[N. Fontinhas, ilha Terceira, 27.2.1951] Iniciou os estudos secundários no então Liceu Nacional de Angra do Heroísmo, mas logo emigrou com a família para os Estados Unidos, indo fixar-se em Porterville, no Vale de São Joaquim, na Califórnia.
Logo se desloca para a área da grande Los Angeles, onde completa os estudos secundários, na Chino High School. Estuda, em seguida, na California State University (Fullerton), onde obtém uma licenciatura em Estudos Latino-Americanos e na mesma universidade faz estudos de pós-graduação em Literatura Americana e Literatura Comparada. Em seguida, concluídos os estudos pedagógicos no Chapman College (Fullerton), lecciona na Escola Secundária de Cerritos, Califórnia.
Vamberto Freitas começa então a distinguir-se pela qualidade da sua actividade jornalística, publicando em jornais norte-americanos de língua portuguesa; nesse período, é nomeado correspondente estrangeiro na Califórnia do Diário de Notícias (Lisboa), funções que exerce de 1979 até 1991, data em decide fixar-se nos Açores, em Ponta Delgada.
Regressado aos Açores, ao mesmo tempo que continua a colaborar no suplemento literário do Diário de Notícias, presta colaboração, por um breve trecho, à RTP-A e ingressa, como Leitor de Língua Inglesa, na Universidade dos Açores. É nomeado representante da Assembleia Legislativa Regional dos Açores no conselho nacional de opinião da RDP, cargo que exerceu por cerca de três anos.
Com o seu regresso e a sua entrada como docente da Universidade dos Açores, Vamberto Freitas inicia um período de afirmação como crítico literário. Estudioso e admirador do crítico norte-americano Edmund Wilson, que nas décadas de 20 e 30 do século passado exerceu grande influência na crítica norte-americana, a sua área de interesses incide sobre a new world fiction, a literatura da emigração portuguesa e, de forma especial, sobre a literatura açoriana e a chamada «literatura étnica» norte-americana, com particular enfoque sobre a geração de escritores luso-descendentes, emergente nos finais do século XX.
A par da docência, a sua actividade de crítico literário revela-se muito produtiva, com a publicação de uma dezena de livros e de grande número de títulos em revistas e suplementos culturais, ao mesmo tempo que participa, com comunicações, em jornadas e congressos de literatura norte-americana e cultura açoriana, no Canadá, Estados Unidos da América, Portugal (Açores, continente e Madeira), e em outros países.
Em 1995, fundou o SAC, Suplemento Açoriano de Cultura, caderno literário do Correio dos Açores (Ponta Delgada), que coordenou até à sua extinção, em 2001. Em 2003, funda o SAAL, Suplemento Açoriano de Artes e Letras, publicado como caderno autónomo da revista Saber/Açores (Ponta Delgada).
A sua intervenção neste campo incute uma nova dimensão e um novo sopro ao suplementarismo literário, em particular nos Açores, conferindo-lhe um papel destacado no panorama da crítica literária, de modo especial no universo de referência cultural de raiz açoriana. Marcolino Candeias
Obras principais. (1990), Jornal da Emigração. A L(USA)lândia Reinventada. Angra do Heroísmo, Gabinete de Emigração e Apoio às Comunidades Açorianas. (1992), Pátria ao Longe. Jornal da Emigração II. Ponta Delgada, Signo. (1992), O Imaginário dos Escritores Açorianos. Lisboa, Salamandra. (1993), Para Cada Amanhã. Jornal de Emigrante. Lisboa, Salamandra. (1994), América. Entre a Realidade e a Ficção. Lisboa, Salamandra. (1995), Entre a Palavra e o Chão. Geografias do Afecto e da Memória. Ponta Delgada, Jornal de Cultura. (1998), Mar Cavado. Da Literatura Açoriana e Outras Narrativas. Lisboa, Salamandra (1999), A Ilha em Frente. Textos do Cerco e da Fuga. Lisboa, Salamandra. (2002), O Homem que era feito de Rede, trad. do conto de Katherine Vaz, Man Who Was Made Of Netting. Lisboa, Salamandra. (2002), Jornalismo e Cidadania: Dos Açores à Califórnia. Lisboa, Salamandra (2002).
Adenda
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Foi Leitor de Língua Inglesa na Universidade dos Açores de 1991 a 2020. Continua a colaborar em vários periódicos do arquipélago e da Diáspora com textos de crítica literária e cultural. No Brasil, tem colaboração no suplemento Cultura do Diário Catarinense e na revista Cartaz: Cultura e Arte, ambos de Florianópolis, Santa Catarina, assim como no Jornal de Letras, Rio de Janeiro. Colaborou ainda com as revistas Vértice e LER, e esporadicamente com o JL (Lisboa). Ao longo dos anos, participou em congressos e colóquios em Portugal, nos Estados Unidos, Canadá e Brasil. De 1995 a 2000, coordenou o Suplemento Açoriano de Cultura (SAC) do Correio dos Açores, e de 2003 a 2006, dirigiu o Suplemento Atlântico de Artes e Letras (SAAL) da revista Saber Açores. Pertence a alguns anos ao Conselho Consultivo da Gávea-Brown: A Bilingual Journal Of Portuguese-American Letters And Studies, à Comissão Editorial do Boletim do Núcleo Cultural da Horta e ao Interdisciplinary Journal of Portuguese Diaspora Studies.
Tem publicado inúmeros estudos críticos e ensaios sobre as literaturas norte-americana e açoriana e algumas traduções, principalmente da poesia de Frank X. Gaspar. Mantém atualmente a página semanal de crítica literária BorderCrossings no diário Açoriano Oriental (Ponta Delgada) e a coluna Nas Duas Margens no semanário Portuguese Times (New Bedford), e colabora com alguma regularidade na página literária Maré Cheia do Portuguese Tribune/Tribuna Portuguesa (Modesto, Califórnia). Coordena o suplemento literário e cultural Açoriano Oriental Artes & Letras, com Álamo Oliveira. Publicou crítica literária e ensaio durante algum tempo no jornal “i” de Lisboa.
A nível de distinções, recebeu em maio de 2015 a Insígnia Autonómica de Reconhecimento da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, em 2017 recebeu o Certificate of Special Congressional Recognition (in recognition of outstanding and invaluable service to the community), do Congresso dos Estados Unidos da América e ainda o Certificate of Recognition/2017 Most Valuable Portuguese American Awards, conferido pelo Tulare County of Supervisors, assim como o Literary Award/Through literary analyses to the Portuguese-American World, de SOPAS_MVPA-2017.
Das obras publicadas destaca-se a compilação das críticas literárias BorderCrossings que em 2021 já vai no sexto volume com o mesmo nome. Ranu Costa (2022)