Semanário político de Ponta Delgada, iniciou a sua circulação a 1 de Janeiro de 1862. Fundado por José Inácio Rebelo de Medeiros, que morreria em Agosto de 1872, em parceria com seu irmão, Francisco Inácio Rebelo, tipógrafo de profissão, teria como editor Francisco Moniz de Medeiros Pontes até 1910, data em que assume a edição Ruy da Paz Moraes. Em 1910 dá-se igualmente a mudança da sede da administração do Campo de S. Francisco para o Largo Mártires da Pátria, n.º 5.
Até 1867 imprimiu-se em tipografia própria, sita à rua de São Francisco, n.º 16, passando depois pela Tipografia Auxiliadora das Letras Açorianas, na rua da Alfândega, pela Tipografia de Manoel Corrêa Botelho, pela Tipografia Imparcial e, a partir de 1909, pela Tipografia de Ruy da Paz Moraes, na rua do Teatro, n.º 12.
Em Fevereiro de 1867, face à intenção dos irmãos Rebelo em terminar o projecto, o título e propriedade do jornal passariam para as mãos de Francisco Maria Supico, que exercia as funções de redactor principal desde 1865 e, como se disse na altura, «quem por cinco annos, e com a melhor vontade, teve gratuitamente todo o trabalho de redacção».
Até 1870, A Persuasão pautou-se pela política histórico-progressista, mas a partir daquela data passou a defender o Partido Regenerador e as políticas de Fontes Pereira de Melo, desempenhando, de 1870 a 1895, o papel de órgão oficial daquele partido em S. Miguel. A partir de 1896, porém, e dadas as conquistas que entretanto se haviam conseguido ao nível da autonomia administrativa dos Açores, o jornal esfriou as suas anteriores ligações políticas e passou a ser um acérrimo defensor dos ideais do movimento autonómico, para o qual contribuiu de forma decisiva.
Mas, A Persuasão não foi somente um semanário político. Outras contribuições legaria o jornal e o seu proprietário ao futuro. De facto, não poderá passar despercebida a publicação, entre 1895 (n.º 1742, de 5 de Junho) e 1911 (19 de Abril), numa secção semanal, de breves notícias históricas intituladas «Escavações», com o intuito de relembrar os «factos passados n?esta terra há pouco mais de um seculo». A sua importância e relevância para o futuro seriam imediatamente reconhecidas, como constatou um colega de profissão, O Preto no Branco, que, ao referir-se às «Escavações», diria que eram uma «série de curiosas notícias e valiosas informações de carácter puramente local», afirmando que Supico prestava, assim, um «indubitavel serviço em colligir e archivar, nas columnas do seu semanario, as noticias avulsas relativas à vida publica michaelense».
Em Maio de 1911 morria Francisco Maria Supico. O n.º 2567, datado de 10 de Maio de 1911, e que viria a ser o último número do jornal, trajou luto pelo jornalista e proprietário de A Persuasão. Exibia no seu cabeçalho «Fundador ? FMSupico», passando a constar como proprietário Manuel Pereira de Lacerda e como editor Laurénio Vieira. O último número apenas daria uma pequena nota de Pereira de Lacerda dizendo que «A Persuasão suspende por tempo indeterminado». Ana C. Moscatel Pereira
Bibl. Andrade, M. J. (1994), Jornais Centenários dos Açores. Ponta Delgada, Presidência do Governo da Região Autónoma dos Açores/Gabinete do Subsecretário Regional da Comunicação Social: 513. Imprensa Periódica dos Açores (1982) In Arquivo dos Açores. Ponta Delgada, Universidade dos Açores, VIII. A Nova (1902), Ponta Delgada, 23, 26 de Outubro. A Persuasão (1862-1911), Ponta Delgada. O Preto no Branco (1896), Ponta Delgada, 2, 9 de Janeiro. Riley, C. G. (2001), Na Botica da História In Índice das Escavações de Francisco Maria Supico. Ponta Delgada, Instituto Cultural de Ponta Delgada: XIII-XXV. Supico, F. M. (1995), Escavações. Ponta Delgada, Instituto Cultural de Ponta Delgada, II.