[N. Angra do Heroísmo, 9.2.1884- m. Furnas, ilha de S. Miguel, 11.8.1947] Estudou no Liceu da sua cidade natal, mas completou o curso do Liceu em Lisboa. Licenciou-se em Direito na Universidade de Coimbra, onde participou activamente na greve académica de 1907, colaborou na Alma Académica e dirigiu a Revista Atlântida. Coimbra, onde desenvolveu o seu ideal republicano, marcou-o profundamente como político e como escritor. Foi nestas duas vertentes que se veio a destacar quando regressou a Angra do Heroísmo, onde seguiu uma carreira de advocacia e de notário, ocupando o lugar de director da Secretaria Notarial. Como político, foi o primeiro governador civil do distrito de Angra do Heroísmo após a proclamação da República, cargo que exerceu entre 5.10.1910 e 17.2.1912. Foi eleito deputado pelo círculo de Angra do Heroísmo, primeiramente nas eleições suplementares de 1913 e, depois, pela União Republicana, na IV Legislatura (1919-1921) e senador em 1921, ocupando ainda nesse ano o lugar de Chefe de Gabinete de António Granjo, durante o curto governo deste. Foi de novo senador pelo mesmo círculo em 1925-26. Presidiu à Junta Geral do distrito, em 1918, e ainda à Câmara Municipal da sua cidade.
Dentro das hostes republicanas foi um moderado. Com o fim da 1ª República retirou-se da política activa, refugiando-se nos seus livros e estudos históricos.
Era um orador notável, quer como chefe político, quer como conferencista. Foi sócio fundador do Instituto Histórico da Ilha Terceira, em 1942, quando esta agremiação pretendeu superar o vazio no campo cultural do Estatuto Autónomo das Ilhas Adjacentes.
Como escritor, dedicou-se, sem êxito, à poesia, que abandonou, e à literatura de viagens, relatando impressões das suas deambulações pela Europa. A sua obra fundamental, porém, é no campo da historiografia, essencialmente com estudos referentes às viagens de açorianos no Atlântico Norte e no descobrimento da América, mas a sua obra mais notável é Ruas da Cidade. É um escritor exigente para com a sua prosa e grande cultivador da forma e frase burilada, ligado à escola ultra-romântica, o que não deixa, hoje, de prejudicar os seus escritos.
Foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem de Leopoldo da Bélgica. J. G. Reis Leite (Jul.2000)
Obras Principais (1912), Vagidos (primeiros versos). Angra do Heroísmo, Sousa e Andrade. (1934), Longe do meu horizonte: Crónicas de viagens. Angra do Heroísmo, Tip. Medina. (1943), José Fernandes Lavrador. Angra do Heroísmo, Instituto Histórico da Ilha Terceira. (1944), A descoberta da Terra Nova do bacalhau. Angra do Heroísmo, Instituto Histórico da Ilha Terceira. (1945), A propósito da descoberta pré-colombiana de terras da América. Angra do Heroísmo, Instituto Histórico da Ilha Terceira [polémica com Duarte Leite]. (1947), Ruas da Cidade (notas históricas e anedóticas. Subsídios para a toponímia da cidade de Angra). Angra do Heroísmo, Instituto Histórico da Ilha Terceira. (1985), Ruas da Cidade e outros escritos. Angra do Heroísmo, Instituto Histórico da Ilha Terceira [compilação dos seus principais trabalhos].
Bibl. Arquivo da Assembleia da República (Lisboa), Ficha biográfica de H. F. O. Braz. Afonso, J., Forjaz, J. e Leite, J. G. R. (1985), A figura e obras de Henrique Braz In Ruas da Cidade e outros escritos, Angra do Heroísmo, Instituto Histórico da Ilha Terceira: 9 e segs.