[N. Ponta Delgada 13.3.1856 -m. ibid., 1.1.1941] Mineralogista, engenheiro e professor. De família hebraica, tinha quinze anos quando foi enviado por seu pai, para a Alemanha, onde frequentou a Escola Técnica Superior de Hanover e a Escola de Minas de Clausthal. Em 1878, era engenheiro e, em 1881, doutor em Filosofia pela Universidade de Gotinga. A sua tese sobre a cristalografia do mineral russo Perowskit foi premiada e publicada pelo governo alemão.
Regressado a Portugal, aceitou, em 1885, ser professor de Mineralogia e Geologia no Instituto Industrial e Comercial de Lisboa, onde revolucionou a prática do ensino desta disciplina. Implantada a República, foi convidado a instalar o Instituto Superior Técnico, de que foi professor e director, e onde também teve oportunidade de renovar os métodos de ensino. Publicou vários artigos sobre assuntos da sua especialidade e ainda trabalhos sobre reforma pedagógica.
Foi construtor, restaurador e coleccionador de violinos. As lições de acústica a que assistira na Escola de Hanover, em que se repetiram algumas das conhecidas experiências de Savart e se explicaram os resultados dos seus estudos, levaram-no a empreender a construção do seu primeiro violino, em 1874. Foi na oficina, em Hanover, do dinamarquês I. Eritzoe, durante muitos anos contramestre da casa August Rilchers, que trabalhou com assiduidade e entusiasmo, durante todo o ano lectivo de 1874-5, quando interrompeu os estudos para aprender a arte de construir violinos. Mas, os seus instrumentos eram absolutamente simétricos na curvatura dos tampos e no contorno da costilha, portanto um pouco diferente do tradicional que havia aprendido com Eritzoe, a que aplicava verniz de composição sua, com elasticidade, transparência e brilho característicos.
Reformou-se em 1920, quando passou a residir em Ponta Delgada mas de onde se ausentou durante algumas visitas ao continente e ao estrangeiro. Dois anos depois, no seguimento da morte de seu pai, José Bensaúde, passou a administrar a empresa que este havia fundado em S. Miguel. Luís M. Arruda (Jul.1999)
Obras principais (1881), Uber den Analcim. Inaugural-Dissertation zur Erlangung der Philosophischen Doctorwürde an der Georgia Augusta zu Göttingen, Stuttgart. (1881), Beiträge Zur Kenntniss der Optischen Eigenschaften des Analcim. Nachrichten von der Königl. Gesellschaft der Wissenschaften und der Georg-Augusts-Universität zu Göttingen, Sitzung. (1882), Ueber den Perowskit. (Gedruckt mit Unterstützung des Königlichen Preussischen Culturministeriums) Von der Philosophischen Facultät der Universität Göttingen gekrönte Preisschrift. Göttingen. (1884), Da Incongruencia entre a Observação e a Theoria em alguns Crystaes Cubicos. Tese de concurso para lugar de professor de mineralogia e geologia do Instituto Industrial e Comercial de Lisboa. (1884) Note sur la nature minéralogique de quelques instruments de pierre trouvés en Portugal. Congrès International d'Anthropologie et d'Archéologie, Lisbonne, 1880. Lisboa, Academia Real das Ciências: 682-697. (1888), Note sur l?Azorite de S. Miguel (Iles Açores). Bulletin de la Société Francaise de Minéralogie, Paris. (1892), O Diamante. Revista de Sciencias Naturaes e Sociaes, 2, 8, Porto. (1893), Anomalias Opticas de Crystaes Tesseraes. Jornal de Sciencias Mathematicas, Physicas e Naturaes, 35-37, Lisboa. (1894), Beiträge zu Einer Theorie der Optischen Anomalien der Regulären Krystalle. Lisboa. (1895), Alguns Topicos de uma Theoria das Anomalias Opticas dos Crystaes. Revista de Sciencias Naturaes e Sociaes, 4, 14, Porto. (1895), Note sur la Corrosion d'un Alun Biréfringent. Communications de la Commission des Travaux Géologiques du Portugal, 3, 1, Lisboa. (1896), Die Wahrscheinlichen Ursachen der Anomalen Doppelbrechung der Krystalle. Lisboa. (1905), Uma concepção evolucionista da música: As canções de F. Schubert. Lisboa, Liv. Clássica. (1909), Le tremblement de Terre de la Vallée du Tage du 23 Avril 1909 (Note Prèliminaire). Bulletin de la Société Portuguaise de Sciences Naturelles, 3: 90-129. (1911), Études sur le Seisme du Ribatejo du 23 Avril 1909. Lisboa [em colaboração com Paul Choffat]. (1920), Note sur la descloizite de la mine de Perguiça (Sobral de Adiça). Bulletin de la Société Portugaise des Sciences Naturelles, VIII, 2: 154-156. (1921), Quartz noir recouvert d?autumite de la mine d?urane de Viaris (Baião). Ibid., IX, 1: 40-44 [em colaboração com G. Costanzo]. (1922), Le Quartz Noir de la Mine Radifère de Viaris (Portugal). Le Journal de Physique et de Radium, (6), 3, Paris [em colaboração com G. Costanzo]. (1936), Vida de José Bensaúde. Porto, Litografia Nacional. (1938), Sôbre a Açorite Variedade do Zircão. Açoreana, 2, 1: 15-19. (1939), Rochas Silicatadas por Aguas Minerais e Opala Comum na Ilha de S. Miguel. Ibid., 2, 2: 67-78.
Bibl. Arquivo da Administração do Concelho de Ponta Delgada (Ponta Delgada), Livros de Registo de Nascimentos, termo de 29.3.1856, nº 2491. Ferreira, E. (1941), Doutor Alfredo Bensaúde, o professor e o mineralogista. Açoreana, 2, 4: 175-182. Os Açores, Revista Ilustrada (1928), O Dr. Alfredo Bensaúde construtor de violinos. Ponta Delgada, (2), 7: 18,19 e 33.