[N. Ponta Delgada, 18.1.1928] Frequentou o Liceu Nacional de Antero de Quental na mesma cidade e iniciou a sua carreira académica na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra em 1951. Licenciou-se em Filologia Românica, em Lisboa, com dissertações em Linguística e Literatura (ano lectivo de 1976). Ensaísta, dramaturgo e principalmente poeta do modernismo se revelou Eduíno com o maior destaque. Interessado em divulgar na sua terra a nova moda literária, fundou, juntamente com outros companheiros de tertúlia, à data finalistas do secundário, uma espécie de cenáculo a que se chamou Círculo Literário de Antero de Quental. Em breve, este grupo de rapazes passou a ser notado no meio citadino, o que não era muito difícil de acontecer pois a sociedade onde surgiu o «Grupo do Jade» (como também era conhecido ? por frequentar um bar deste nome) tinha a modesta dimensão da insularidade e os tempos iam por uma estrita fiscalização por parte de quem governava. Por essa altura (1947-1948) Eduíno de Jesus publicou um artigo no jornal Correio dos Açores intitulado «O que se deve entender por uma Literatura Açoriana» que antecedeu cinco anos o de Borges Garcia sobre o mesmo tema.
São diversos os estudos e prefácios deste autor que então foram aparecendo na imprensa insular e que dedicou a autores nascidos nos Açores, entre os quais destaco: prefácio à Antologia de Poemas de Armando Côrtes-Rodrigues; prefácios a Rosas que vão abrindo de Vergílio de Oliveira (Ponta Delgada, 1956); a Poemas de Madalena Férin (Ponta Delgada, 1957). Ensaio sobre Natércia Freire intitulado O Conhecimento Poético, depois publicado no livro desta autora Os Intrusos (Lisboa, 1971), e reproduzido nas suas Obras Completas. Prefaciou ainda a Obra Completa do poeta António Moreno (pseudónimo do padre José Jacinto Botelho da ilha de S. Miguel, nos Açores).
Outros estudos de Eduíno de Jesus, agora já não sobre autores açorianos: Afonso Duarte e Vincent Van Gogh (1955); prefácio a Sombras no Espelho ? Contos de Pina d?Emarghi (1960). Lirismo e Auto-Ironia ? a máscara do sentido social na poesia de António Manuel do Couto Viana (1971).
Na sua obra poética publicada, é de destacar Caminho para o Desconhecido (1952); O Rei Lua (1955); A Cidade Destruída durante o Eclipse (1957). Esta nova moda poética leva muita gente a pensar que a poesia se tinha tornado uma arte frívola e vã. A poesia de Eduíno de Jesus está traduzida em francês, por Gaston Henri Aufrère. Ultimamente Eduíno de Jesus publicou Os silos do silêncio, antologia de poesia (1948-2005) editada pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda, na Biblioteca de Autores Portugueses, com prefácio de António Manuel Conto Viana e posfácio de Onésimo Teotónio Almeida.
Também escreveu teatro. Apesar de episódica, a escrita dramática de Eduíno de Jesus é significativa. Na sua comédia em um acto Cinco Minutos e o Destino afirma-se partidário da «arte pela arte»: as personagens são remetidas ao anonimato e designadas no diálogo cénico pelo papel que desempenham...
Em Coimbra, em 1951, funda com Jacinto Soares de Albergaria, a «Colecção Arquipélago» que publica Bruno T. Carreiro (investigador e ensaísta), Vergílio de Oliveira (poeta), Madalena Férin (poeta e novelista) e outros. Na mesma cidade universitária, colabora nas revistas Vértice e Estudos e em 1958, a convite do poeta Couto Viana, na Graal.
Foi conselheiro pedagógico do Ministério da Educação Nacional e, nessa função, colaborador em estudos literários e linguísticos ? como em Sintaxe Básica do Português, 1982. Também participou em Introdução à Semiologia de Toussaint (1994). Em 1979 a Universidade Nova de Lisboa convida-o para reger a cadeira de Teoria da Literatura (1979-1980). Convidado também da Universidade Clássica, ali leccionou História da Literatura Portuguesa, até ao ano 2000.
Para a Televisão Portuguesa, produziu e dirigiu os programas literários quinzenais «Convergências, Livros & Autores» (1969-1974).
É director da Revista de Cultura Açoriana, órgão da Casa dos Açores em Lisboa. Fernando Aires