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Lacerda, Hermenegilda Teles de

[N. Matriz, Horta, 30.6.1841 ? m. ibid., 9.8.1895] Escritora de valor e de fecundidade pouco vulgar (Lima, 1943: 563), cultivou a poesia, que trabalhou à maneira romântica da época, a ficção em prosa, a crítica literária e artística e a crónica de costumes, deixando numerosos artigos sobre as mais diversas matérias, dispersos nas páginas dos jornais açorianos e de alguns jornais e revistas do continente e do Brasil, entre 1858, ano em que se revelou como poetisa, e 1884, quando ficou viúva e silenciou a sua produção literária. Os jornais remuneravam a sua colaboração em prosa. Das novelas e peças teatrais que escreveu, o drama em três actos, Entre dois deveres, representado no Teatro União Faialense, em 1878, em benefício da Exposição Distrital da Horta, é a única editada. Segundo Silveira (1977: 141), como poetisa, não padeceu do abuso dos lugares-comuns da escola romântica e como prosadora também não se tornou ilegível, o que, todavia, não vale por dizer que tudo o que escreveu é bom.

Foi presença considerada de talento incontestável nas palestras do Gremio Litterario Fayalense.

Era bisneta de Manuel Inácio de Sousa e neta de Francisca Cordélia de Sousa.

A lista dita completa das suas produções encontra-se numa notícia biográfica escrita por Ernesto Rebelo no Archivo dos Açores, volume IX (Lima, 1922: 480). Luís M. Arruda

Obra. Teatro: (1875), Entre dois deveres. Horta, Typ. Hortense; A verdadeira nobreza; O apóstolo; Deus existe; e Heroismo de mulher. Romance: A mariquinhas da gruta; O eremita da ilha do Faial; Uma narrativa ao ar livre [editado, em folhetim, pelo jornal O Lagense em 1896 (cf. O Lagense, 13.6.1896)]; Uma recordação dos 14 anos; Da fatalidade à felicidade; A voz da natureza; Faze bem não olhes a quem; e O valle da feiticeira. No Brasil publicou a colectânea de poesia Horas crepusculares. Discursos: «Instrução» [pronunciado na inauguração solene do Gremio Litterario Fayalense (2.1.1875) depois impresso na Typ. Hortense, conjuntamente com a poesia «Longe da Patria»]; «Amor do proximo» [pronunciado no Gremio Litterario Fayalense (6.4.1875) depois publicado no Fayalense (25.4.1875)]; «1º de Dezembro de 1640» [pronunciado no Lyceu da Horta (1.12.1876)].

 

Fonte. Biblioteca Pública e Arquivo Regional da Horta, Registo de Óbitos, Matriz - Horta, Lv. 19, n.º 46.

 

Bibl. Biografia. Hermenegilda Lacerda (1948), O Telégrafo, Horta, n.º 14.400, 28 de Fevereiro. D. Hermenegilda de Lacerda (1895), O Telégrafo, Horta, n.º 566, 10 de Agosto [notícia da morte; inclui um bosquejo da sua obra (poesia, dramas, romances, discursos, folhetins e artigos)]. Experimentemos (1910), O Telégrafo, Horta, n.º 4.821, 12 de Março. Lima, M. (1922), Familias Faialenses. Horta, Tip. «Minerva Insulana». Id. (1943), Anais do Município da Horta. Vila Nova de Famalicão, Oficinas Gráficas Minerva. Silveira, P. (1977), Antologia de Poesia Açoriana do século XVIII a 1975. Lisboa, Sá da Costa.