Folha politica, semanal foi um semanário publicado em Ponta Delgada a partir de 10 de Maio de 1888. Saía às quintas-feiras e foi seu redactor e proprietário António Correia de Mendonça até ao seu número 215 (18 de Agosto de 1892), quando a propriedade do jornal passou para as mãos de Augusto José da Silva, que já havia assumido a administração do mesmo em Fevereiro daquele ano. Foi seu editor Francisco d?Almada Pacheco. A partir de Fevereiro de 1892 passou a fazer parte da redacção do jornal Carlos Augusto Carneiro Zagallo e Mello. Foi impresso na Typo-Lytographia dos Açores (comprada por Pedro Couto da Silva em Dezembro de 1888), que esteve inicialmente situada na rua do Sampaio, n.º 29, passando em Abril de 1890 para a rua de Santa Luzia, n.os 37 e 39. Em Janeiro de 1891 passou a ser impresso na Typographia Minerva, sita à rua da Misericórdia, n.º 28 e 30, propriedade de Nuno Cordeiro.
O Pai Paulino foi um jornal de linguagem forte e combativa. Fez a sua apresentação e exposição de programa em verso, dos quais destacam-se as afirmações de que amava o Partido Republicano e de que odiava a sério o «Marianno do Ministério», referindo-se ao então ministro Mariano de Carvalho.
O seu redactor principal, Correia de Mendonça, que foi secretário do Centro Republicano Federal de Ponta Delgada, assinava quase todos os seus artigos com o pseudónimo de Clara Bóia. António Correia de Mendonça foi igualmente proprietário dos jornais A Ilha e director do Diário de Anúncios. Francisco Maria Supico traçaria o seu retrato, em 1909, como «um tanto ou quanto boémio, literário», dizendo que fora «jornalista grave e satírico, poeta e artista, sabendo-se servir da pena por modo que teve sempre no público boa roda de apreciadores» e que se retirara «há pouco para o Brasil a procurar o que aqui poderia ter sem maior esforço, se soubera utilizar o tempo e talento».
Por recorrer a linguagem forte e a afirmações perigosas, O Pai Paulino cedo arranjou inimigos. Em Maio de 1888, por ter chamado de ladrão ao Governo, corria já o boato de que o jornal iria ser processado. A resposta não tardou, aparecendo também em verso: «Muito embora processem Paulino/ Nunca, nunca de certo verão/ Que o Paulino se cale e não diga/ Que o Governo que rouba a Nação!» Sem medo, o jornal continuou a publicar afirmações do género «o Governo progressista é protector de ladrões e contrabandistas», «sucia de falsarios, contrabandistas e malandros que se chamam progressistas», «Povo! Abaixo a granja maldita!» ou «o partido progressista de S. Miguel desapareceu, deixando em seu logar uma quadrilha de salteadores».
Para além dos problemas legais, essa linha agressiva de publicação também lhe valeu graves questões com os órgãos de comunicação de outras facções políticas. Foi o caso do jornal Opinião Pública, tendo mantido conversa activa com o alferes Joaquim Zeferino de Sequeira Moraes a quem chamou de «misero cavallo lazarento» e «frasquinho de veneno apellidado». Foi igualmente o caso de Manuel Augusto de Tavares Resendes, do Diário dos Açores e do Povo Açoriano, e Armando da Silva do Correio Michaelense e da Rabeca do Diabo. Este último mereceu por parte d?O Pai Paulino a seguinte descrição: «O pulha da Rabeca, o sebento Armando da Silva, esse garoto infame que quando não era testa de ferro de ninguem dormia nos bancos do campo de S. Francisco [...]».
Aquando das eleições de Março de 1890, ganhas pelos regeneradores, O Pai Paulino defendeu a causa regeneradora, na pessoa do Conde da Praia e de Monforte, e atacou inúmeras vezes os progressistas, nomeadamente o presidente do partido em S. Miguel, José Maria Raposo do Amaral. É exemplo disso, um pequeno anúncio publicado pelo jornal em Abril de 1889: «São por este meio convidados todos os parentes do digno par do Reino Sr. José Maria Raposo d?Amaral, até ao 4º e 5º grau, que ainda não tenham sido empregados pelo Governo, ou pela Câmara Municipal, Junta Geral etc. a apresentar os seus requerimentos, devidamente documentados (basta certidão de parentesco) isto, com a maior urgencia, a fim de que ainda n?este consulado granjola possam ser arrumados convenientemente. Lembra-se-lhes que isto está por um fio! Não há tempo a perder!».
O Pai Paulino foi igualmente defensor das questões operárias. Em Maio de 1890, publicava um artigo onde defendia que era «nocivo para a vitalidade das sociedades o atrophiamento das classes productoras por um trabalho demasiadamente prolongado e violento».
Terminou a sua publicação em 1893. Ana C. Moscatel Pereira
Bibl. Andrade, M. J. (1994), Jornais Centenários dos Açores. Ponta Delgada, Presidência do Governo da Região Autónoma dos Açores/Gabinete do Subsecretário Regional da Comunicação Social: 16. O Pai Paulino (1888-1893), Ponta Delgada. A Rabeca do Diabo (1889), Ponta Delgada, n.º 5, 1 de Dezembro. Id. (1889), Ponta Delgada, n.º 7, 15 de Dezembro. Supico, F. M. (1995), Escavações. Ponta Delgada, Instituto Cultural de Ponta Delgada, III.