1 «Semanario recreativo e noticioso», era publicado em Ponta Delgada e iniciou a sua actividade no dia 3 de Março de 1880. Foi seu proprietário e redactor Augusto da Silva Moreira e seu editor João José dos Ramos e Cunha. Saía às quartas-feiras e foi impresso inicialmente na Tipografia Açoriana, propriedade de Manoel Corrêa Botelho, sita à rua da Esperança, n.º 33. A partir do n.º 4, de 30 de Abril de 1881, passou a ser impresso na Tipografia Recreativa Luso-Americana, propriedade de Augusto da Silva Moreira.
O seu programa apresentava um jornal desprendido das questões políticas: «Sae, hoje, á luz da publicidade este novo semanal. Como se vê, pelo título, o Noticiarista é despido de tudo o que se pareça com politica; só e unicamente se dedicará a dar aos seus assignantes, uma revista municiosa, não só das noticias que ocorreram neste archipelago, como tambem no continente e estrangeiro. Será recreativo e instructivo, respeitará a religião e a vida privada: eis o nosso proposito».
A partir do n.º 3, já publicado em 1881, o jornal adopta um novo formato, mais pequeno e só com uma folha, e um novo grafismo. Mas também alterou os seus objectivos de trabalho, passando a constar do cabeçalho ? «O Noticiarista. Revista especial, para Portugal e Brazil. Publicado, à ultima hora, da saída dos Paquetes».
O jornal também explica o hiato entre os dois primeiros números de 1880 e o retomar somente em 1881: «Depois de algum tempo de suspensão, sáe, d?ora em deante, este periodico á saida dos paquetes de esta Ilha para o Continente e Brazil. A?s Illustres Redacções, a quem o enviamos esperamos o favor da troca».
Terá terminado com o n.º 9, de 17 de Julho de 1881.
2 Jornal da Ribeira Grande, ilha de S. Miguel, o seu número 1 data de 2 de Janeiro de 1882. Era propriedade da dupla Castro & Albergaria e foi impresso na Tipografia Ribeira-Grandense, sita à rua Direita, n.º 10, até Março de 1882, à rua do Arco, n.º 1, até Agosto de 1882, à rua do Botelho, até Janeiro de 1884 e, depois, novamente na rua Direita. Em Abril de 1884 o jornal passa a imprimir-se em tipografia própria ? Tipografia do Noticiarista, sita à rua Direita.
Manuel de Frias Castro, um dos co-proprietários, foi seu editor até Fevereiro de 1891, data em que passa a edição para as mãos de Manuel A. da Ponte, ficando somente com a propriedade do jornal.
Apesar de não descurar algumas críticas ao estado do regime monárquico à altura, O Noticiarista era declaradamente um jornal de facção progressista, como denotam os vários apelos ao voto por aquele partido, o «verdadeiro partido da ordem, da moral e da economia», e as críticas aos regeneradores a quem nomeava de «traficantes, corruptos e devassos» que assinalaram «a sua passagem pelo poder com desperdicios, esbanjamentos, immoralidades e injustiças!». De facto, o próprio jornal advogava-se como o «propugnador constante da causa progressista» na então vila da Ribeira Grande.
O seu objectivo era, disseram-no por altura do seu quarto aniversário (Janeiro de 1885), «noticiar o que houver de mais importancia, advogar o que puder convir aos interesses d?esta terra e fustigar o que se possa parecer com favoritismos, injustiças e prepotencias». Porém, o próprio jornal reconhecia, pelo menos nos três primeiros anos de vida, que as notícias eram poucas e que ao nome do projecto se haviam furtado um pouco, mas, afirmavam, «à escassez das mesmas se deve tal deficiencia».
Outra dificuldade sentida nas páginas de O Noticiarista relaciona-se com problemas de composição e impressão, ou seja, a falta de recursos humanos e técnicos necessários. O resultado foi a irregularidade da sua periodicidade e da sua composição, ora aparecendo com mais ou menos folhas que o número anterior ou em dia sem sequência. A redacção era a primeira a admitir a falha, pois são inúmeros os pedidos de desculpa pelo facto aos assinantes do jornal. A irregularidade também se constata na oscilação do formato/tamanho a adoptar, pois se, em Janeiro de 1886 e de 1888, o jornal opta por um formato maior e um novo grafismo, a verdade é que essa opção nem sempre era respeitada. Poderá ter contribuído, igualmente, para essa instabilidade a falha dos pagamentos das assinaturas, fonte principal da sua sobrevivência económica, e que muitas vezes constava das suas páginas. Essas dificuldades obrigariam, em Abril de 1889 (n.º 347), a um interregno de três anos na publicação, voltando O Noticiarista à luz do dia a 4 de Fevereiro de 1891, com o n.º 348. Na justificação para uma paragem tão longa referia-se «a falta de empregados typographicos» como a principal causa para o facto. Ana C. Moscatel Pereira
Bibl. Imprensa Periódica dos Açores (1982) In Arquivo dos Açores. Ponta Delgada, Universidade dos Açores, VIII. O Noticiarista (1880-1881), Ponta Delgada. O Noticiarista (1882-1891), Ribeira Grande.