[N. Pico da Pedra, Ribeira Grande, 2.3.1860 ? m. Bretanha, Ponta Delgada, 29.8.1914] Era filho de António Augusto da Mota Frazão (natural do Pico da Pedra) e de Francisca Ermelinda Moreira da Câmara (natural da vila de Lagoa). Casou, a 8 de Dezembro de 1887, com Maria Margarida Botelho Riley, filha de Carlos Guilherme Riley.
Até 1872 frequentou o ensino elementar no Pico da Pedra, passando depois a estudar no Liceu de Ponta Delgada até 1876, promovendo, nesse mesmo ano, a formação do grupo de académicos liceais denominado «Palestras Literárias», de vida efémera, e do qual foi presidente até ao Verão de 1876.
Nesse mesmo ano partiu para Coimbra onde concluiu os «Preparatórios» um ano depois. Em Outubro de 1877 matriculou-se na Faculdade Matemática da Universidade de Coimbra, com destino à Escola do Exército. Concluiu o curso de Engenharia Civil, em Lisboa, em 1883.
A sua vida profissional começou em Lisboa, num escritório de engenharia até Abril de 1884, quando seria contratado pela Companhia Nacional de Caminhos-de-Ferro (ainda em formação) para elaborar estudos sobre a construção do caminho-de-ferro que ligaria Foz-Tua a Mirandela. Em Novembro de 1884 era já chefe de secção no Caminho-de-Ferro do Sul e Sueste, ligada à construção do caminho-de-ferro do Algarve. Em Outubro de 1885, formada então a Companhia Nacional de Caminho-de-Ferro, Dinis Moreira da Mota é chefe da construção da linha de Mirandela, inaugurada em Outubro de 1887, com a presença do rei D. Luís e o príncipe D. Carlos. Em Novembro de 1890 inauguraria a linha de Santa Comba-Dão a Viseu.
Até 1892 esteve envolvido em muitos projectos ferroviários ao longo do país, como, por exemplo, o caminho-de-ferro da Beira Baixa.
No Verão de 1892, após 11 anos fora da sua terra natal, voltou a S. Miguel. Ocupou as terras de família e dedicou-se à agricultura, constituindo uma pequena unidade agrícola na Lagoa. O gosto pela agricultura deu origem à formação de um sindicato agrícola, novidade nacional.
Ainda em 1892 foi eleito deputado às Cortes pelo Partido Regenerador, tendo apresentado ao Parlamento o projecto de autonomia administrativa açoriana, elaborado em Ponta Delgada por seu irmão, Aristides Moreira da Mota, entre outros. Enquanto deputado dedicou, também, a sua atenção às questões do álcool, da navegação para os Açores e do cabo telegráfico submarino (que seria inaugurado a 27 de Agosto de 1893).
Em Fevereiro de 1896 passaria a exercer funções na antiga Direcção das Obras Públicas do Distrito de Ponta Delgada, ocupando o cargo de chefe da 2.ª secção de construção.
Entretanto, de Janeiro a Março de 1897, desempenhou funções nas Obras Públicas a cargo da Junta Geral (criadas pelo decreto autonómico de 2 de Março de 1895). A partir dessa data foi nomeado engenheiro-adjunto do director das obras do porto artificial de Ponta Delgada e, posteriormente, em Agosto de 1898, seu director efectivo. O seu projecto para as obras do porto artificial, considerado pouco usual para a época, foi aprovado a 27 de Março de 1901 e as obras prosseguiram até 1910, quando as verbas começaram a escassear. Não se poderá, porém, descurar o seu valioso contributo para a construção daquele porto artificial.
Enquanto director das Obras Públicas do Distrito dedicou atenção à reparação e à construção dos portos açorianos (construiu, por exemplo, em 1904, o porto das Pipas, em Angra do Heroísmo), e à construção de edifícios como o Observatório Magnético, na Fajã de Cima, e um novo corpo para a Biblioteca Pública de Ponta Delgada.
A partir de 1910 voltou a acumular funções nas Obras Públicas do Distrito e nas da Junta Geral.
No âmbito das obras da Junta Geral dedicou especial atenção à reparação das estradas, visitando pessoalmente o estado delas. Seria numa dessas visitas, à ponte de Santo António da Bretanha, em 1914, que morreria, subitamente.
Os seus projectos como engenheiro não se restringiam puramente a sucessos técnicos, pois em muitos trabalhos demonstrou, também, preocupações urbanísticas e paisagísticas que ainda hoje marcam a ilha de S. Miguel. Foi por sua iniciativa e projecto que se iniciou a plantação de várias espécies de árvores nas Pedreiras da Doca, dando origem a um parque que, durante muitos anos, foi conhecido como «Parque de Dinis Mota». Do mesmo modo projectou a plantação de árvores e a construção de casas de veraneio nas faixas laterais ao longo do areal de S. Roque (hoje zona das Praias do Pópulo e Milícias).
Outros projectos nunca foram levados avante. É o caso do grande projecto de construção de um caminho-de-ferro que ligaria Ponta Delgada, a Povoação e a Ribeira Grande, que, embora aprovado pelas Cortes e pelo Governo, localmente nunca teve desenvolvimento.
Muitos foram, igualmente, os trabalhos que desenvolveu gratuitamente como o arranjo da Rua do Corpo Santo, varadouro de S. Francisco e esplanada do Castelo de S. Brás.
Fez parte das comissões organizadoras das duas exposições distritais de artes e indústrias que decorreram em Ponta Delgada nos anos de 1895 e 1901. Neste último ano, colaborou também nos preparativos de recepção do rei D. Carlos e da rainha D. Amélia.
Em 1901 e de 1903 a 1912 foi professor provisório de Ciências no Liceu de Ponta Delgada.
A sua faceta benemérita também se manifestou largamente. Foi um grande protector da associação «O Século XX», uma associação de «caridade promotora de instrução», fundada em 1901, por ocasião da visita régia a S. Miguel, que asilava e instruía crianças de ambos os sexos. Foi, até morrer, primeiro, vice-presidente e, depois, presidente da associação.
Quando morreu desempenhava, cumulativamente com as outras funções de engenheiro, o cargo de Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada. Ana C. Moscatel Pereira
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