Propriedade de José Maria de Sousa & C.ª, «Periodico de noticias, romances e annuncios», saiu pela primeira vez no dia 1 de Junho de 1876. Foi primeiramente impresso na Tipografia da Crónica dos Açores, sita à rua da Cruz, n.º 19, mas a partir de Setembro de 1876 passou a ser impresso na Tipografia do Amigo do Povo, na rua de Santo André, n.º 105.
Jornal recreativo, sem ligações políticas e sem pretensões jornalísticas, foi assim que o jornal se apresentou: «Humilde e despretenciosamente nos apresentâmos ao publico. Não temos a vaidade de suppor que vimos occupar distincto lugar na imprensa; não trazemos compromissos politicos ou partidários; não nos anima a idéa de tornar a penna um instrumento de paixões ou vindictas. Aqui respeitar-se-hão todos, e todas as opiniões. O nosso proposito único é o de proporcionar às classes menos abastadas uma leitura amena e util; pondo os nossos assignantes ao corrente do que se passa por esse mundo. Assim, singello e desenfeitado é o nosso programma».
O Noticioso e Romântico dava notícias, locais e estrangeiras, anúncios mas também fornecia 16 páginas de romances «organizados de sorte aos assignantes poderem formar volumes, dando-se as competentes capas no fim de cada volume». Assim, o jornal apresentava uma folha com anúncios (frente e verso) e uma segunda folha com o romance em formato que permitia a sua dobragem em livro. A primeira publicação ao nível dos romances coleccionáveis foi a obra de Joaquim Cândido Abranches, Lucubrações Litterarias.
Porém, o formato adoptado originalmente parece não ter tido grande aceitação por parte do público, por isso, o jornal alterou-o: «resolvemos dar hoje o nosso periodico em outro formato, para irmos d?accordo com os desejos de muitos dos nossos caros leitores a cujas solicitações attendemos, visto que de maneira alguma se lhes torna prejudicial; e o motivo que nos leva a isto, foi o vermos que a maior parte dos nossos assignantes, não se queriam dar ao encommodo de dobrar a segunda folha das nossas ultimas publicações romanticas». Mas no mesmo artigo transparecem as dificuldades e o desânimo que o jornal sentia: «Temos lutado com dificuldades superiores às nossas forças; comtudo ainda os sacrificios que já temos feito, nos não abateram o animo nem nos quebrataram a vontade. Não existe contrariedade por mais ferrenha que seja, que uma vontade robusta a não vença, e é pois que esperançados na generosidade e patrocinio do publico, que ainda não dasanimámos da empreza que tomámos a nossos hombros, n?uma epocha tão critica como a que atravessamos».
Mas apesar do optimismo, o jornal não continuou a sua publicação por muito mais tempo, tendo terminado com o n.º 23, de 16 de Dezembro de 1876. Ana C. Moscatel Pereira
Bibl. Andrade, M. J. (1994), Jornais Centenários dos Açores. Ponta Delgada, Presidência do Governo da Região Autónoma dos Açores/Gabinete do Subsecretário Regional da Comunicação Social: 69. Imprensa Periódica dos Açores (1982) In Arquivo dos Açores. Ponta Delgada, Universidade dos Açores, VIII. O Noticioso e Romântico (1876), Ponta Delgada.