Semanário publicado em Ponta Delgada a partir de 2 de Janeiro de 1896, foram seus editores Francisco de Almada Pacheco (até Julho de 1896), J. Simões de Almeida (até Setembro de 1898) e Eugénio Pacheco. Foi impresso na Imprensa de Eugénio Pacheco, sita à rua de Margarida de Chaves, 36. Na mesma morada estava sedeada a administração do jornal. A partir de Outubro de 1896 a redacção e a administração passariam para a rua Direita do Perú, n.º 57, passando a Imprensa de Eugénio Pacheco igualmente para a mesma morada.
O seu programa apresentava um jornal voltado para as questões públicas, mas a quem interessavam também as questões de carácter político. A sua afirmação política passou por uma crítica ao regime monárquico em geral, «cousas prestadias outrora», por uma crítica fortíssima ao governo de João Franco, «governo tão odiado pelo seu caracter absolutista, [...] despresivel pela sua inepcia politica e pela sua immoralidade administrativa», e por uma apologia à democracia: «esta modesta folha se orienta no sentido definitivamente democrático». Defensor da autonomia administrativa açoreana, essa defesa democrática ficaria melhor definida no seu número 2 quando afirmou que «só os republicanos federaes, que, de longa teem inscripto no seu programma o lemma da autonomia açoreana, só elles poderão realisar esse desideratum grandioso, por ora sem solução» e que «o complemento da autonomia ? a federação açoreana ? tambem a elles pertence por exclusivo». Essa mesma certeza voltaria a ser reafirmada no número seguinte: «E? trabalho esse que está reservado para o Partido Republicano Federal, quando as instituições do paiz desabem pela sua propria podridão ao grito de justiça dos povos».
Essa defesa do sistema republicano originou uma troca de artigos entre o Preto no Branco e O Norte, jornal publicado na então vila da Ribeira Grande, ilha de S. Miguel, que incidiram sobre a compatibilidade do regime republicano e a Igreja e Religião.
Mas o jornal não se dedicou somente às questões políticas. Também tinha uma grande componente cultural e literária. Salientamos, como exemplo dessa preocupação, a publicação, entre 1896 e 1897, das Notícias sobre as Egrejas e Ermidas da Ilha de S. Miguel, escritas por Ernesto do Canto para o jornal.
O seu último número (161) data de 26 de Janeiro de 1899 e os responsáveis pelo jornal justificaram a sua suspensão afirmando que «a crise que atravessa a imprensa local, manifestou-se mais grave nesta publicação, cuja indole, independente e severa, se não prestava ás transigencias amparadôras». Ana C. Moscatel Pereira
Bibl. O Preto no Branco (1896-1899), Ponta Delgada.