Semanário político de Ponta Delgada, A República Federal foi o órgão oficial do Centro Republicano Federal de Ponta Delgada. Iniciou a sua publicação no dia 17 de Abril de 1880 e terminou-a com o número 434 a 28 de Agosto de 1888.
Imprimiu-se, inicialmente, na Tipografia Açoriana, depois passaria para a Tipografia Minerva, sita à rua da Misericórdia, n.os 28-30, e depois na Tipografia Popular, sita à rua da Canada, n.os 25 e 27.
Foi seu redactor principal Caetano Moniz de Vasconcelos até ao início de 1888, data em que deixou o jornal para ir residir na Horta, ilha do Faial. Foram seus editores Manoel Corrêa Botelho, Venâncio de Sousa Benevides, Manoel Augusto Tavares de Resende e Francisco d?Almeida Pacheco.
Os artigos e notícias de A República Federal deixam transparecer o percurso do movimento e dos ideais republicanos na ilha de S. Miguel e na própria região. Muitos deles incidem, também, em fortes críticas ao clero e aos liberais monárquicos no poder. Para dar a conhecer o trabalho dos republicanos, o jornal publicava uma rubrica intitulada «Os Deputados Republicanos. Discursos e propostas» onde se transcreviam as intervenções de ilustres como Manuel de Arriaga, bem como artigos de Brito Camacho.
A República Federal, para além de ser um órgão oficial de um partido político, sustentava ainda uma causa social. Era o jornal que sustentava monetariamente uma escola nocturna, a Escola Mártires da Pátria, fundada em 1884 por subscrição com as receitas das suas assinaturas. Esta responsabilidade social foi uma das suas grandes preocupações quando terminou a sua publicação, uma vez que o jornal «dava ainda para as despesas», mas não conseguia as «sobras com o que se sustentava há annos a escola nocturna».
A saída de Caetano Moniz de Vasconcelos, que havia sido membro da Comissão Executiva do Centro Republicano Federal de Ponta Delgada, foi um rude golpe para a manutenção do projecto, algo que os próprios responsáveis já haviam admitido, dizendo que ficara «a existencia d?este jornal atacada d?uma doença que se não for mortal será de vida angustiada», confirmando que «a lacuna que n?elle deixou aquelle caracter inquebrantavel, aquella vontade de ferro só pelo mesmo poderá ser preenchida».
Ao terminar a sua publicação, alguns colegas de profissão não deixaram de constatar a perda que era para a imprensa periódica micaelense o seu terminus. Assim fez O Pae Paulino que, ao constatar com pena o último número daquele jornal, afirmava que A República Federal mantivera «sempre um caracter levantado e digno que lhe rendeu a estima e respeito de todos os collegas que unanimamente se confessam hoje penalisados pela sua suspensão». O Pae Paulino acrescentaria ainda alguns pormenores referentes a esse final, referindo que «há dois annos que os seus directores luctavam com difficuldades» para manter o projecto, dificuldades que se haviam agudizado com «a ausencia do sr. Caetano Moniz» e «eis porque acabou aquella folha que dava honra á imprensa michalense». Ana C. Moscatel Pereira
Bibl. Andrade, M. J. (1994), Jornais Centenários dos Açores. Ponta Delgada, Presidência do Governo da Região Autónoma dos Açores/Gabinete do Subsecretário Regional da Comunicação Social: 513. Imprensa Periódica dos Açores (1982), In Arquivo dos Açores. Ponta Delgada, Universidade dos Açores, VIII. O Pae Paulino (1888), Ponta Delgada, n.º 18, 6 de Setembro. A Republica Federal (1883-1888), Ponta Delgada.