Fundado em Ponta Delgada a 18 de Abril de 1835, é, desde há mais de um século, o mais antigo jornal português e um dos mais antigos da Europa. A Biblioteca Açoriana, em 1888, já assinalava que O Açoriano Oriental era «o mais antigo de todos os jornais portugueses». Apenas, na Europa, The Times (1785) consegue ter prioridade na sobrevivência; e, em todo o Brasil, o Jornal do Comércio, do Rio de Janeiro.
Fundado na época da vigência efectiva da Carta Constitucional, o nome «Açoriano Oriental» provém do facto de Ponta Delgada ser a capital da então Província Oriental dos Açores, formada pelas ilhas de S. Miguel e Santa Maria.
O jornal surgiu como símbolo dos ideais democráticos e da defesa de uma imprensa livre e isenta, ao serviço dos açorianos. O seu fundador, Manuel António de Vasconcelos, elaborou um estatuto editorial que permanece válido, e onde consagra o direito de resposta; e afirmou, no seu primeiro editorial, que estava ao serviço das «positivas convenções liberais dum Povo». Colocou no cabeçalho um açor segurando a Carta Constitucional e a seguinte passagem de um poema de Filinto Elísio: «Tu sacudiste o vergonhoso encargo / Que a imprensa abafava o claro grito / Tu a remiste, ela hoje te liberta.»
O Açoriano Oriental era um hebdomadário político e noticioso, de política regeneradora. O seu fundador foi o primeiro jornalista profissional de S. Miguel. Para o lançamento do jornal destaca-se o contributo do Dr. António Ferreira Borralho, faialense, médico municipal em Ponta Delgada, e que possuía um pequeno prelo de escritório que trouxera de Coimbra e em que se imprimira, naquela cidade, A Voz da Razão, de José Anastácio da Cunha, em 1822, e uma pequena porção de tipo gasto e em péssimo estado, com que se imprimiu o Açoriano Oriental até ao n.º 8, em mau papel almaço. O jornal foi impresso na casa ao cimo da Lombinha dos Cães, hoje Rua António Borges, e que era residência do fundador e de seu irmão, José Maria da Câmara Vasconcelos.
Entretanto, em 20 de Agosto de 1836, ao sair o n.º 70, assumiu a chefia de O Açoriano Oriental, até 1837, Francisco Xavier Jácome Correia, tio-avô do marquês de Jácome Correia. Era, então, impresso na Rua Direita do Peru. Sucedeu-lhe Frederico Jácome Correia, de 1837 a 1838, ano em que, no mês de Agosto, aparece como editor Francisco Joaquim Pereira de Macedo, seguido, de Novembro de 1838 a Março de 1839, por Francisco Manuel Raposo de Almeida, e, até 1840, por José Inácio Rebelo de Medeiros. Francisco Joaquim Pereira de Macedo, farmacêutico, recebeu o semanário, na qualidade de proprietário e director, em Fevereiro de 1841, e, nessa posição se manteve, até que a morte o colheu, em Junho de 1879.
Neste tempo, o Açoriano Oriental tinha redacção e oficinas na Praça Velha, actual Praça da República. Foi na directoria de Pereira de Macedo que entrou para a tipografia, ainda muito novo, José Inácio de Sousa, seu colaborador durante catorze anos e que lhe sucedeu, primeiro como gerente e, depois, como director, de 1879 até ao termo da vida, em 1915. Nessa altura, o Açoriano Oriental tinha a sede numa casa na esquina da Rua do Brum com a Rua da Cadeia (Rua do Açoriano Oriental, desde 1910).
De 1915 a 1920, esteve à frente de o Açoriano Oriental Augusto Inácio de Sousa, como editor-gerente. Era irmão de José Inácio de Sousa. De Abril a Dezembro de 1920, lia-se no cabeçalho do jornal: «Gerentes, Proprietários e Editores - José Inácio de Sousa, Sucessores». Mas estas funções estavam personificadas no tenente Luís Teixeira Baptista, ligado pelo casamento à Família Sousa. De 15 de Janeiro de 1921 a 19 de Março de 1927, foi director e proprietário o professor liceal Dr. Horácio Rodolfo Pinheiro. Sucedeu-lhe, na propriedade, de 1927 a 1929, seu pai, Manuel da Silva Pinheiro. O director do jornal, de 7 de Maio de 1927 a 16 de Novembro de 1929, foi o Dr. Lúcio Agnelo Casimiro, que deu ao semanário a feição de uma atraente revista. De 23 de Novembro de 1929 a 10 de Março de 1962, foi proprietário e director Manuel Ferreira de Almeida, com Dinis José da Silva como redactor-chefe. Foram porfiadas as diligências de Ferreira de Almeida para garantir a regular publicação do decano da imprensa portuguesa.
Foi no tempo de Ferreira de Almeida, em Dezembro de 1941, que o Açoriano Oriental foi «homenageado com Placa de Honra pelo Secretariado Nacional da Informação, Cultura Popular e Turismo». Dinis Pimentel da Silva foi director de 18 de Março a 14 de Julho de 1962, data em que foi rendido pelo Dr. José de Oliveira San-Bento, que se manteve no cargo de 21 de Julho de 1962 a 15 de Junho de 1963.
Entretanto, o eng. José Honorato Gago da Câmara de Medeiros, visconde do Botelho, assumiu posição na firma proprietária Manuel Ferreira de Almeida, Herdeiros. O Açoriano Oriental passou a ser propriedade da Finançor - Sociedade Financeira de Investimentos e Gestão Açores, S.A.R.L., empresa de que era sócio maioritário o visconde do Botelho. Indigitado para director, o Dr. Filomeno da Câmara Melo Cabral, exerceu esta função de 22 de Junho de 1963 a 29 de Julho de 1967, tendo como chefe de redacção, primeiramente, o jornalista Manuel Ferreira, e, depois, António José Fraga Brum.
Manuel Ferreira organizou o «Encontro da Imprensa», em 25 de Abril de 1964, para assinalar o 130.º aniversário de o Açoriano Oriental. Entretanto, por volta de 1966, a sua sede foi transferida para o edifício, na Praça Gonçalo Velho, limitado pelas Ruas Manuel da Ponte e do Melo. O Dr. José da Silva Fraga, continuando Fraga Brum como chefe da redacção, foi director, de 5 de Agosto a 28 de Outubro de 1967. De 4 de Janeiro de 1975 a 27 de Dezembro de 1977, foi director de o Açoriano Oriental o professor e investigador histórico Luciano de Resende Mota Vieira e que já colaborava no jornal desde os anos 40. Até 1977, foi redactor principal Sílvio do Couto Pereira, um dos jornalistas pioneiros do emissor regional dos Açores, nos anos 40. O Açoriano Oriental continuou nas antigas instalações, primeiro no rés-do-chão, com entrada pela Praça Gonçalo Velho, depois no 2.º piso, com entrada pela Rua Manuel da Ponte.
Em Outubro de 1978, o visconde do Botelho vendeu as suas acções na Finançor, mas conservou a titularidade de o Açoriano Oriental que vendeu, pouco depois, à Impraçor, S. A. A partir de 3 de Janeiro de 1979, o Açoriano Oriental passou a publicar-se, diariamente, tendo como director o jornalista Gustavo Moura que já era director do diário Açores e que passou a semanário. A sede dos dois jornais, agora comum, ficou na Rua Dr. Bruno Tavares Carreiro, n.º 38. Assim, o Açoriano Oriental, de semanário político e noticioso transformou-se num diário de grande expansão regional. Manuel Jacinto de *Andrade, que já chefiava a redacção do diário Açores, passou a chefiar a redacção de o Açoriano Oriental.
O Açoriano Oriental foi agraciado, em 9 de Junho de 1989, pelo presidente da República, Mário Soares, que visitou a sede do jornal durante a sua Presidência Aberta nos Açores, com o título de Membro Honorário da Ordem do Infante Dom Henrique. O sesquicentenário de o Açoriano Oriental foi assinalado com a emissão de uma medalha e uma exposição documental sobre a «Simbologia do Açor», coligida por Manuel Ferreira e inaugurada, a 18 de Abril de 1986, no Auditório de Ponta Delgada. O jornalista João Paz Soares Botelho foi promovido a subdirector e os jornalistas Isilda da Boanova Medeiros e João Alberto Medeiros a chefes da redacção de o Açoriano Oriental.
O jornal é, actualmente, propriedade da AÇORMÉDIA - Comunicação Multimédia e Edição de Publicações, S. A., sendo impresso na COINGRA - Companhia Industrial Gráfica dos Açores, Lda., com instalações no Parque Industrial da Ribeira Grande.
O Açoriano Oriental continua a ser, não só o jornal mais antigo de Portugal, mas também o diário de maior tiragem da imprensa açoriana. É essencial para a informação e debate dos problemas dos Açores e dos açorianos e elo de aproximação de todos os que vivem na Região Autónoma. M. J. Andrade (Abri.1996)
Bibl. Andrade, M. J. (1994), Jornais Centenários dos Açores. Gabinete do Subsecretário Regional da Comunicação Social. Ferreira, M. (1994), Manuel António de Vasconcelos, o 1.º jornalista micaelense e o Açoriano Oriental. Ed. Impraçor. Valdemar, A. (1996), Os 200 anos de Manuel António de Vasconcelos. Diário de Notícias (suplemento de cultura), 4 de Abril.