Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Graça, João José da

 [N. Horta, 15.4.1836 ? m. ibidem, 14.9.1893] Jornalista, político, advogado e professor. Sem qualquer curso médio ou superior, mas dotado de grande inteligência, ele próprio orientou o seu estudo.

Foi o introdutor da imprensa nas ilhas do Faial, com o jornal Incentivo Fayalense (1857), e da Graciosa, com o jornal O Futuro (1866). Na Horta, redigiu ainda A Torcida (1858), O Atlântico (1862), A Horta, A Palavra (1868), Correio da Horta (1869), O Tribuno (1871), A Verdade (1874), O Observador (1874), Porto Franco (1877) e A Regeneração (1880) com Luís de Barcelos, «Vida Nova» (1892) e, em Angra do Heroísmo, colaborou em A Terceira (1862), e fundou O Eco Açoriano (1863), o O Eco Agrícola (1864), ambos de vida efémera, de que foi redactor e proprietário, e O Futuro (1866), que havia de continuar na ilha Graciosa, a partir do número 12, com data de 4 de Agosto, até ao número 17, com data de Setembro, todos do mesmo ano.

Como advogado, na Horta (1868-1886) e, fugazmente, em Vila Franca de Xira (1866-67) revelou-se conhecedor profundo da ciência jurídica e notável na eloquência das suas alegações.

Como professor ensinou inglês e francês, segundo método «sumário e intuitivo», primeiro, na Horta, na sua casa da rua do Arco, e depois em Angra, entre 1862 e 1866, e novamente na Horta, a partir de 1867, no liceu de que também foi reitor, desde 1892 até à sua morte.

Como presidente do município (1882-1886) foi profícuo na remodelação dos serviços, no saneamento das finanças e na realização de melhoramentos vários. É da sua presidência o código de postura em vigor até aos nossos dias, a instalação da Biblioteca Pública Municipal (1886) e a posse definitiva do edifício onde funciona a sede do município. Também foi presidente da Junta Geral do Distrito (1878). Sócio fundador da Sociedade Humanitária de Literatura e Agricultura (1879) e da Sociedade de Regeneração da Infância (1884).

Representante, nos Açores, do Grande Oriente Lusitano, foi elemento activo da maçonaria tanto em Angra do Heroísmo (Loja Democracia e Tolerância) como na Horta (Loja Regeneração). A sua actividade esteve ainda ligada a diversas agremiações culturais. Em Lisboa, foi membro do Centro Promotor das Classes Laboriosas e da Civilização Popular. Em Angra do Heroísmo, integrou o secretariado da Sociedade Agrícola e da Comissão para desenvolver a Instrução Geral do Povo e em especial a Biblioteca. Na Horta, foi impulsionador do estabelecimento do *Grémio Litterário Fayalense e da Sociedade Humanitária de Literatura e Agricultura, ligados à loja maçónica Regeneração e à Caixa Económica Luz e Caridade, desde 1880, e era sócio-correspondente da Sociedade de Geografia de Lisboa, que tinha uma secção em funcionamento junto ao Grémio.

Deixou impressos alguns trabalhos, didácticos e apologéticos.

Na parte norte da cidade da Horta, a antiga Ladeira de Santo António, onde se localiza a casa que habitou, hoje tem o seu nome. Na Praça da República, também na Horta, um medalhão evoca-o como introdutor da imprensa. A casa onde nasceu, na rua Comendador Macedo, ostenta uma placa comemorativa do seu nascimento. Luís M. Arruda

Obra: (1858), Método de Ollendorf para aprender inglês. Horta, Typ. do Incentivo. (1863), Novo método para aprender inglês pelo systema de Ollendorf adaptado aos portugueses. (1.a parte). Angra do Heroísmo, Typ. da Terceira. (1865), Discurso sobre a Maçonaria. Angra do Heroísmo, Typ. do Futuro. (1866), Discurso na sessão do banquete que a R. L. Cap. Democracia e Tolerancia ao valle d?Angra do Heroismo offereceu ao seu Ven. na noite de 12 de Maio de 1866 celebrando a sua despedida deste valle para o da ilha Graciosa. Angra do Heroísmo, Typ. do Futuro. (1866), As primeiras letras: methodo racional ou deductivo para aprender a ler com a maior suavidade e rapidez a lingua portuguesa. Santa Cruz da Graciosa, Typ. do Futuro [1.o livro impresso na ilha Graciosa; 2.a edição, (1870), Horta]. (1869), Compêndio da gramatica franceza. Horta, s.e.. (1870), Aritmética oral e escrita. Horta, Typ. de J. B. Badella. (1870), Compêndio de gramatica ingleza. Horta, Typ. de João José da Graça Jr.. (1873), Estatutos do Grémio Litterário Fayalense. Horta, Typ. de A. A. Xavier. (1877), Defeza oral dos crimes d?envenennamento e bigamia julgados nas audiências geraes do segundo semestre do anno de 1877 na commarca da Horta. Horta, Typ. de Clarimundo d?Athayde Pestana. (1877), A existência de Deus pela simples indicação das inúmeras maravilhas da natureza. Lisboa, Typ. dos Marianos [2.a edição, (s. d.), Lisboa, Imprensa Beleza].

 

Prefaciou: (1864), Estatutos maçónicos formulados em harmonia com a Constituição da Maçonaria Portuguesa. Angra do Heroísmo, Typ. de M. J. P. Leal. (1877), Poesia ao Tejo de Roque Barcia. [Tradução de Augusto Bulcão]. Horta, Typ. de Francisco P. de Mello.

 

Bibl. Goulart, O. (1929), João José da Graça. O eco cedrense, Ano II n.o 4 de 25 de Abril. Greaves, M. (1953), As Gentes das Ilhas. Profesor João José da Graça. Revista Açores-Madeira: 14-15. Id. (1958), Outras Histórias que ouvi. Horta, edição da família do autor. Homenagem e gratidão. João José da Graça (1957). Correio da Horta, n24 de Julho, o 7502: 56. Lima, M. (1943), Anais do Município da Horta. Famalicão, Of. Gráficas Minerva. Lobão, C. (2001), João José da Graça / Florêncio Terra: «In Memoriam». Horta, Clube de Filatelia «O Ilhéu». Rocha, E. (1989-90), João José da Graça: subsídios para o estudo da sua vida e obra. Boletim do Núcleo Cultural da Horta, 9: 51- 67. Ronda ao caminho da imprensa (1959). O Telégrafo, Horta, 31 de Maio. Rosa, J. N. (1938), Na ocurrencia de um centenario. O Feminino, 15 de Dezembro. Terra, J. F. (1929), A propósito desta publicação. O Feminino, 30 de Outubro.