«Semanário satírico e burlesco em prosa e verso» publicado em Ponta Delgada, os seus «tocadores» eram identificados através de nomes sugestivos e igualmente burlescos como «Plutão, Lusbel, Asmodeu, Lúcifer e Satanás».
Iniciou a sua circulação no dia 20 de Outubro de 1889, publicando-se ao domingo. Imprimiu-se na Tipografia do Correio Michaelense, sita à rua do Sacco, n.º 10. Foi seu director Armando da Silva.
No seu primeiro número, A Rabeca do Diabo afirmava que vinha colmatar uma lacuna no «campo arriscado e escorregadio da imprensa satírica» e proclamava que o seu objectivo era «dizer ao povo as verdades nuas e cruas, taes quaes elas são, dando aos abusos de uns taes, e às canalhices duns outros, os seus verdadeiros nomes».
Jornal de facção progressista, várias vezes apelou ao voto dos micaelenses e criticou fortemente os jornais apoiantes de outras facções políticas, a quem se referia como «pasquineiros serpífios e pifios», como era o caso do Campeão Popular, apelidado nos seus artigos de «Lampião Popular», que era apontado como o «verdadeiro órgão da serpeida», e O Pai Paulino, apelidado de «Pae Porco». Esta última expressão daria origem a uma troca acesa de insultos públicos entre Correia de Mendonça, d?O Pai Paulino, e Armando da Silva. Correia de Mendonça não ficaria atrás na questão dos insultos e apelidaria o director da Rabeca de «o pulha da Rabeca», «o sebento Armando da Silva, esse garoto infame que quando não era testa de ninguem dormia nos bancos do Campo de S. Francisco».
De facto, a linguagem utilizada pel?A Rabeca do Diabo só poderia ter originado igual resposta nos seus adversários, uma vez que a criação do jornal teria sido uma estratégia do Partido Progressista de S. Miguel para a batalha das eleições do ano de 1889.
Nesse sentido, é explicável as fortes alusões e críticas, muitas vezes de nível bastante pessoal, ao Conde da Praia e Monforte, líder dos Regeneradores de S. Miguel, a quem a Rabeca rotulava de «Conde da Mão Forte» e quem declarara hostilidades de forma explicita: «Ao sr. Conde da Mão Forte, actual chefio desse grupo de vilões, e quem certamente autoriza os ataques porcos que, todos os dias, faz aos contrarios a sua immunda imprensa, nos dirigimos directamente [...]». Ana C. Moscatel Pereira
Bibl. Andrade, M. J. (1994), Jornais Centenários dos Açores. Ponta Delgada, Presidência do Governo da Região Autónoma dos Açores/Gabinete do Subsecretário Regional da Comunicação Social: 12, 15. O Pai Paulino (1889), Ponta Delgada, n.º 53, 10 de Maio. Id. (1889), Ponta Delgada, n.º 57, 6 de Junho. Id. (1889), Ponta Delgada, n.º 58, 13 de Junho. Id. (1889), Ponta Delgada, n.º 82, 6 de Dezembro. A Rabeca do Diabo (1889), Ponta Delgada.