Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

música nos Açores

  1. Introdução
  2. Música Folclórica
  3. Música Religiosa
  4. Música Operática
  5. Teatro popular musicado
  6. Filarmónicas
  7. Música Popular Urbana

 

1.                   Introdução

Para o povo açoriano a música foi, desde sempre, o principal entretenimento de expressão artístico-cultural. As mais antigas referências da presença de músicos, instrumentos e práticas musicais eruditas ou populares nestas ilhas encontram-se no Livro IV de Saudades da Terra de Gaspar Fructuoso. A música popular com os seus balhos e cantares, que embora difiram de ilha para ilha e mesmo de freguesia para freguesia, apresentam elementos comuns de métrica, melodia, harmonia e poética. Contudo, é no século XIX e início do século XX que, influenciada pelos ideais iluministas, pelo cosmopolitismo proporcionado, pelas trocas comerciais e pelo mecenato da nova burguesia, a arte dos sons assume importante relevo na sociedade açoriana. Incrementa-se a música nos saraus privados da aristocracia e nas sociedades recreativas e salas de espectáculo públicas, apresentando artistas locais, nacionais e internacionais que faziam destas ilhas porto de passagem nas suas tournées à Europa. Em 1922, a instituição da Academia Musical de Ponta Delgada, perpetuou o gosto pela arte dos sons ministrando o ensino musical e instrumental, sendo uma das principais promotoras da actividade musical. Em 1964 passou a Conservatório Regional de Ponta Delgada, oficializando o ensino da música. Ana Gaipo

 

2.                   Música Folclórica

A origem da raiz da música tradicional açoriana remonta aos costumes dos primeiros povoadores. Na sua maioria, desde o século XV (ca. 1475), data do povoamento destas ilhas, as gentes que por aqui se fixaram eram de origem portuguesa, contando-se unicamente com alguns estrangeiros vindos da Flandres. Assim, o folclore açoriano não é mais do que o folclore português transplantado para o arquipélago isto é, uma sub-cultura do português. O isolamento das ilhas e os costumes trazidos pelos primeiros habitantes subsistiram durante séculos, embora não estivessem alheios às naturais transformações proporcionadas pela criação do povo que assimilando, adaptando e plagiando, cria através da apropriação de novos elementos, adaptando-os às suas peculiares condições de vida. Algumas das melodias sofreram alterações tão profundas que apenas se lhes poderá reconhecer o nome. Outras criaram-se e constituíram-se como um todo de características próprias e que transparecem a índole do ambiente açoriano e seu respectivo sentido de identidade.

Os cantares e as danças juntavam os povos, geravam motivo de convívio e acompanhavam o trabalho, os folguedos da desfolhada e da matança do porco, bem como festividades profanas de carácter religioso. Eram acompanhados pela viola da terra ou viola de dois corações a que se lhe juntavam outros instrumentos de construção rústica como as castanholas ou trincadeiras, os testos ou pratos, o pandeiro, entre outros. A viola da terra é o principal instrumento do folclore açoriano. Aqui se terá instalado aquando da chegada dos primeiros povoadores destas ilhas. De singulares características físicas e sonoras, «criadas» ao longo do tempo no isolamento das ilhas, fazem com que se diferencie das suas semelhantes continentais ? Braguesa e Amarantina. A viola passou a ser não só importante na música mas também como elemento detentor de status social a quem a tangesse. Todo o noivo que se prezasse deveria conter no dote uma viola. O tocador de viola não se limitava a acompanhar a dança e a observar quem dançava, mas também iniciava os balhos, envergando a sua viola, como que num gesto de chamamento à dança.

A mais antiga recolha do folclore açoriano, com transcrições de melodias tradicionais açorianas, data de 1901, e foi efectuada por um erudito e músico local, Manuel Tavares *Canário, intitulada Balhos Micaelenses. Contudo, o início do processo de recuperação, preservação e revivificação da herança cultural açoriana, afirmando um sentimento sociocultural marcado pela identidade, deu-se com a formação, em 1954 do Grupo Folclórico Tavares Canário, primeiro a formar-se na ilha de S. Miguel, por iniciativa do folclorista Padre José Luís de Fraga. Agrupamento de carácter radiofónico, constituído por dois tocadores de viola da terra (Constantino Amaro e Manuel Libório Raposo) e três vocalistas (Herculano Silva, António Armando e Manuel Inácio de Melo). Executavam modinhas açorianas recolhidas por José Luís de Fraga. Em 1955, na perspectiva de recuperar não só os cantares mas também os balhos a eles associados formou-se, em Ponta Delgada, o primeiro grupo folclórico com cantadores, instrumentistas, trajes e coreografia, o Grupo Folclórico S. Miguel. Formado por individualidades micaelenses das quais se destacam Armando Cortes-Rodrigues, Francisco Carreiro da Costa, Luísa Athaide da Costa Gomes, Margarida Moura e João da Silva Jr.. Estes procederam à recolha musical e coreográfica dos cantares e balhos que, na ocasião, ainda eram balhados nas Sete Cidades, freguesia situada no interior da ilha de S. Miguel e a mais próxima da cidade de Ponta Delgada. Colaboraram nesta recolha o professor de dança, José Bento Soares da Silva, a professora de música Lygia de Mattos, o músico e compositor Tenente Francisco José *Dias e ainda alguns exímios tocadores de viola da terra. Os trajes foram igualmente recriados com design de Lygia de Mattos, baseados em iconografia e descrições antigas. Deste trabalho inicial resultou o levantamento de balhos considerados actualmente como repertório do folclore micaelense dançados por todos os grupos folclóricos: Balho Furado, Tanchão, Manjericão, Raminho de Salsa, Sapateia, Pézinho da Vila, Pézinho Velho, Chamarrita, Balho de Santa Maria, Irró, Saudade, Balho da Povoação, Cana Verde, Bela Aurora, Balho dos Fenais e Lélé.

Entre 1952 e 1960, financiado pela Junta Geral do Distrito Autónomo de Angra do Heroísmo e pelo Instituto Cultural de Ponta Delgada, Artur Santos efectuou um levantamento etnomusicológico nas ilhas de Santa Maria, S. Miguel e Terceira do qual resultou uma valiosa colectânea discográfica. O repertório das ilhas dos grupos central e ocidental foi contemplado com Balhos, rodas e cantorias: subsídios para registo do folclore das ilhas do Faial, Pico, Flores e Corvo de Júlio de *Andrade, seguindo-se Cantares Açorianos (1964) do padre José Luís de Fraga e Cantigas do povo dos Açores do tenente Francisco José Dias (1981). Estes trabalhos sumarizam os muitos espécimes músico-coreográficos açorianos que se estendem pelas nove ilhas, divergindo umas das outras por subtis variantes de métrica, harmonia, melodia e poética. Uma análise musical às cantigas do folclore açoriano revela-nos simplicidade na estrutura rítmica e nas linhas melódicas, manifestando-se no predomínio dos intervalos de segunda e terceira maior e menor. O andamento lento das mesmas é acompanhado e reforçado pelos movimentos lentos das danças.

Paralelamente às melodias que se fixaram associadas a uma coreografia e a uma poética estão as cantigas ao desafio ? canção individual ou em grupo, constituída por quadras improvisadas, em despique entre dois cantadores. As melodias que acompanhavam estas canções eram as dos balhos mais praticados pelos povos como o Balho Furado ou o Pezinho. As quadras eram aproveitadas para a sátira social podendo ser de tema livre ou previamente acordado e que levava à vitória de um dos adversários. Entre os cantadores ao desafio açorianos destacaram-se Maria Angelina de Sousa ? «Turlu», José de Sousa Brasil ? «Charrua» [cf. Charrua, O], ambos da ilha Terceira e Mestre João Plácido de Medeiros de S. Miguel. Estas práticas musicais eram utilizadas nas ocasiões de lazer como a matança do porco ou as desfolhadas, onde se reuniam amigos e vizinhos para ajudar no trabalho.

Do folclore açoriano fazem também parte os tradicionais cantos profanos que embelezavam ocasiões de índole religiosa como o peditório ao Menino Jesus, as Janeiras ou os Bons Anos, os Reis, as Estrelas e Espírito Santo. Eram cantados pelas ruas, aquando da celebração de cada uma destas festividades religiosas, com quadras de enaltecimento à ocasião festejada. A Folia era constituída por um pequeno grupo de homens ? Foliões ? que tocavam viola da terra, ferrinhos, pandeiro, rebeca ou violino e por cantadores que lançavam bonitas quadras rimadas a enaltecer a festividade. Ana Gaipo

 

3.                   Música Religiosa

Desde o século XV que igrejas e conventos foram, nos Açores, embora com maior intensidade na ilha de S. Miguel, os principais centros produtores da música religiosa. Ambos desempenharam uma elevada missão social, não só de âmbito moral mas também de instrução, beneficência pública e da educação artística que se estendeu à música, tendo ficado memoráveis as capelas de alguns conventos. Assim nos relatam as mais antigas crónicas sobre a historiografia destas ilhas: Saudades da terra de Gaspar Fructuoso e Crónicas da província de S. João Evangelista das ilhas dos Açores de Frei Agostinho de Monte Alverne. O florescimento desta prática poderá correlacionar-se com o final do período do povoamento e com a institucionalização social. A música acompanhava as cerimónias litúrgicas havendo referências a missas cantadas, horas canónicas, procissões e outras. Todas as capelas primavam pela qualidade da música instrumental e coral, possuindo quase todas, cargos eclesiásticos como um organista e um mestre de capela. Este último tinha a seu cargo o ensino da música, do canto e de instrumentos. Entre as pontuais composições inéditas para as festividades religiosas de cada convento ou igreja, prevalecia a prática musical do cantochão. A primazia dada ao cantochão era em obediência a determinações superiores que, por vezes, lhes vedava a utilização de determinadas execuções musicais. No século XVI Fructuoso documenta a importância da produção e actividade musical da Sé de Angra e principais igrejas das vilas de S. Miguel, destacando a presença dos seus mestres de capela. Nos séculos seguintes a historiografia refere-nos uma constante actividade da prática e também composição musical litúrgica nas ilhas, em especial, no século XIX, a importância da imensa obra do ilustre padre Joaquim Silvestre Serrão, de onde se destacam as suas inéditas Matinas para a 5ª e 6ª Feira Santa.

Da prática religiosa fazem também parte os cantos das romarias quaresmais, singulares da ilha de S. Miguel. São uma manifestação de intenção penitencial que, segundo fontes antigas, remontam ao século XVI na sequência de abalos sísmicos e erupções vulcânicas que aterrorizavam a população micaelense. Nelas a música desempenha um papel de relevo. O principal cântico entoado pelos romeiros é o da Ave Maria, seguindo-se a recitação dos terços com as orações ao Pai Nosso, Salve Rainha e Credo, entre outras preces inerentes a este cerimonial. As melodias apresentam características modais e são executadas de forma monódica.

O órgão era o principal acompanhamento à música religiosa. Instrumento que teve o seu período áureo no século XVII e primeira metade do século XVIII assumiu, tal como a sua música, características próprias nos diferentes países. Os órgãos que se desenvolveram em Portugal e Espanha, designados de «órgão ibérico», constituem-se de características singulares que os distinguem dos europeus. Os seus registos de palheta expressam uma sonoridade penetrante e estridente, cujos tubos se encontram na parte exterior da caixa na posição horizontal e o seu teclado, «partido» em dois, permitindo execuções com registos independentes entre o registo grave e o agudo, designado de «meio-registo». O órgão ibérico apresenta, por isso, uma grande versatilidade técnica e tímbrica. Estas particularidades permitem-lhes ter um repertório específico, muito rico e muito característico, destacando-se as Batalhas. Por todo o arquipélago açoriano abundam, ainda hoje, depois de cuidadosamente recuperados, mais de meia centena de órgãos ibéricos. Na sua maioria são instrumentos de tamanho médio ou órgãos de armário. Datam do século XVI as mais antigas referências à presença e à actividade de organistas e organeiros em algumas das paróquias. Contudo, é no século XVIII que incrementa a sua construção nas ilhas, na maioria provenientes do continente, das escolas de organaria nacionais, destacando-se os dois principais organeiros, cujas obras se encontram nos Açores, António Xavier Machado e Cerveira e Joaquim António Peres Fontanes. Ana Gaipo

 

4.                   Música Operática

O conhecimento da prática regular de música operática na ilha de S. Miguel remonta à década de 1850. No então Teatro de S. Sebastião apresentavam-se excertos das óperas mais em voga na época, como Il Bravo e Il Giuramento de Mercadante, Atilla e Nabucco de Verdi e La Sonnambula de Bellini, por artistas portugueses e estrangeiros que nas suas viagens transatlânticas repousavam na ilha. O domínio da ópera italiana por toda a Europa na primeira metade de oitocentos fez-se sentir nos Açores na segunda metade do século com a construção de três teatros: na Horta em 1856, em Angra em 1860 e em Ponta Delgada em 1864. Este último, o Teatro Micaelense, era um teatro de modelo italiano para espectáculos músico-teatrais, inclusive a ópera, com características arquitectónicas italianas e com um sistema produtivo que inicialmente tencionava ser semelhante ao italiano mas que, por razões de insularidade, se teve de adaptar a todas as circunstâncias. Tornou-se a maior casa de espectáculos dos Açores desde 1864 até 1917 ? data da abertura do Coliseu Avenida ?, apresentando ópera italiana, zarzuela e ópera cómica portuguesa em temporadas que nem sempre se realizavam anualmente (por exemplo entre 1864 e 1900 foram 14). Do repertório italiano destacam-se: Trilogia (Rigoletto, Il Trovatore e La Traviata), Ernani, Un Ballo in Maschera e Luisa Miller de Verdi; La Sonnambula e Norma de Bellini; Il Barbiere di Siviglia de Rossini, Favorita, Lucia di Lammermoor e Lucrezia Borgia de Donizetti. Do espanhol: Jugar con Fuego de Barbieri, Marina e El Dominó Azul de Arrieta, El Juramento e Los Magyares de Gaztambide, e La Tempestad de Chapi.

As companhias de ópera cómica portuguesa inauguraram-se no Teatro Micaelense na década de 1890 com uma repertório constituído essencialmente por traduções e adaptações de operetas e vaudevilles franceses tais como: La Mascote de Audran e La Grande-Duchese de Gérolstein de Offenbach.

A par das temporadas líricas, a actividade operática em S. Miguel era mantida pelos professores de música locais e por alguns amadores que se apresentavam no Teatro Micaelense com números de óperas italianas mas também francesas, da autoria de Bizet, Gounod e Meyerbeer. Os séculos XX e XXI não retomaram a actividade lírica regular de outrora, limitando-se a proporcionar espectáculos pontuais por profissionais quer nacionais quer estrangeiros em companhias ou individualmente, de indiscutível qualidade, no Coliseu Micaelense e no novo Teatro Micaelense que, após duas interrupções, uma em 1930 por causa de um incêndio e outra na década de noventa do século XX por inevitável decadência, reabriu as portas em Setembro de 2004. Isabel Albergaria Sousa

 

5.                   Teatro popular musicado

A prática do Teatro popular é descrita por inúmeras fontes antigas açorianas como sendo um dos principais espectáculos de entretenimento, sobretudo do povo, com maior incidência na ilha de S. Miguel. Apresentavam-se, quer sobre temática profana quer religiosa e realizavam-se ao ar livre, em pátios ou adros de igrejas. O seu embelezamento com momentos musicais é também mencionado como forma de assemelhar tais representações às vaudevilles francesas.

Nas primeiras décadas do século XX, com a abertura do Coliseu Avenida, na ilha de S. Miguel, inicia-se uma nova etapa do teatro popular com música, à semelhança do teatro de revista, tão em voga na capital portuguesa. A modernidade da nova casa de espectáculos permitiu que o teatro popular pudesse comportar proporções cénicas e de representação mais amplas e diferentes das habituais. Data do ano de 1923 a primeira representação de teatro popular musicado no Coliseu Avenida, intitulado Sem pés nem cabeça, em um prólogo e dois actos, com texto de José Barbosa (poeta e jornalista micaelense), música de Evaristo Sousa e cenários de Domingos Rebelo. O êxito do primeiro espectáculo fez com que tantos outros se seguissem como Lanterna mágica (1931), O país da graxa (1940), Manta de retalhos (1942), Aqui, Ponta Delgada (1946), Pé de vento (1947), Toma lá, dá cá (1950), Vai no balão (1951), Bota abaixo (1960), Tento na bola (1963) e Pontos nos ii (1965), com texto de José Barbosa e música de músicos locais como Ilídio de Andrade, Manuel Rui das Neves e Evaristo de Sousa. Contou ainda com Ramo de Hortências (1935) com texto de Victor Cruz e música de Evaristo de Sousa. Eram espectáculos que primavam pela sátira política e social da época, embelezados por melodias que ficavam no trauteio do público. Ana Gaipo

 

6.                   Filarmónicas

Segundo fontes históricas a instituição de formações musicais Filarmónica nas ilhas dos Açores remonta à década de 40 do século XIX, após a presença, em 1832 do Batalhão de Caçadores n.º 5 e do Regimento de Infantaria n.º 18 que acompanhavam D. Pedro IV aquando da sua visita à ilha de S. Miguel, que de imediato causaram admiração e interesse.

A primeira que se formou, instituída em 1845, foi a Sociedade Filarmónica Micaelense, seguindo-se século adiante, inúmeras sociedades harmónicas nas vilas e freguesias destacando-se as mais antigas, na ilha de S. Miguel, da vila da Lagoa, Vila Franca e Ribeira Grande, muitas delas possuindo mais do que um agrupamento. As filarmónicas constituíam-se de instrumentos de sopro de palhetas, metal e percussão. A sua actividade era direccionada sobretudo às classes populares, desempenhando-lhes funções recreativas e de sociabilidade e proporcionando-lhes a aprendizagem musical e instrumental, constituindo-se assim essencialmente de amadores, destacando-se a colaboração de músicos militares. A sua actividade, no século XIX e início do XX, circunstanciava-se à animação de concertos de música erudita e de teatro lírico, nomeadamente no entretenimento dos seus intervalos, festividades sacras (procissões) e profana (festejos populares). Hoje, circunscreve-se quase exclusivamente às festividades religiosas ou profanas das várias localidades. Ana Gaipo

 

7.                   Música Popular Urbana

A designação de música de popular urbana açoriana é atribuída a todas as composições que, além de serem compostas por músicos açorianos, assumem, quer na sua índole melódica como poética a «sonoridade», as vivências e os sentimentos dos ilhéus. São seus principais representantes Luís Alberto Bettencourt e José de Medeiros.

Ana Gaipo

 

Bibl.

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