Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Machado, José Augusto Simas

[N. Braga, 25.7.1859 ? m. Lisboa?, 16.3.1927] Era filho do picoense (?) António Simas Machado que abandonara os Açores integrado no Exército Libertador e se fixara no continente. Estudou no Liceu de Braga e assentou praça em 1875, matriculando-se na Escola do Exército onde fez o curso da arma de Infantaria, foi sucessivamente promovido a alferes, em 1881; tenente, em 1886; capitão, em 1845; major em 1906; tenente-coronel, em 1910; coronel, em 1912 e general, em 1917.

Simas Machado aderiu à República, que defendeu à frente do batalhão de Caçadores 4 das incursões monárquicas no Norte de Portugal e por isso, ainda que tenha sido eleito deputado à Constituinte, pelo círculo de Barcelos, só chegou ao parlamento em Agosto de 1911. Na política republicana pertenceu ao Partido Evolucionista de António José de Almeida e depois, com Egas Moniz, ao Partido Centrista, para ser um apoiante activo de Sidónio Pais e finalmente filiado no Partido Liberal. Foi deputado nas legislaturas de 1915 e 1918, por Lisboa e em 1921 senador por Braga.

Na sua carreira militar, brilhante, comandou o Caçadores 5 (1910-1912), foi inspector da arma de infantaria na 3.ª Divisão do Exército e quando promovido a general comandou a 7.ª Divisão. Distinguiu-se sobretudo na Flandres, na I Guerra Mundial, como comandante da 2.ª Divisão do Corpo Expedicionário Português.

Em Março de 1918 (decreto n.º 3.986, de 26 de Março) o governo sidonista criou a figura do alto comissário do governo nas ilhas dos Açores com os mais amplos poderes e competências políticas e administrativas, com residência em Ponta Delgada onde se havia instalado uma base naval americana. Escolheu Simas Machado para esse cargo que ocupou entre Abril de 1918 e Março de 1919.

A sua função e acção foi olhada com alguma desconfiança pela opinião pública, por ter como comandante militar uma tão grande intervenção política a favor do sidonismo. Pela portaria de 14 de Abril de 1918 regulou as eleições presidenciais e para deputados e senadores no arquipélago. Aproveitou o auxílio americano para o combate à gripe espanhola, que grassava em S. Miguel. Foi oficialmente muito louvado pela sua acção.

Acabada a sua função de alto comissário regressou ao continente e foi nomeado comandante da 6.ª Divisão, até 1921, e depois da 5.ª Divisão (1921-1925) e por fim da 1.ª Divisão, pedindo a exoneração quando se deu o 28 de Maio de 1926.

Foi da sua iniciativa a consagração do soldado desconhecido na sala do capítulo no Mosteiro da Batalha, presidiu ao Conselho de Arte e Arqueologia de Coimbra e pertenceu à Maçonaria, desde 1893.

Era condecorado com a grã-cruz da Ordem de Avis, a medalha de prata de bons serviços e a de ouro de serviços distintos. Recebeu ainda a medalha Navy, dos Estados Unidos da América, e a de St. Michael e St. George, da Grã-Bretanha. J. G. Reis Leite

Fontes. Arquivo Histórico Militar (Lisboa), cx. 1601.

 

Bibl. Grande Enciclopédia Portuguesa Brasileira (s.d.). Lisboa, Editorial Enciclopédia, XXIX: 34-35. Marques, A. H. O. (coord.) (2000), Parlamentares e ministros da 1.ª República (1910-1926). Lisboa, Assembleia da República e Edições Afrontamento: 275-276.