século XIX, o edifício foi vendido em hasta pública, sendo adquirido por particulares. Em 1570, obedecendo a ordens régias, chegaram a Angra os primeiros jesuítas, com o objectivo de fundar um colégio nesta cidade para o ensino de Latim, Gramática e Moral. Instalados nos primeiros tempos na igreja de Nª Sr.ª das Neves, cedida por João da Silva do Canto, só em 1652 é que as obras do novo Colégio terminaram. Em 1766, este espaço foi utilizado para instalar a então recém-criada Capitania Geral e, com o advento do Liberalismo, aí se localizou a sede do Governo Civil. Actualmente, o edifício é ocupado por serviços públicos do Governo Regional. Em 1584 foi fundado, na zona da Guarita, o convento masculino de Nª Sr. da Graça, deslocando-se para o Alto das Covas, no decurso do século XVII, para o local onde hoje se situa a escola Infante D. Henrique. Durante o século XVII, surgiram três novos conventos em Angra: o de Nª Sr. da Conceição, fundado por bula de 5.8.1606, com o padroado de Pedro Machado Soto Maior, e que desde 1833 é pertença da Misericórdia angrense; o convento de Santo António dos Capuchos, com orago deste Santo, fundado em 1643 num terreno doado pelo capitão Roque de Figueiredo e sua mulher, Maria Rebelo, onde antes existira a ermida de S. Roque e situado, na época, fora dos limites citadinos (S. Bento). Extinto o convento em 1832, foi o imóvel utilizado em 1853 para aí se instalar o Asilo da Infância Desvalida, tendo sido parcialmente destruído no sismo de 1980. Finalmente, em 20.1.1668, Clemente IX autorizava o estabelecimento em Angra do convento feminino das Capuchas, que se localizou na ermida de S. Sebastião. Em 1846, a câmara municipal de Angra tomou posse do espaço para alojar a Cadeia Pública, edifício actualmente inexistente. A proliferação de todos estes conventos em Angra não nos surpreenderá, considerando que a dedicação à vida religiosa era, antes de mais, uma estratégia de gestão do património familiar e nem sempre reflexo de devoções pessoais. Tal facto alimentava uma forte ligação entre os espaços conventual e exterior, sem dúvida facilitada pela estatuto cosmopolita da cidade de Angra. Assim, em 1581, durante o conturbado período das lutas filipinas, Francisca de Cristo, abadessa do Convento de Nª Sr.ª da Esperança, e Fr. Manuel Marques, do Convento de S. Francisco, não deixaram de escrever à monarquia francesa, agradecendo-lhe o apoio prestado a favor de D. António, Prior do Crato. A par dos conventos, em meados do século XVII, edificou-se em Angra um recolhimento para mulheres desamparadas e viúvas: o Recolhimento de Jesus, Maria, José ou das Mónicas, em virtude da sua fundadora ter sido D. Mónica Maria  Andrade. Este espaço, reconstruído depois da sua parcial destruição causada pelo sismo de 1980, é actualmente utilizado como lar de idosos.

Mosteiros, igrejas e ermidas tinham ainda uma outra função: eram os locais de sepultura dos defuntos. A nobreza enriquecida requisitava ser enterrada junto das capelas e altares que tinha mandado edificar em vida, como sucedeu em 1518, quando o escudeiro João Martins Merens e sua mulher, Maria Luís, pediram para ser enterrados na capela que tinham feito no Convento de S. Francisco, em Angra. Também no seu testamento de 1768, a prioresa do Recolhimento das Mónicas pediu para ser sepultada junto ao coro desta ermida. Aos pouco abonados, restavam os locais menos privilegiados das igrejas ou os respectivos adros. No século XIX, instalar-se-iam em Angra os primeiros cemitérios públicos, como o cemitério dos Ingleses, criado em 1813; o cemitério dos Hebreus, que data de 1832; o cemitério de S. Catarina, fundado em 1821 na freguesia de S. Pedro; e o cemitério do Livramento, inaugurado em 1848.

 A religiosidade angrense manifestou-se, ainda, pela proliferação de comunidades religiosas, como as Confrarias e Irmandades, das quais se destacam as Confrarias do Smº Sacramento e as de Nª Senhora. Estas associações não só garantiam um apoio mútuo aos seus confrades, como empreendiam a organização de festejos religiosos, como se verifica com a  Confraria de Nª Sr.ª do Rosário, criada na Sé em 7.2.1586, responsável pela festa da Rosa, celebrada na 4ª Dominga da Quaresma. O já citado Gaspar Frutuoso escreve que havia em Angra cerca de 50 confrarias, todas elas sustentadas com esmolas dos populares. Existiam, igualmente, confrarias que agrupavam grupos sociais específicos, como é o caso da Confraria de Nª Sr.ª da Natividade, dos negros; e a Confraria do Corpo Santo, dos mareantes.

Responsável pela protecção da sociedade angrense era também a Misericórdia de Angra, criada por D. Manuel I, em 1498, junto ao Hospital do Espírito Santo, que já existia há seis anos. A responsabilidade da Misericórdia da cidade aumentava em função do valor estratégico do porto de Angra, pois não só tinha que cuidar dos doentes locais, como daqueles  que lá eram deixados pelas embarcações que escalavam a Terceira.  Assim, por alvará de 2.10.1621, a Coroa concedeu à Misericórdia de Angra a imposição da carne, vinho e azeite para suportar as despesas acrescidas. Também a vila de S. Sebastião (concelho extinto em 1870 e integrado no de Angra) possui uma Misericórdia desde 1571, a qual, no alvará de 10.4.1610, recebeu privilégios idênticos ao da sua congénere angrense.

Mas em Angra, o que mais se singulariza como estrutura de solidariedade religiosa são os Impérios. Segundo o pe. Alberto Pereira Rei, a devoção ao Espírito Santo teria sido introduzida em Angra pelo seu primeiro capitão, João Vaz Corte-Real, espalhando-se, depois, pelas restantes ilhas do arquipélago. O culto da Terceira Pessoa da Trindade adquiriu em Angra um valor ainda hoje indiscutível e bem visível geograficamente nas cores fortes e garridas que demarcam os templos dedicados a esta devoção. Segundo Pedro de Merelim, o Império terceirense mais antigo situa-se no Outeiro, na freguesia de Nª Sr.ª da Conceição, construído no século XV ou em 1670, segundo duas versões distintas. Abrilhantados no período dos festejos, entre a Páscoa e o Pentecostes, o número de Impérios não deixou de aumentar progressivamente, remontando a maior parte deles ao século XIX. Marca do vigor da religiosidade popular, que nem sempre a Igreja oficial aceitou pacificamente, a devoção à Terceira Pessoa da Trindade solidifica os elos entre a comunidade e entre a comunidade e o Divino, através da partilha de alimentos (Bodos ou Funções). Transplantado do continente para Angra, este culto sobreviveu aqui com um dinamismo que a metrópole não assegurou, provavelmente utilizado como estratégia de apaziguamento das intempéries da natureza insular (terramotos, fogos, erupções vulcânicas e pestes) muitas vezes interpretadas como expressão do descontentamento de Deus perante o seu povo pecador. Fr. Diogo das Chagas, na sua obra do século XVII, não tem dúvidas em considerar que a peste que alastra em Angra, em 1599, foi um castigo de Deus, fruto dos pecados da população.

Mas a devoção ao Espírito Santo, como estratégia apaziguadora do divino, foi acompanhada por outras manifestações religiosas com idênticos objectivos. Em Angra, o terramoto de 1571 levou a população a fugir para as igrejas e à realização de diversas procissões: recordados estavam os angrenses da destruição provocada pelo terramoto de 1522, em Vila Franca do Campo, na ilha de S. Miguel. O mesmo sucedeu nos tremores de terra que se fizeram sentir em 1614 e em 1647, que geraram muitas procissões, preces e penitências. Em 1755, quando a cidade foi invadida pelo mar, o povo fez ladainhas e uma procissão com a imagem do Senhor Santo Cristo, considerado como o protector da cidade. Quando em Janeiro de 1756, os terceirenses tiveram conhecimento do terramoto lisboeta de 1.11.1755, foram motivados pela Misericórdia de Angra a fazer preces por nove dias e procissões de três em três dias, para que o seu padroeiro os livre de semelhante tragédia. No entanto, as procissões, como fenómeno da religiosidade angrense, também se realizaram em situações de regozijo: em 1823, a notícia do regresso de D. João VI do Brasil gerou uma procissão que percorreu a maior parte das ruas da cidade, com as imagens de Nª Sr.ª da Boa Morte e do Smº Sacramento, acompanhadas por todas as Confrarias, Ordens Terceiras e Colegiadas não só de Angra, como de todas as freguesias vizinhas. Algumas desta procissões sobreviveram no tempo ou foram recuperadas: actualmente, ainda em Angra se realizam as procissões do Senhor Jesus dos Passos, no Segundo Domingo da Quaresma, que sai da Igreja de Nª Sr.ª da Conceição, para onde a imagem é transferida na véspera, da Igreja do Colégio; a procissão do Senhor Morto, na Sexta-feira Santa; a procissão do Corpo de Deus, na primeira Quinta-feira a seguir à Trindade; a procissão dos Enfermos, em que estes são visitados pelo Sagrado Viático; e a procissão de Nª Sr.ª do Carmo, realizada a 16 de Julho.

Como sede do bispado, Angra usufruiu, desde sempre, de um estatuto religioso superior às demais localidades açorianas. Contudo, na perspectiva da hierarquia diocesana, a população local enfermava dos mesmos vícios religiosos que muitas outras populações insulares apresentavam. O trabalho aos Domingos e dias santos, a demasiada intimidade entre homens e mulheres, o descuido para com o Sacramento da Confissão e com o acompanhamento do Smº Sacramento, as ausências na missa são apenas alguns dos erros que a Igreja oficial descobriu, à medida em que as visitas pastorais foram o sendo efectuadas ao longo do tempo. Assim, teremos que considerar que a proximidade geográfica com a Sé de S. Salvador não permitiu diferenciar as práticas e as devoções religiosas angrenses das demais exercidas no seio do arquipélago dos Açores, talvez por uma fiscalização ineficaz ou por uma carência de meios. Outro motivo poderá ser a má formação do clero que, como instrumento mediador entre as directrizes diocesanas e os leigos, falhava no seu desempenho. Em Angra, a instrução do clero era, basicamente, exercida nos conventos franciscano e jesuíta. Alguns estudantes conseguiam, depois, prosseguir os estudos nas universidades continentais: no Arquivo dos Açores encontramos listagens que nos indicam que, na Universidade de Coimbra, para o período de 1573?1730, havia cerca de 71 alunos terceirenses no curso de Cânones e 7 no curso de Teologia; enquanto que na Universidade de Évora, entre 1569 e 1687, apenas se contabilizam 3 alunos de Teologia. Mas em Angra, a formação dos futuros clérigos seria ameaçada em dois momentos. Primeiro, no século XVIII, pelo encerramento do Colégio dos Jesuítas. Segundo, na centúria seguinte, pelo decréscimo do ensino franciscano, em virtude dos decretos liberais sobre a extinção das ordens religiosas. Foi, pois, tardia a fundação do Seminário angrense, apesar das sucessivas ordens régias ordenando a sua criação, a primeira das quais data do reinado de D. Sebastião, em consonância com as directrizes tridentinas. Somente em 1862 se inaugurava, no edifício do Convento de S. Francisco, o Seminário Diocesano, no qual se passaria a leccionar as disciplinas de História Eclesiástica, Teologia Dogmática Geral, Teologia Dogmática Especial, Filosofia do Direito, Direito Canónico, Direito Eclesiástico, Teologia Moral, Teologia Pastoral e Hermenêutica. Susana Goulart Costa (1999)

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