Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Melo, Francisco Afonso da Costa Chaves

[N. Ponta Delgada, 24.8.1797 ? m. ibid., 14.1.1863] De uma das mais proeminentes famílias micaelenses foi morgado e grande proprietário, educado em Lisboa, mas sem qualquer grau académico. Voltou a Ponta Delgada em 1821 nos dias da revolução liberal que apoiou. Contestou os projectos para anulação dos vínculos e morgadios propostos por João Bento Medeiros *Mântua. No segundo liberalismo foi da linha moderada ou cartista, eleito deputado pela Província Oriental logo nas primeiras eleições de 1834, publicando no ano seguinte, conjuntamente com o outro colega cartista, Duarte Borges da Câmara e *Medeiros, uma memória apologética na qual expõe os trabalhos de ambos nas Cortes.

Em 1835 fundou o jornal cartista *O Constitucional Michaelense e em 1839 o Monitor (1839-1844), órgão do Partido Conservador. Voltou a ser eleito deputado, agora pelo círculo de Ponta Delgada, para a legislatura de 1840-1842 e foi governador civil do distrito de Ponta Delgada (26 de Outubro de 1842 a 17 de Junho de 1844).

Foi iniciado na Maçonaria, com o nome simbólico de Régulo, na Loja União Açoreana, em 1833, e pertenceu à Carbonária, em 1848.

Publicou alguns folhetos e deixou inéditas umas memórias das quais Francisco Supico publicou excertos e que são uma fonte interessante para a história política de S. Miguel. J. G. Reis Leite

Obras. (1821), Memória histórica sobre as ilhas dos Açores, como parte componente da Monarchia Portugueza, com ideias politicas sobre a reforma do governo portuguez e sua nova constituição. Lisboa, António Rodrigues Galhardo. (1835), Epitome das epochas e circunstancias mais notaveis do governo das ilhas dos Açores desde o seu descobrimento até 1835 sem contar a dominação dos Filipes. Lisboa, Imp. Patriotica. (1835), Memoria Apologetica dos Deputados pela Provincia Oriental dos Açores e offerecida aos seus constituintes. Lisboa, Typ. de Eugénio Augusto. (1872), Reflexões críticas d?um michaelense sobre o acordão, com que a Câmara de Ponta Delgada, chamando a si a venda exclusiva dos vinhos duplicou a sua imposição. Lisboa, Impressão Liberal. (s.d.), Resposta ao folheto intitulado «Fundamentos do projecto de decreto para a abolição dos vínculos na ilha de S. Miguel e mais ilhas dos Açores offerece ao soberano Congresso o deputado pela mesma ilha João Bento de Medeiros Mântua» Ilha de S. Miguel, 23 de Março de 1822. por um administrador. S.l. [possivelmente Inglaterra] [anónimo]. (s.d.), Desagravo dos michaelenses ou refutação ao folheto intitulado «Fundamentos ...», pelo Dr. João Bento de Medeiros Mântua por um michaelense amante da verdade. S.l. [Inglaterra].

Manuscritos. Vida de Francisco Afonso Chaves e Melo, por ele mesmo escrita (F. M. Supico, publicado em trecho no Almanack do Archipelago dos Açores para 1867: 102 e nas Escavações, 1995, Ponta Delgada, Instituto Cultural de Ponta Delgada, III: 1251-1252). Memória sobre o estado da cultura do pastel, renda, bicho da seda e escassez das amoreiras em S. Miguel (memória mandada pelo autor em 1822 à Sociedade Promotora da Indústria Nacional).

 

Bibl. Canto, E. (1890), Bibliotheca Açoreana. Ponta Delgada, Typ. do Archivo dos Açores, I: 113, 114, 348, 365, 433. Marques, A. H. O. (1997), História da Maçonaria em Portugal. Lisboa, Editorial Presença, III: 398. Silva, F. I. (1973), Dicionário Bibliográfico Português. 2.ª ed., Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, II: 322; IX: 246 e Aditamento: 133 [«Dicionário de Inocêncio»]. Supico, F. M. (1995), Escavações. Ponta Delgada, Instituto Cultural de Ponta Delgada, III: 1251.