Caraterização:
As festas do Espírito Santo são um denominador comum a todas as ilhas do arquipélago dos Açores, porém é notória a diversidade de formas que assume de ilha para ilha e mesmo dentro de cada ilha há diversidade.
Nas Sete Cidades, a decoração dos carros de bois e a preparação das chavelhas, decoradas com flores de papel, remetem-nos para a arte popular de recorte de papel que se fundamenta na arte conventual, e utiliza a técnica de junção de flores na construção de simbolismos e cenários bíblicos. As flores elaboradas com recurso ao corte de tiras de papel, linha e alambre formam o padrão que dá forma ao simbolismo bíblico pretendido. Para a execução das chavelhas Maria de Jesus Costa, conta com o apoio da sua filha Maria Adelaide Costa, assim como dos restantes membros da família, que cumprem um papel crucial na decoração do carro de bois, composto por arcos, bandeiras e fronteira. Para iniciar o processo, a imagem pretendida é transferida em suporte de papel para a base em madeira da chavelha, seguindo-se a elaboração de inúmeras flores feitas em papel com diferentes cores que criam o motivo. A chavelha junta-se por fim ao conjunto do carro de bois, como peça sublime de um decorativismo celestial de objetos mundanos e anacrónicos, como é a sebe, a canga e a chavelha.
Historial:
O carro de bois é desde cedo uma ferramenta fundamental no quotidiano rural do povo açoriano, sendo elemento indispensável nas tarefas da terra, assumindo um papel teatral nos festejos. A elaboração da chavelha para as festas do Espírito Santo representa, de um modo simbólico, a relevância atribuída a esta entidade divina. O objeto assume dimensões desproporcionadas quando comparado com o utilizado nas normais tarefas realizadas pela junta de bois. A sua preparação assume particularismos de freguesia para freguesia, sendo característico nas Sete Cidades, o uso de chavelhas circulares preenchidas com flores de papel representando um figurismo muitas vezes simbólico das festas do Espírito Santo.
A elaboração das chavelhas festivas do Espírito Santo, manifesta-se nas localidades onde há uma forte vivência da religiosidade por parte da comunidade, associada às capacidades artesanais de decoração de chavelhas, carros de bois e quartos do Espírito Santo de alguns dos seus habitantes.
Para a família Costa, o hábito de fazer as chavelhas para as festas do Divino Espírito Santo, iniciou-se por volta de 2009, quando uns amigos do senhor Januário Costa, da freguesia de Bretanha, sabendo das capacidades artísticas e artesanais da sua família (principalmente da sua esposa Maria de Jesus Costa e filha Maria Adelaide Costa) o desafiaram a elaborar uma chavelha para as festividades daquele ano, sendo a partir dai recorrente o envolvimento destes na preparação de chavelhas tanto para cortejos na freguesia de Sete Cidades como em localidades vizinhas.