[N. Angra do Heroísmo, 4.1.1865 ? m. ibid., 15.6.1927] Governador civil, poeta e dramaturgo. Filho de um tanoeiro, estudou em Angra e partiu para Coimbra, em 1884, onde fez os preparatórios para frequentar Medicina, tendo concluído a formatura em 1892. Aluno excelente, foi premiado em todos os anos da licenciatura, mas recusou o convite para leccionar na Universidade. Regressado a Angra, abriu consultório, exercendo clínica geral e oftalmologia. Foi médico municipal na Praia (1895) e em Angra (1896), delegado de saúde do Distrito (1900-1919), ano em que foi promovido a guarda-mor de saúde e subinspector (1926). Em 1899, integrou uma missão encarregada de estudar a peste bubónica em Espanha, França e Inglaterra. No regresso, ficou algum tempo no Porto, a combater aquela epidemia, cuja experiência lhe foi muito útil no tratamento da mesma na ilha Terceira, em 1908. Foi várias vezes agraciado pelos serviços prestados à comunidade, como por exemplo a medalha de Filantropia e Caridade, em 1906.
Para além de médico, foi professor no Liceu (1918-1927) de Ciências Naturais e de Química. Dedicou-se ao cultivo de flores, tendo feito várias exposições em Angra. Como poeta, publicou dois pequenos livros, situando-se «entre os epígonas do parnasianismo, ao mesmo tempo que a propensão à melancolia e um delicado sentimento de inutilidade da vida o aproxima da revivescência romântica do fim-de-século» (Lisboa, 1990: 496). Como amante do teatro, escreveu algumas comédias de costumes sobre a vida local e traduziu outras de dramaturgos estrangeiros, como Quintero, Louis Solonet, Pierre Veber, Adrian Vily, Jacques Normand e Marie Tierry. Amador musical, compôs a partitura para a opereta Rosas e Crisântemos, da sua autoria.
Foi ainda colaborador de vários jornais, membro da Comissão de Estudo e Propaganda da Autonomia Administrativa dos Açores (1893), governador civil da Horta, durante três meses, em 1906, vice-presidente da comissão administrativa da Junta Geral (1908) e presidente da Cozinha Económica Angrense. Politicamente, alinhou com João Franco, no Partido Regenerador Liberal, tendo sido membro da direcção no distrito (1904).
No ano seguinte ao da sua morte, a Junta Geral resolveu atribuir o «Subsídio Dr. Lino», anual e no valor de cinco contos, a um aluno que revelasse aptidões artísticas excepcionais e que pretendesse continuar os seus estudos superiores. A Câmara Municipal de Angra resolveu homenageá-lo com um pequeno busto, no jardim da cidade, em 1949. Carlos Enes